segunda-feira, novembro 16, 2009

Alguém me dê um coração...

O meu desejo mais sincero para agora (já!) seria descobrir um fracasso, uma fraqueza, uma tara, um “pecado” de qualquer espécie de alguém aparentemente muito bem sucedido ou muito equilibrado... ah! Acho que isso me traria até paz... Chega a ser nojenta essa minha necessidade, mas não posso negar, nesse momento é disso que preciso. Tem um detalhe, teria que ser de alguém que eu jamais imaginasse... de alguém que me causasse profunda inveja. Um alguém acima de qualquer suspeita.

Pois o que me passa agora não é arrependimento, mas vergonha. Vergonha profunda de ter me deitado naquela cama e feito coisas sem amor. Um amor que idealizo, sonho diariamente encontrar.

Uma necessidade de amor. Tenho certeza disto. Quem sabe até de amor próprio. Parece-me que as últimas duas semanas foram de mutilação, desfiguração. Mas agora que a ficha caiu, a merda da culpa vem... é um dom! É uma coisa minha... um medo, uma rejeição. Uma rejeição àquilo que sou, que fui, que fiz.

Alguém consegue entender isso?

Um desejo ardente de ver o mal no outro para não se sentir tão ruim. Uma falha, só uma... uma dor.

terça-feira, outubro 27, 2009

Já fui um anjinho de cachinhos marrons.
Já fui uma madalena de cabelos de fogo.
Já fui filha única.
Já ganhei 4 irmãos e virei a caçula.
Já chorei pela dor da morte.
Já me emocionei com o nascimento.
Já fui a primeira da turma.
Já fui a mais relapsa das universitárias.
Já fui patricinha.
Já fui riponga.
Já sonhei ser jornalista.
Já fui professora.
Já fui advogada.
Já fui baladeira.
Já fui cdf.
Já fui regueira.
Já fui rata de boite.
Já fui cética.
Já fui mística.
Já li Paulo Coelho.
Já li Hannah Arendt.
Já fui Álvaro de Campos.
Já fui Alberto Caeiro.
Já fui niilista.
Já fui hedonista.
Já acreditei que Deus é criação do homem.
Já me convenci de que sem Ele, sou nada.
Já fui dorminhoca.
Já tive muitas noites de insônia.
Já fui alegria em pessoa.
Já fui a deprê em forma gente.
Já cheguei aos 81 kg.
Já alcancei os 52kg.
Já fui contra o sistema.
Já me enquadrei a ele.
Já tenho 4 sobrinhos.
Já tenho uma sobrinha-neta.
Já visitei outros países.
Já trabalhei no interior.
Já pude comprar muitas coisas que desejei.
Já fiquei sem grana até p’ra pegar um ônibus.
Já fui poesia.
Já fui prosa.
Já fui amada.
Já amei.
Já fui traída.
Já traí também.
Já fiz um monte de amigos.
Já perdi apenas um.
Já odiei animais.
Já amei cachorros como filhos.
Já fui a mocinha da história.
Já fui a vilã.
Já fui muito “sim”.
Já aprendi a dizer “não”.
Já troquei pneu sozinha.
Já fiquei no prego e só consegui chorar.
Já sonhei em ser uma solteira inveterada, viajar o mundo e não ter filhos.
Já planejei casar, ter um casal de filhos e um jardim enorme.
Já fui criada por vó.
Já morei com meus pais.
Já fui um personagem de Almodóvar, dividindo um ap com 4 "mulheres à beira de um ataque de nervos".
Já tive um quarto só p’ra mim com cama de casal.
Já dormi em um beliche minúsculo em um quarto com mais 2 pessoas no mesmo quarto.
Já morei sozinha.
Já fui caos.
Já fui ordem e progresso.
Já visitei o inferno de Dante.
Já me mudei para Pasárgada.

Depois de tantos verbos no passado, hoje sou uma miscelânea de tudo isso, misturada a uma carga genética bombástica, tardes no divã e muitos outros verbos a serem conjugados no futuro!

terça-feira, setembro 29, 2009

Inveja - esse é o sentimento que me mata hoje!

