segunda-feira, abril 30, 2007

Verso Mudo

Meus amigos, quanto tempo. O Confessionário ganhou um novo fôlego, fiquei feliz por isso. Novos companheiros serão sempre bem-vindos. Bom, vou deixar um pouco da minha poesia. Um abraço a todos.

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Verso Mudo


Ela me disse que estava cansada
Que não havia mais paixão
Apenas um espelho aborrecido
De reflexo sentido
Espera, dor
E Ilusão.

Mesmo assim ela implorou
Agrediu, cismou.
Ameaçou o meu silêncio
Jurou absurdos
Arrependeu-se de tudo
Chorou.

Mas num momento desistiu
Calou-se entre soluços
Enxugou as lágrimas
Tomou nas mãos as malas
Disse adeus
E partiu.


Valério Beltta

domingo, abril 29, 2007

Para o sábado à noite.

Macasanha.

Hoje eu vou ensinar a fazer Macasanha. Para quem não sabe, Macasanha nada mais é que um mesclado de macarronada com lasanha. Trata-se de uma opção prática, barata, terapêutica e saborosa para quem não está disposto a sair de casa pra comer ou mesmo não tem R$ 18,45 de bobeira pra encomendar um executivo de carne com cebola do China in Box, como eu.
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Depois de um tempo de práticas culinárias eu descobri que cozinhar é uma ciência sentimental e também um sentimento científico. Eu vejo, inclusive, que existe um enorme abismo entre cozinhar e fazer comida. Fazer comida é meio que uma ação mecânica, de movimentos automáticos, monocromático. É uma orquestra regida por um maestro ignorante: a fome. Já cozinhar é diferente. É uma coisa mais poética, apaixonada, paciente. Há mais sensibilidade quando se está de fato cozinhando.

Pois bem. Antes de começar tudo, eu gosto de colocar uma boa música de fundo. Eu associo muito o tipo de música que estou ouvindo com aquilo que estou comendo e quando. Para um sábado à noite solitário como é o de hoje, eu prefiro ouvir um som mais ou menos melancólico, por isso eu acho que começaríamos bem ouvindo algo como Codinome Beija-flor ou Garotos. Na verdade a década de 80 em si nos oferece um bom repertório para um sábado à noite, seja solitário ou não. Se você está acompanhado(a) então eu não sei o que sugerir, pois depende também da companhia. ;-)

Vamos começar com a carne. Eu meço a quantidade de carne moída necessária colocando-a na palma da minha mão. Tem que ser o suficiente pra abraçar a porção sem que eu consiga fechar completamente a mão, como se fosse uma daquelas bolinhas de massagem. Se ela estiver congelada então é bom mergulhá-la numa tigela com água sem colocar no fogo. Em menos de uma hora ela estará pronta para uso. Não use microondas, fica horrível.

Em seguida você espalha a carne pelo prato (prato raso). Para essa quantidade eu uso duas pitadas cheias de sal e uma cheia de tempero-seco. É bom que isso seja feito antes de tudo, pois dá tempo da carne “pegar” o sabor do tempero.

Agora vamos cortar duas cebolas pequenas ou uma cebola grande. Eu prefiro que elas sejam cortadas em rodelas, mas se você não gosta de senti-las então pode cortar em cubinhos. O mesmo vale para os alhos, que são cinco pequenos (daqueles bem magrinhos) ou três grandes. Apenas um tomate é necessário, mas dois não seria uma má idéia, sendo que o corte deve ser em pedaços maiores e feitos de cima para baixo, dividindo-o em mais ou menos cinco pedaços. Ok, vamos pro tacho.

O azeite, quando submetido a altas temperaturas, perde a maioria das suas propriedades benéficas, mas exala um cheiro maravilhoso. Coloque duas colheres de sopa de azeite (eu uso Gallo) para uma colher de sopa de margarina com o fogo alto. Já me disseram que fica bom com manteiga Real, mas eu nunca tentei.

