Recebo-os pouco
Meto-me a besta.
Entre palavras
Finjo-me louco.
Nesta Caixa
Preservo as mentiras
D’algumas poesias
Que em lágrimas baixas
Saúdam fantasias.
Cá estou: cabeludo, barbado, gordo, entediado, cansado, sem dinheiro e, o pior, sóbrio. Tem uma bebida ali no canto da sala feita na fazenda do meu pai, que ganhei de presente de natal, mas perdi a coragem de bebê-la desde o dia em que precisei fazer uma fogueira e, na falta do álcool, usei-a sem esperar que teria tanto êxito com o que pretendia. Ninguém topou tomá-la naquela noite.
Na falta do que fazer, vou dissertar sobre coisas.
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As pessoas, quando querem defender umas às outras, acabam esquecendo que todos neste mundo possuem defeitos e qualidades que nos tornam diferentes em vários ou quase todos os aspectos. É claro que, ainda assim, as afinidades (positivas ou negativas) também nos igualam (e nos unem) em certas ocasiões.
Levando em consideração que vivemos num momento em que um grupo maior de pessoas respeita as diferenças existentes naquele meio e que, por mais que haja alguma insatisfação em praticar isso (ou você nunca quis matar alguém?), a maioria dos direitos assegurados a essas pessoas são mantidos entre elas e também pela esfera governamental (de certa forma), eu formulo a seguinte questão: por que garantir os direitos civis, os quais envolvem todos aqueles inerentes a um povo subjugado por um Estado ocidental ou com características ocidentais, ou seja, pela democracia em si, para cidadãos que não se adéquam às regras aceitas e praticadas pela maior parte das pessoas integrantes desse sistema? Melhor dizendo, por que permitir que um jovem com caráter visivelmente corrupto (não usei a palavra “corrompido” porque não acredito que o meio seja determinante na formação do caráter de uma pessoa) seja inserido na sociedade após alguns poucos anos de detenção? Ou que um ladrão/assassino cumpra a maior parte de sua pena em regime semi-aberto e afins?
Infelizmente esses tumores sociais estão cada vez mais presentes e incontroláveis, talvez por conta do crescimento desordenado das cidades, mas acredito que existem apenas duas soluções plausíveis e que de certa forma merecem ser bem avaliadas: 1) descobrir um novo “Novo Mundo”, exterminar a população nativa, estabelecer colônias de exploração para abrigar os nossos criminosos e fazer comércio de matéria-prima para produção de bens de consumo, como computadores e automóveis; 2) mais prática, minha segunda opção sugere menos investimentos em presídios em troca de construções de Centros de Execução e Combate ao Crime – CECCRIM (gostaram?), onde os criminosos julgados por um júri popular seriam submetidos à pena de morte, amputação de membros ou tratamentos alternativos, como paralisia das pernas. Eu, pra falar a verdade, sou adepto da idéia de que “bandido bom é bandido morto”.
É, mas alguém, aquele do primeiro parágrafo e que chamarei de Fulano, levanta a dúvida sobre o direito do Estado de tirar a vida de alguém, argumentando os tais Direitos Humanos. Infelizmente esses “direitos” não são levados em consideração no momento em que o cano do revólver está apontado para a testa da vítima, portanto se não há o aceite e prática em ambos os lados, então considero que de fato eles (os “direitos”) não podem ser aceitos como argumentos.
Mas Fulano é persistente e exige compreensão da minha parte, pois na verdade os infratores são vítimas de uma política social negligente, falta de escolas, saúde e oportunidades de ascensão profissional, dada a incapacidade técnica. Certo, mas segundo o site do Ministério da Educação (http://portal.mec.gov.br/) nós temos 33,2 milhões de alunos matriculados no ensino fundamental, sendo que desse total apenas 3,4 milhões estudam em escolas privadas, o que leva a entender que a educação pública ainda atende a população, mesmo que não seja da forma como gostaríamos que fosse. Além disso, a falta de instrução formal não implica violência e atitudes criminosas. Pobreza também não. Para mim é uma questão de caráter e ocasião.
Sobre o caráter, é como citei acima: não acredito que o meio seja determinante na formação do caráter de uma pessoa. Uma pessoa de boa índole crescida entre os pecadores e que tenha cometido crimes das mais diversas categorias tende a abandonar a prática frente uma oportunidade de mudança. Ao contrário, o sujeito cuja essência corrupta acompanha-o desde o berço dificilmente será outro em sua vida, ainda que a sorte bata à sua porta mais de uma vez.
Em relação ao criminoso de ocasião a minha opinião é mais flexível. Seria injusto, por exemplo, condenar uma pai desesperado por ver a sua filha queixando-se dores por não ter o que comer. Também é preciso repensar a condição dos crimes passionais, pois o ciúme transforma completamente uma pessoa, embora isso não seja justificativa para ceifar a vida de alguém.
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É isso aí, meus amigos, bateu o sono. Se você chegou até aqui, parabéns, vai ganhar um ovo de páscoa do tio Adagga. No mais, um abraço e boa noite.
Adagga