Se eu não estivesse aqui, morreria de vergonha de admitir que morro de inveja! Mas quero me permitir confessar coisas que tento esconder de mim mesma.
Tenho inveja e não sinto culpa alguma. Hoje não! Porque neste exato momento invejo alguém de quem não gosto, ou pelo menos não tenho motivo algum para gostar! Invejo sua felicidade, seu sucesso, sua saúde, qualquer coisa boa que acontece ou possa vir a acontecer com essa pessoa!

Para mim, invejar não é apenas desejar o que o outro tem, mas também querer do fundo coração que ele ou ela não o tenham!

Sendo sincera, eu sinto muita culpa quando invejo pessoas de quem eu gosto. E essa inveja acaba se tornando uma admiração (claro que isso só acontece depois de uma longa elaboração de sentimentos, passando por conceitos morais, princípios religiosos... e toda essa baboseira politicamente correta, da qual não consigo e não quero fugir agora! Esse, definitivamente não é o foco).

Se eu não escrevesse alguma coisa, eu iria me engasgar com meu próprio veneno invejoso. Chego a sentir uma espuma raivosa em minha boca de tanta raiva e indignação. Tem um gosto amargo, o amargor dos infelizes, a amargura dos mal amados.

Glória Vox

segunda-feira, setembro 28, 2009

Confessando...

quando eu casar (se isso um dia acontecer), quero amar meu marido no chão da sala, ouvindo Roberto Carlos, num sábado a tarde... ao chegar da noite, enquanto o mundo lá fora se apressa para fazer alguma coisa.

terça-feira, setembro 22, 2009

Eu não aguentava mais entrar aqui e ter essa sensação: será que ninguém vai tirar esse último post da primeira página??? Foi uma das coisas mais infames que já vi aqui!! Compreendo que a liberdade de expressão neste espaço é lei, mas ninguém é obrigado a ficar estagnado neste monte de letras que não nos dizem nada!!
Queria estar inspirada a escrever alguma coisa, qualquer coisa, por mais boba que fosse, mas sinceramente não consigo!
Pelo menos vou começar esse dia com a sensação de que tirei da minha vida, ou ao menos do meu raio de visão, alguma que estava me incomodando!

Vânia Torres

domingo, julho 12, 2009

URSS X Rússia

Vocês sabiam que o hino da URSS e da Rússia têm a mesma melodia, porém com letras diferentes? Estive a escutar nessa manhã chuvosa, e queria saber a opinião de vocês sobre esse acontecimento. Confessioneiros, qual o melhor hino?

URSS

Soyuz nerushimy respublik svobodnykh
Splotila naveki velikaya Rus'!
Da zdravstvuyet sozdanny voley narodov
Yediny, moguchy Sovietsky Soyuz!

Slavsya, Otechestvo nashe svobodnoye,
Druzhby narodov nadyozhny oplot,
Partiya Lenina - sila narodnaya
Nas k torzhestvu kommunizma vedyot!

Skvoz' grozy siyalo nam solntse svobody,
I Lenin veliky nam put' ozaril,
Na pravoye delo on podnyal narody,
Na trud i na podvigi nas vdokhnovil!

Slavsya, Otechestvo nashe svobodnoye,
Druzhby narodov nadyozhny oplot,
Partiya Lenina - sila narodnaya
Nas k torzhestvu kommunizma vedyot!

V pobede bessmertnykh idey kommunizma
My vidim gryadushcheye nashey strany,
I krasnomu znameni slavnoy otchizny
My budem vsegda bezzavetno verny!

Slavsya, Otechestvo nashe svobodnoye,
Druzhby narodov nadyozhny oplot,
Partiya Lenina - sila narodnaya
Nas k torzhestvu kommunizma vedyot!

Rússia

Soyuz nerushimy respublik svobodnykh
Splotila naveki velikaya Rus'!
Da zdravstvuyet sozdanny voley narodov
Yediny, moguchy Sovietsky Soyuz!

Slavsya, Otechestvo nashe svobodnoye,
Druzhby narodov nadyozhny oplot,
Partiya Lenina - sila narodnaya
Nas k torzhestvu kommunizma vedyot!

Skvoz' grozy siyalo nam solntse svobody,
I Lenin veliky nam put' ozaril,
Na pravoye delo on podnyal narody,
Na trud i na podvigi nas vdokhnovil!

Slavsya, Otechestvo nashe svobodnoye,
Druzhby narodov nadyozhny oplot,
Partiya Lenina - sila narodnaya
Nas k torzhestvu kommunizma vedyot!

