terça-feira, março 27, 2007

A Caixa

Não dou títulos
Recebo-os pouco
Meto-me a besta.
Entre palavras
Finjo-me louco.

Nesta Caixa
Preservo as mentiras
D’algumas poesias
Que em lágrimas baixas
Saúdam fantasias.

M.M

segunda-feira, março 19, 2007

Caráter e Ocasião

Cá estou: cabeludo, barbado, gordo, entediado, cansado, sem dinheiro e, o pior, sóbrio. Tem uma bebida ali no canto da sala feita na fazenda do meu pai, que ganhei de presente de natal, mas perdi a coragem de bebê-la desde o dia em que precisei fazer uma fogueira e, na falta do álcool, usei-a sem esperar que teria tanto êxito com o que pretendia. Ninguém topou tomá-la naquela noite.
Na falta do que fazer, vou dissertar sobre coisas.


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As pessoas, quando querem defender umas às outras, acabam esquecendo que todos neste mundo possuem defeitos e qualidades que nos tornam diferentes em vários ou quase todos os aspectos. É claro que, ainda assim, as afinidades (positivas ou negativas) também nos igualam (e nos unem) em certas ocasiões.


Levando em consideração que vivemos num momento em que um grupo maior de pessoas respeita as diferenças existentes naquele meio e que, por mais que haja alguma insatisfação em praticar isso (ou você nunca quis matar alguém?), a maioria dos direitos assegurados a essas pessoas são mantidos entre elas e também pela esfera governamental (de certa forma), eu formulo a seguinte questão: por que garantir os direitos civis, os quais envolvem todos aqueles inerentes a um povo subjugado por um Estado ocidental ou com características ocidentais, ou seja, pela democracia em si, para cidadãos que não se adéquam às regras aceitas e praticadas pela maior parte das pessoas integrantes desse sistema? Melhor dizendo, por que permitir que um jovem com caráter visivelmente corrupto (não usei a palavra “corrompido” porque não acredito que o meio seja determinante na formação do caráter de uma pessoa) seja inserido na sociedade após alguns poucos anos de detenção? Ou que um ladrão/assassino cumpra a maior parte de sua pena em regime semi-aberto e afins?


Infelizmente esses tumores sociais estão cada vez mais presentes e incontroláveis, talvez por conta do crescimento desordenado das cidades, mas acredito que existem apenas duas soluções plausíveis e que de certa forma merecem ser bem avaliadas: 1) descobrir um novo “Novo Mundo”, exterminar a população nativa, estabelecer colônias de exploração para abrigar os nossos criminosos e fazer comércio de matéria-prima para produção de bens de consumo, como computadores e automóveis; 2) mais prática, minha segunda opção sugere menos investimentos em presídios em troca de construções de Centros de Execução e Combate ao Crime – CECCRIM (gostaram?), onde os criminosos julgados por um júri popular seriam submetidos à pena de morte, amputação de membros ou tratamentos alternativos, como paralisia das pernas. Eu, pra falar a verdade, sou adepto da idéia de que “bandido bom é bandido morto”.


É, mas alguém, aquele do primeiro parágrafo e que chamarei de Fulano, levanta a dúvida sobre o direito do Estado de tirar a vida de alguém, argumentando os tais Direitos Humanos. Infelizmente esses “direitos” não são levados em consideração no momento em que o cano do revólver está apontado para a testa da vítima, portanto se não há o aceite e prática em ambos os lados, então considero que de fato eles (os “direitos”) não podem ser aceitos como argumentos.


Mas Fulano é persistente e exige compreensão da minha parte, pois na verdade os infratores são vítimas de uma política social negligente, falta de escolas, saúde e oportunidades de ascensão profissional, dada a incapacidade técnica. Certo, mas segundo o site do Ministério da Educação (http://portal.mec.gov.br/) nós temos 33,2 milhões de alunos matriculados no ensino fundamental, sendo que desse total apenas 3,4 milhões estudam em escolas privadas, o que leva a entender que a educação pública ainda atende a população, mesmo que não seja da forma como gostaríamos que fosse. Além disso, a falta de instrução formal não implica violência e atitudes criminosas. Pobreza também não. Para mim é uma questão de caráter e ocasião.


Sobre o caráter, é como citei acima: não acredito que o meio seja determinante na formação do caráter de uma pessoa. Uma pessoa de boa índole crescida entre os pecadores e que tenha cometido crimes das mais diversas categorias tende a abandonar a prática frente uma oportunidade de mudança. Ao contrário, o sujeito cuja essência corrupta acompanha-o desde o berço dificilmente será outro em sua vida, ainda que a sorte bata à sua porta mais de uma vez.