Jogue a cebola e o alho e espere uns minutinhos. Acrescente uma colher de chá de açafrão. O Açafrão é quase obrigatório, pois além de dar um sabor sutil e ser rico em vitamina C, contribui com um perfume inconfundível e tentador. Espere mais um pouco e jogue a carne. Refogue-a bem até que fique fritinha, mexendo sempre.

Em seguida coloque uma xícara de água e deixe a carne cozinhar até a água secar completamente. Acrescente novamente uma xícara de água, o molho de tomate (eu uso meia caixa de pomarola), os tomates cortados e mais uma colher de chá de açafrão. Esta segunda colher de chá de açafrão é para dar uma nova cor ao molho, pois a mistura do amarelo do açafrão com o vermelho do molho de tomate resulta num tom alaranjado bem agradável aos olhos.

Enquanto espera pelo molho, coloque a água do macarrão pra ferver. Adicione uma colher de sopa de sal e uma colher de sopa de óleo. Quando estiver fervendo adicione meio pacote de macarrão do tipo espaguete e mexa com o garfo nos primeiros minutos. Em cerca de dez minutos ele está pronto. Não se esqueça de checar se o molho está bom de sal.

O PRATO

A montagem do prato é bem fácil. Numa forma retangular coloque uma camada de macarrão, uma de queijo mussarela, uma do molho que fizemos e uma de molho branco (pode ser de caixinha). Repita até que a forma esteja preenchida até a borda, de forma que o molho de carne e o molho branco sejam visíveis na cobertura.

Corte alguns cogumelos em rodelas e espalhe na cobertura. Por último acrescente queijo ralado e orégano, deixe no forno por cinco minutos e bom apetite.

OBS: É muito importante que haja uma relação respeitosa entre aquele que cozinha e “aqueles” que servem ao cozinheiro, caso contrário você estará apenas fazendo comida. Leia-se “aqueles” como os temperos, o fogão, a água e tudo mais que contribui para o sucesso da obra.

Um abraço.


Adagga

terça-feira, abril 24, 2007

La vie en rose

Quantas vezes forem necessárias. Nem uma nem duas, apenas quantas vezes forem necessárias. O labirinto aponta para lugar nenhum. A água sobra. O fôlego alcança. A mordaça cai. A mão faz que vai e volta porque foi. Na sombra, pela sombra – o caminho percorrido por aqueles que estão nus. E quanto de tudo ainda resta...
Didieri

domingo, abril 22, 2007

Laetitia

Que gozo mais triste, pobre.
Um gozo assim:
Malquisto, pálido, corrompido
E muito desejado.

Esse prazer inteiramente indolente
Sem mérito
Sem classe, propósito
Absolutamente culpado
Que me cospe a cara
Diz que sou pouca coisa
Que sou várias coisas
E sou nada.

Aprecio um sadismo sentimental
Afinal, que mais alimentaria o prazer
E alguma dor
Senão a própria manifestação do amor?

M.M

sábado, abril 21, 2007

1, 2, 3...