V pobede bessmertnykh idey kommunizma
My vidim gryadushcheye nashey strany,
I krasnomu znameni slavnoy otchizny
My budem vsegda bezzavetno verny!

Slavsya, Otechestvo nashe svobodnoye,
Druzhby narodov nadyozhny oplot,
Partiya Lenina - sila narodnaya
Nas k torzhestvu kommunizma vedyot!

Obrigado pela atenção,
Alexei Nemov

segunda-feira, junho 15, 2009

segunda-feira, junho 08, 2009

FAMÍLIA - dádiva ou fardo?

Meu conceito de família pode parecer bizarro. Em realidade, até a mim parece bizarro.
Um monte de gente, às quais você já nasce atrelado de maneira inexorável até a morte. Essas pessoas tem semelhanças com você, que podem ser afinidades ou pontos de choque. Essas pessoas entrarão na sua casa, isto se elas já não estiverem lá quando você nascer. Você não as pede, você não as merece e nem sempre as conhece!
Pelas regras de convivência impostas por nossa cultura, temos que dizer que amamos essas tais pessoas e que no fim das contas, elas são tudo o que temos na vida. Não seria tudo isso pura convenção?
Por que é tão importante assim amar essas criaturas? Que amor é esse que é imposto?
Existe amor por imposição?
Será que essas pessoas, de fato, estarão lá quando você precisar? Ou será que elas estarão pelo mesmo motivo pelo qual vocês juram mutuamente amor eterno e absoluto (por pura imposição social)?
Por que pais e filhos não podem simplesmente não gostar uns dos outros? Por que amor de pais é o mais sublime que existe? Por que nossos pais são nossos melhores amigos? E na falta deles, são nossos irmãos os reponsáveis por este posto? Para que precisamos de tios, primos, sobrinhos? Por que aqueles que têm uma família pequena sentem-se ou são obrigados a sentir-se responsáveis pela continuidade da mesma e não deixam de se sentir solitários a cada Natal?
Muitas vezes, olho para minha árvore genealógica e sinto tanta estranheza. E quanto encontro simlitudes, só a idéia de me sentir parecida com eles já não me agrada. Por vezes tenho até uma certa ojeriza e uma enorme antipatia. Isso não acontece sempre, mas ocorre com certa freqüência. Não me sinto ligada ao familiares que amo por conta de nossos laços sangüineos, meu amor não se justifica por estes. Todo o sentimento que nutro por algumas pessoas que ilustram minha origem genética é proveniente de uma simpatia que poderia brotar por indivíduos que possuem genes sequer semelhantes!
Não tenho filhos e por uma razão que ainda não sei, sinto que não os quero ter. No fundo, o que me apavora é a idéia de não poder escolher se os quero ou não, ou seja, a estirilidade me apavora, por ser uma limitação e não por ser um possibilidade de gerar vida e não morrer sozinha (como é o que muitas mulheres pensam)! Portanto, sei que o que não quero é a falta de opção. Talvez por isso ainda não consigo decifrar essa tal relação fimiliar.
Que raios de instituição é essa que nos acorrenta? Será que podemos chamá-la assim: "instituição"?
Sei que ninguém nasce do pó! Mas para que viver atrelado a um estigma cromossômico e social a vida inteira?
Por favor, respondam algumas das minhas perguntas. Talvez eu queira só apoio ou talvez eu queira apenas ser censurada. Sinceramente, não sei... O que sei é que agora desejaria não ter quase ninguém para ter que chamar de "família"!

Agnes

quinta-feira, maio 28, 2009

Por que eu tenho que ser "ótima"?

Não sei até quando vou sentir essa dor... A sensação que tenho é de que nasci com ela.... Não entendo por que ela existe... Não entendo por que não se finda... Não sei de onde veio... E na maioria das vezes, eu nem sei por que sinto tanta dor! Acabei de descer do ônibus, estou aqui nessa biblioteca lotada e não consigo conter as lágrimas. Há dias estou cheia delas, há meses, há anos eu acho... Essa dor é tão velha e todos os dias eu acordo com esperança de que ela pode morrer! Olê olê olê olá!