Em relação ao criminoso de ocasião a minha opinião é mais flexível. Seria injusto, por exemplo, condenar uma pai desesperado por ver a sua filha queixando-se dores por não ter o que comer. Também é preciso repensar a condição dos crimes passionais, pois o ciúme transforma completamente uma pessoa, embora isso não seja justificativa para ceifar a vida de alguém.

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É isso aí, meus amigos, bateu o sono. Se você chegou até aqui, parabéns, vai ganhar um ovo de páscoa do tio Adagga. No mais, um abraço e boa noite.


Adagga

sábado, março 17, 2007

Adoráveis crianças
Adoráveis, e sempre, lembranças
Porque causaram malícias
As tuas verdades
Na verdade feminina que há em mim.

Tenho um cálice
Um segredo a oferecer
Moldado nos vadios costumes
Que aliam a minha cruz
À tua.

Vem, se quiseres
Mas traga o espírito que me fez dúbio
A ode que tens no olhar
A insensatez
E luz.

Pois de fato somos um pálido engano
Espantalhos, bonecas de pano
A sorrir invisíveis lembranças
Fingir uns antigos momentos
E viver adoráveis crianças.

M. M.

quinta-feira, março 15, 2007

O encontro... espero que seja eterno.

A verdade me assombra e me atrai... Às vezes me deixa tão confusa... Acho que às vezes me perco mesmo.
Mas não falo de fatos, mas do que os move. Os fatos são apenas representações distorcidas da verdade, pois com ela estamos desacostumados. Logo, o que é falso parece verdadeiro e o que é verdadeiro perturba.
E quando me perturba fico vejo atraída. Completamente atraída por entendê-la, interpretá-la, conhecê-la.
Mas não falo de coisa pequena, como se fosse contada, falo da coisa que vive. Embora escondida, mas arde. Ai... parece louco, mas sinto o que estou falando.
Lembram, quando eu falei dos esconderijos das pessoas? Pois é, essa é uma verdade, ainda que camuflada, que me atrai. Verdades camufladas por palavras e gestos. Verdades escondidas atrás de mentiras inventadas para diminuir a dor, a frustração, o desamor.
Ou seria a dor, a frustração, o desamor pela falta de conhecimento da verdade? O que não conhecemos nos confunde e por isso nos escondemos do que não sabemos. Criamos coisas que expliquem o que não sabemos.
Envolvemos-nos a essas coisas, nos agarramos a elas, e vivemos cheios de falsas explicações... Entendimentos... Verdades. E vivemos anos sob essas “verdades”, pois se tornam explicações para o que não entendemos. Abandoná-las, então, jamais!
Dependemos delas... Dependemos de mentiras. Que coisa terrível...
Tenho me encontrado com algumas verdades. Ando confusa é claro, não fugiria a regra. Mas me sinto viva!
Tem dia que dói. Mas repito o que disse a uma amiga está semana: só eu posso viver isso e nem que fosse possível, deixaria que outro vivesse.

Ana.

Peço aos outros que apareçam.

quarta-feira, março 07, 2007

Feito!

Sabe o que tem sido primazia? Intensidade.

Não o fazer em si, mas o fazer por inteiro. O fazer por fazer não faz a menor diferença. Importa-me fazer porque preciso fazer. Não necessitando ser regra e muito menos esperado. O que é feito há de ser em si, todo.

E mesmo o não fazer, tem que fazer todo sentido. Intenso como o que é feito. O não fazer parece ainda melhor quando o esperado é que se faça alguma coisa. E mais ainda, quando feito com total desprendimento de ter suprido expectativas. Este com certeza é o melhor não fazer. Que preciosidade! Que liberdade!

Fazer deixa de ser, necessariamente, uma ação e passa a ser uma opção, entende? Ainda que depois haja uma ação. Ou não. Fazer deixa de ser obrigação e passa a ser liberdade... Ah que coisa maravilhosa.

Então, deixa-se de ser resultado. Soma, multiplicação ou subtração de coisas acontecidas ou que estão prestes a acontecer. Passa-se a ser escolha, decisão, convicção.

E o fazer errado? E quem falou em certo? Fala-se em certeza, jamais em certo. O certo fica para os que de si esperam muito ou muito pouco. Impedindo-se assim de correr riscos, passar ridículos, viver fracassos e mesmo alcançar êxito.

Eu quero esperar o que posso dar. O impossível fica pra ser conquistado.


Ana

*beijos a todos.