Eu não sei. Estou a ver o canal da Igreja Renascer, ouvindo uma mulher falar sobre “não dar ouvidos ao conselho de Jonadabe, ver apostolicamente, esperar o futuro apostólico”. Então, conecto-me ao vídeo que vi esta tarde – Arnaldo Jabor no Jô, e penso nos processos instaurados contra aquele, alvo de 4 políticos, um deles “casado e bochechudo”. Penso em Lima Barreto. Penso na frase de um escritor ao dizer que “se o escritor for pensar naquilo que vão pensar sobre o que escreve, certamente não escreverá”. Lembro da pastorinha louca. Penso na Polícia Federal que me deixa cada vez mais apaixonada. Então, lembro do Judiciário, lembro de Jabor, lembro da “Pornô Política”. Penso na Coluna Gay no site da Uol. Lembro do discurso “anti-preconceito” sempre engatilhado na boca dos que mais se esforçam para disfarçar o preconceito. Penso na mulher autoritária que se justifica ao explicar que “somente diz a verdade” - lembro de mim mesma. Penso na “sociedade anestesiada” denunciada aos prantos em entrevista com Carla Camurati. Sou embalada por uma canção religiosa de um exército religioso. Sou embalada por uma canção que me incomoda.
Não é desejo meu parar por aqui. Lembro do menino charmoso em sua blusa cor-de-rosa. Lembro do aparente gaguejo quando de suas poucas palavras ao me dar uma informação. Escuto a data para o “Marcha pra Jesus” – 7 de junho. Penso na ex-vizinha religiosa que conseguiu uma plástica às custas do Estado. Penso na incoerência; penso nos filósofos. Em Adriana “esqueço a meta da reta”. Lembro do meu sonho de prender o “universal”. Lembro do MP. Lembro da Polícia. Penso na expressão da “cobra que come o próprio rabo”. Penso na minha aparência. Penso na Justiça Federal. Penso no esmalte vermelho. Lembro da notícia que vazou. Penso no menino que nunca casa. Lembro do Marcelo que nunca quero reencontrar. Penso no vazio. Penso nos discursos. Vazio e discursos = queijo e goiabada, pipoca e guaraná, azeitona e empada e tudo o mais, pois no Brasil, infelizmente, “em se plantando tudo dá”.
Donnana
Quero falar de respeito.
Como diria Chico César: "Repeite meus cabelos brancos!"
Repeite meu cansaço.
Respeite minhas cicatrizes.
Respeite meu desatino.
Respeite meu silêncio.
Respeite minha fala.
Respeite também o meu grito.
Respeite meu querer.
Repeite meu não querer.
Respeite meu egoísmo.
Respeite meus sentimentos.
Repeite meu respeito.
Repeite também a falta dele.
Respeite-me como sou.
Respeite-se como és.
Pese. Pondere. Ouse. Queira. Lute. Mas jamais se esqueça dele, do respeito!
Não lhe peço compreensão.
Não lhe peço que cêda.
Não lhe peço tolerância, tampouco paciência.
Hoje, eu só quero RESPEITO!

Sílvio

Resposta ao feito!

A liberdade de que Ana fala em seu texto me fascina.
A liberdade de querer e não querer. Fazer sem a preocupação de acertar ou não. A certeza do sentir sem medir o quanto e sem a preocupação com a recíproca.
A coragem de andar de asa-delta, de alçar vôo, lançar-se no abismo sem a ceterza do pouso seguro.
Hoje, sinto-me livre novamente, com asas maiores do que antes e uma prudência por vezes incômoda, porém, necessária.

Billie Jean

segunda-feira, abril 09, 2007

MSN _ com cortes, sem correções

Ana diz:
cara, morreu uma galera nessa páscoa
em acidente de transito
Alguém (muito amiga de ana) diz:
q horror!
Ana diz:
pois é
Alguém (muito amiga de ana) diz:
ainda bem q to viva
Ana diz:
sim, continuando e ontem no carro vi ele me olhando pelo retrovisor
Alguém (muito amiga de ana) diz:
homem gosta d ser pisado
pisa pisa pisa
ninguém merece
Alguém (muito amiga de ana) diz:
amiga, n sei como tu tem tanta paciência
eu já tinha desistido
ou colocado ele contra a parede
*
Alguém (muito amiga de ana) acabou de pedir a sua atenção.
*
Alguém (muito amiga de ana) acabou de pedir a sua atenção.