Não sou uma pessoa amarga. Tento ser doce e acho que sou doce. Eu gosto disso, dessa sensação de docilidade. Gosto de ser frágil, de ser acolhida e de ser preferida. Tenho uma necessidade patológica de que as pessoas gostem de mim. Não posso desagradar. Desagradar me tira o sono. E me tira o sono também essa obrigação que imponho a mim mesma, obrigação que provavelmente foi imposta pela minha mãe, que pelo que eu vejo hoje, tem a mesma doença.

Sempre fui da banda boa de todos os grupos a que pertenci, da ala flexível, nunca pertenci aos radicais, nunca fui de guerrilha, sempre fiz parte dos núcleos pacifistas ou neutros. Não coisa mais medíocre do que ser neutra! Na verdade, "essa paz não é paz, é medo"!! Isso eu digo de maneira racional, mas no fundo eu prefiro ser neutra a ser odiada.

Nessa tentativa perene e muito cansativa, acabo metendo os pés pelas mãos e perdendo mais noites de sono. Quase sempre não termino o dia com minha meta de ser “ótima” para todos cumprida. O que não gera nenhum espanto em pessoas normais! Quem consegue ser “ótima” o tempo inteiro??

Glória Vox

sexta-feira, maio 22, 2009

Até quando?

A certeza é intensa, já a dúvida apesar de tênue, é lenta. Manifesta-se em doses “conta-gotas”. A cada minuto, uma gotinha de dor misturada com alegria. Alegria de acreditar que pode não ser o que se pensa que é.

A dúvida, num primeiro instante, ainda é o mais cômodo pra mim. Depois vai danado uma inquietação, uma sede de certeza. Alguns chamam de ansiedade. Eu chamo de liberdade... ver-se livre da dúvida. Dúvida que consome confiança. Confiança dilacerada.

A última certeza que tive me causou uma dor terrível, queria grita... “Tirem o meu coração!” Clamei: “Senhor, mais uma dessas e eu desisto!”. Desisto de tentar... Desisto de acreditar. E perder as esperanças é querer morrer. Morrer é estar sempre desconfiada que existe vida de verdade. Morrer é duvidar, perder a fé.

A minha dúvida durou três dias. No segundo dia, eu já me obrigava a sofrer por uma possível certeza. Quando a certeza se fez, já havia me acostumado com ela.

Entre dúvida e certeza, uma conclusão: minha resistência a dúvidas está baixíssima. Porém, a dor da certeza tem sido cada vez mais voraz. O medo é de morrer de certeza.

No entanto, como tenho aprendido a “enfrentar pelo menos uma coisa que me mete medo de verdade” todos os dias, ainda tenho força para saber as certezas.

Ana

terça-feira, abril 28, 2009

Eu sentia... adoro sentir. Amo as sensações... doa a quem doer.

Já experimentaram ir ao macro ouvindo uma música instrumental? É, ao macro, o supermercado que fica próximo ao retorno da cohab. Pois bem, ontem eu fiz isso, entrei ouvindo minhas músicas no meu adorável celular. Meu celular faz de um tudo, adoro. Caiu na água com quatro meses de uso e mesmo assim fui capaz de comprar o mesmo modelo. Tem umas cem músicas, poucas eu sei, estou construindo minha biblioteca.

Quanto ao macro, entrei ouvindo uma das músicas da trilha sonora de “Desejo e reparação”, nada proposital. Foi uma sensação incrível. Eu passeava pelos corredores e eles pareciam ainda mais altos. Foi lindo! Eu nem conseguia mais me concentrar nas prateleiras, nos produtos... Só queria ouvir... Sentir, andar pelos corredores. A música ia acelerando e a vontade era de correr. Andava, ouvia, olhava, mas não via. Só sentia. Percebia a minha altura em relação àqueles módulos imensos (nem tão imensos assim, mas naquele momento eram).

Cruzava com as pessoas e me sentia diferente, possuidora de um tesouro que ninguém ali era capaz de imaginar. Só eu sentia aquilo. Todos os outros estavam ocupados demais para perceberem o mesmo. Ainda que se dessem a oportunidade de ouvir a música, jamais sentiriam aquilo. Eu era diferente de tudo e de todos ali.

Eles estavam atarefados, focados, preocupados com o preço, com a qualidade. Alguns, provavelmente, cansados, era final de tarde. Eu passeava e não mais os produtos, os preços, a quantidade, a embalagem me atraiam, mas as feições, os semblantes.

Eu ouvia algo que emudecia, assim percebia o que não se ouve. Eu poderia dar uma história a cada uma daquelas pessoas. Elas estavam suscetíveis... imaginem o que eu senti? Obvio que foi algo incrível! Eu me apoderava das minhas percepções. Eram minhas e quase verdadeiras, bastava que eu as confirmasse.

A música acabou. Provavelmente, durou o tempo que precisava, o tempo de sentir e de pensar: bem que essas músicas poderiam tocar em qualquer lugar. Depois começou outra, uma popular, não faço coleções, elas tocam aleatoriamente e essa poderia tocar em qualquer supermercado. A magia foi embora... e eu me dirigi ao portão de saída.

Dos produtos que procurava, achei um do qual decorei o preço.

Ana.

quarta-feira, abril 22, 2009

Uma parada...

Eu corro, ouço, percebo.

Sinto. Sinto ainda mais. Dói, mas enfim, sinto.

Eu luto, eu grito, eu agrido. Eu luto mais um tanto e mais um tanto... eu luto pelo que não se pode lutar.

Desacelero... desfaleço.

Se pelo que luto, não se luta, desistir de quê?

Linearidade. Não!
Destino. Não!
Não adianta parar...

Uma parada, por favor.

Ana

sábado, abril 11, 2009

Aproveitando o momento confissão...

Depois de alguns fracassos amorosos e algumas mágoas expostas sem pudores e boa educação, chego à conclusão que a ausência de inspiração põem em xeque qualquer relacionamento afetivo. Chego a pensar que isso inclui até as amizades.

Apesar de independente, sou insegura. Não tenho onde me apoiar. Sabe aquela coisa do alicerce? Pois bem, esse eu não tenho. Procuro alguma coisa que mostre isso, se é que isso existe em mim.

O que existe em mim serve para uma mulher que não pretende construir uma família. Existe "força", "luta" e medo. Meiguice na dose certa, mas fragilidade, aquilo que faz uma mulher para um homem, isso, se existir, deve estar adormecido. Não sei o que é ser assim e qualquer coisa que eu tente vivenciar neste sentido sempre precisa ser ensaiado e analisado, pois naturalmente não flui.

Sou fruto de um relacionamento completamente desconexo, sou filha de pais ausentes e desunidos. Não sei como um homem deve amar uma mulher e como uma mulher deve amar um homem. Não sei como é um homem que ama uma mulher e nem como é uma mulher que ama um homem... Busco inspiração fora dessa relação. Mas aprender isso aos trinta anos é quase como uma violência.

A todo relacionamento falido, a sensação é de ter feito uma merda, de ter encontrado um “merda” ou de não ser o suficiente (talvez a de ser uma merda).

Mulheres frágeis, simplesmente mulheres, sintam-se privilegiadas por não serem tão independentes. É terrível não poder errar.

Homens amem suas mulheres, não se apõem nelas, elas foram feitas para serem protegidas. Se elas insistirem em terem atitudes "fortes" tenham paciência e não desistam delas. São tão frágeis que não podem permitir que isso seja percebido.

Por fim, deixo o seguinte pensamento: crianças responsáveis demais são crianças que não podem contar muito com os pais, por isso se expõem menos. Não há quem as proteja, por isso se protegem tanto.