Alguém (muito amiga de ana) diz:
desse jeito vou sair
Ana diz:
oi
deculpa
estava tratando de negócios
Alguém (muito amiga de ana) diz:
ta perdoada
Ana diz:
ei e ai me conta
Alguém (muito amiga de ana) diz:
o q?
Ana diz:
tudo que precisa
alguém (muito amiga de ana) diz:
n tenho nada pra contar
so q to vivendo a minha vida e to amando
Ana diz:
como assim? ate semana passada tu tava vivendo a vida de fulano!
Alguém (muito amiga de ana) diz:
to sendo eu
Ana diz:
o que mudou?
Alguém (muito amiga de ana) diz:
to descobrindo quem eu sou
e to tentando lidar com isso
Ana diz:
ah... e ai? ta assustada?
Alguém (muito amiga de ana) diz:
fiquei no começo
agora é só o q eu quero
Ana diz:
o que?
Alguém (muito amiga de ana) diz:
ser eu
Ana diz:
como assim?
Alguém (muito amiga de ana) diz:
me aceitar
Ana diz:
de que forma?
responde
Alguém (muito amiga de ana) diz:
preciso me conhecer
e to fazendo isso
descobrindo quem sou eu
uma pessoa independente das outras
uma pessoa q n precisa viver o q os outros querem q eu viva

(repare, a amiga de Ana faz analise)

Ana diz:
certo!
o que a pessoa que tu ta descobrindo quer?
Alguém (muito amiga de ana) diz:
ainda to tentando descobrir
amiga, taí um pensamento q me assusta um pouco
tenho medo d descobrir o q quero
sei lá
Ana diz:
qual? adoro pensamentos assustadores!
Alguém (muito amiga de ana) diz:
descobrir q n quero nada do q achava q sempre quis
Ana diz:
eita... que coisa hein
e o que tu queres?
Alguém (muito amiga de ana) diz:
qnd descobrir te conto
rsrs
Ana diz:
fora os dias que quero morrer tenho adorado saber quem eu sou
Alguém (muito amiga de ana) diz:
amiga n tenho a menor vontd d morrer
Ana diz:
ja tive algumas vezes
Ana diz:
acabei de bloquear uma pessoa
Alguém (muito amiga de ana) diz:
quem?
ele?
Ana diz:
uma menina que me suga
uma colega
ela me suga as energias
Alguém (muito amiga de ana) diz:
ah
Ana diz:
me faz travar
to preferindo evitá-la
ate saber como tratá-la
Ana diz:
ei acho que vou saindo
vou colocar uma parte de nossa conversa no confessionário, pode?
Alguém (muito amiga de ana) diz:
ok
Ana diz:
vou colocar as partes mais interessantes
Alguém (muito amiga de ana) diz:
ok
Ana diz:
tu vais ser alguém muito amiga
Alguém (muito amiga de ana) diz:
okbye
Ana diz:
bye

sexta-feira, abril 06, 2007

Myrurgia

Vagina.
Vagina, vagina, vagina.
Vagínico.
Vaginal, vago.
Valsa vaginal.
Vagina.
Vagir, vagar, fingir, invagir, avaginar-se de rir.

Vaginoperitonial, vaginolabial, vagínula, vagina.
Vai, Gina! Vagina causal.
Gina moral.
Valsa a vala vaginal.
Alma vagal.
Vagin’alma.
Meu mal.
M.M

domingo, abril 01, 2007

Um rapidinha

Sobre o amor, ação
Sobre escrever, penso que sei
Sobre sentimentos, sinto
Sobre dúvidas, todas
Sobre certeza, só uma
Sobre o riso, vaidade
Sobre a dor, passageira
Sobre o medo, alarme que pode ser falso
Sobre a vida, vivendo
Sobre o viver, inusitado
Sobre as pessoas pela metade, enfadonhas
Sobre as pessoas quase por inteiro, monstruosas e interessantes
Sobre relacionamentos, indispensáveis
Sobre desistir, nem sempre é desistir
Sobre tentar, todo dia
Sobre a gargalhada presa da minha irmã, irritante
Sobre chás de panela, solidão e contentamento ou tentativa deste
Sobre o ridículo, acontece
Sobre o único, Jesus
Sobre sentido, o único
Sobre hipocrisia, admiti-la
Sobre as palavras, interpretação além delas
Sobre fatos, representações
Sobre escandalizar-se, raso
Sobre identificar-se, olhar-se no escândalo
Sobre pecado, inerente
Sobre o dia-a-dia, prática
Sobre tudo, muito pouco


Ana