Joana

sexta-feira, abril 03, 2009

Confissão

Faz tempo que não leio nada, que não escrevo nada, isso me deixa um tanto inquieta pois ambos me trazem muito prazer. Posso constatar, depois de muitas divagações a respeito, que a vontade de escrever em mim só é engatilhada pela dor, mas uma dor mansa que não chega a latejar ou estancar meus pensamentos, porque essa não me deixa nem sequer escrever.
É uma pena p´ra mim assumir isso, já que amo escrever e ler o que escrevo e não pretendo viver sentindo dor.
Hoje não sinto dor, nem amor, ou qualquer sentimento que possa ser inspirador (até rimou). O que tenho sentido é um grande vazio de emoções, a não ser a confusão que em mim virou uma constante. Sou confusa sobre quase tudo, sobre como como devo agir, o que devo falar, o que fazer, como lidar com as pessoas... enfim, tudo! Ando meio desconexa, desplugada, fora da ordem e como sempre, insegura.
Não quero sair por aí falando essas coisas, embora eu sempre acabe fazendo isso. No fim das contas, sempre acabo expondo minhas chagas ao primeiro que se mostre disposto a ouvir sem me intenção de me julgar. Prefiro sempre desabafar com pessoas afins, aquelas que provavelmente têm as mesmas limitações que eu. No fundo, não estou nem um pouco a fim de gotas de sabedoria e verdades. É um horror p'ra mim desabafar com alguém e ter como resposta um monte de respostas, críticas e opiniões formadas. Quero descobrir junto, entende?? Aquela coisa: "Nossa, eu também às vezes sou assim, isso também acontece comigo". E dessa afinidade nasceriam possibilidades, idéias e estratégias de mudança ou de como lidar melhor com todos esses "assim's".
Entrei aqui porque estava morta de vontade de escrever um e-mail, mas não tenho para quem escrever. Certamente nenhum amigo teria tempo para respondê-lo e acho que é melhor deixar isso por aqui, não quero respostas de quem já me conhece, não quero ser cada vez mais previsível a todos que convivem comigo. Eu queria mesmo era uma nova descoberta, novas pessoas, novos ares. Sinto-me asfixiada pelo conhecido, pelo habitual. Quero um pouco de solidão, um pouco de mim mesma. Estou cansada de conversar. Hoje quero apenas confessar!

Maria

segunda-feira, março 02, 2009

Às vezes eu fico no intuito de ir até lá sem medir passos e conseqüências. Sinto-me tão forte e tão capaz, sinto-me em seus olhos como se neles tivesse nascido e criado aquilo que só tenho em sua presença. A sua presença, aliás, que é a única que realmente sinto, a única que me faz pensar nas minhas palavras como se estivesse a escolher pela minha própria vida, a única que, com um olhar, me faz sentir todas as coisas que somente um primeiro amor é capaz de fazer, com toda a sua potência, plenitude e desrespeito. Eu tremo, tenho cólicas, perco toda a minha saliva e o meu sangue não tem cor; eu esqueço quem sou, mas não esqueço de quem eu sou. E tudo isso mesmo depois de tanto tempo...


Ainda bem, e agradeço por isso todos os dias, que praticamente não a vejo, senão eu seria o caos.

Adagga

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Me cansei de lero-lero

Abram alas, eu quero passar! Sai, sai da frente, se não, eu piso e piso sem dó!

A pena ficou para as galinhas, ainda que eu não me exclua completamente deste grupo. Os “arcanjos” dizem: suja! Imunda! Já os “perdidos” dizem que eu não passo de uma virgem. Podre virgem doente.

Opa! Olha a sujeirinha alí! Opa! Mas tem um tapetinho aqui, varre!

Cansei!

Resolvi tirar os tapetes. Malditos tapetes! A casa tava precisando mesmo de uma nova decoração. Uma coisa mais clean, mas limpa. Menos adereços, mais funcionalidade. Nem tudo vai ter "porquê", mas de algumas coisas vai se saber o "por quê". 

Tem uns vizinhos, “bregas” e modistas, que quando passam e aporta está aberta, não se aguentam e marocam pra ver se está tudo em ordem. Às vezes eu escancaro... quero mesmo é que olhem! Vejam! Tirei os tapetes!

Ah! vai ver se eu to naquela porra daquela esquina!

terça-feira, janeiro 20, 2009

Sempre me identifiquei com as pessoas trágicas e solitárias, aquelas que têm um grande amor que não se realiza, sofrem por ele, mas esse sentimento é realmente vivido somente por breves momentos, quando o é, a maior parte do tempo é idealizado e amado mais do que a própria pessoa objeto de desejo. Objeto... palavra horrível para se referir a uma pessoa, mas é isso que ela se torna nesses casos, um adereço de um sentimento maior, que não, não é o amor, caríssimos, mas a falta...
Falta no sentido de perda, no sentido de não ter e do amor ser logicamente anterior e posterior a ela, mas a falta suplantando o próprio sentimento que a gerou. Explico com uma historinha: mulher que se interessa pelo homem que se interessa igualmente, vivem uma relação, em que a maior parte do tempo a mulher acha que não é ele, que não pode ser ele, relaciona todos os defeitos e problemas futuros e conclui não é ele, mas a (a historinha é curta) o momento dos dois acaba e a moça de duvidosa passa a ter certeza de que é ele, vê-se perdidamente apaixonada e, ao mesmo tempo, não faz nada, desiste e ama a falta e sofre por ela e dói e fica triste, mas nada faz. Assim, continua sozinha e trágica, com o seu amor, que porque idealizado e amado, o sentimento torna-se imenso e não sujeito a questionamentos, pois não existe mais a presença humana e imperfeita que os geravam, pois (lembram?) a relação acabou.
Conclusão: a falta se tornou mais importante do que o outro, a falta que faz a certeza que o homem não traz, aí permanece a solidão acompanhada do sentimento, que justifica a falta e o ciclo que não termina.
O problema é: sempre tive medo de insistir, tive medo de querer muito uma coisa ou mesmo de querer e ser castigada por isso, punida por insistir, punida por lutar, por isso, no primeiro obstáculo, eu paro, paro de insistir, paro de lutar, desisto e vivo o sentimento dentro de mim, até que ele passa, porque passa, uma hora passa, aí sou trágica até que passe, depois vejo que não era nada disso, mas que bobagem a minha...
O mais importante é que eu desisto, não insisto, pois tenho medo das consequências de querer demais, é como se esse querer acompanhasse uma punição ou simplesmente tivesse efeitos com os quais eu tenho medo de arcar. É como se o obstáculo fosse um aviso para não ir adiante e se eu insistir, então é problema meu e sempre vai ser um problema, não existe segunda opção ou até existe: trágica e sozinha, assim é mais fácil.

Loreley.

terça-feira, janeiro 06, 2009

No tempo das uvas

Uma vez, há muitos anos atrás (parece início de conto de fadas, mas não é), assisti a um curta-metragem na TVE, que nem sei se ainda existe, chamado "No tempo das uvas", só lembro que era com Ana Paula Tabalipa, jamais consegui encontrar esse filme de novo, mas ele me marcou profundamente.
Contava a história de uma senhora idosa, que recordava a sua juventude em que ela vivia às voltas com dois amores: o Arlequim e o Pierrot, obviamente o primeiro representava toda a alegria, descontração, paixão, divertimento, enquanto o última era mais sério, comprometido e dedicado, afinal foi com este com quem ela se casou, pois o Arlequim realmente não passou de um momento alegre e apaixonado de sua vida, deixado para trás pela segurança e estabilidade, não sem tristeza. Mas o mais importante de tudo, foi a sua descoberta posterior e que conclui o filme de que o Pierrot também tinha dentro dele um Arlequim, que ela terminou amando e se divertindo ao longo dos anos em que foi casada e feliz, sobrando para o primeiro Arlequim somente as lembranças, nostálgicas, porém aliviadas.
O que me impressiona e marca até hoje, todas as vezes em que me lembro desse filme é que eu também tenho uma tendência a me apaixonar perdidamente pelos Arlequins da minha vida, oss quais trazem alegria e exberância e me sacodem da minha estabilidade como uma lufada de vento que vem do mar, bagunçando meu jeito às vezes tão certinho de ser, me sacudindo da minha rotina, porém, normalmente, esse mesmo jeito estouvado e louco que me apaixona, termina se mostrando leviano e trazendo uma certa pitada de crueldade, egoísmo e inconsequência que me ferem profundamente e, depois de um tempo, terminam por me machucar com suas atitudes impensadas. Não, eu não tento controlá-los, amo-os em sua liberdade e loucura, por isso deixo-os serem quem são, porém, eles não compreendem essa liberdade e vivem como se nada pudesse me atingir e assim me magoam e eu me afasto.
Nesse momento, surge o Pierrot, calmo, tranquilo, me inspirando toda a confiança e segurança do mundo e, normalmente, é por ele que eu opto, mas alguns Pierrots simplesmente não têm um Arlequim dentro de si e aí sempre termino achando que fiz a escolha errada. Ainda não tive a sorte da mocinha do filme de encontrar esse Arlequim perdido dentro de um Pierrot e viver o que amo e gosto só com um homem, vivo uma dualidade constante em que escolho o Pierrot sempre e desejo o Arlequim perdidamente, ainda que só na minha fantasia...

Loreley.

segunda-feira, janeiro 05, 2009

Cada pessoa que entra em minha vida,
Todos que vêm e caminham comigo por um tempo,
Dividem risos, amores, carinhos, sonhos, desejos...
Tornam mais difícil a minha arte de ficar sozinha.