quarta-feira, agosto 30, 2006

Vinhos e Utopias

Na frente da minha casa não tinha um bar de esquina e minha vizinhança era muito tranqüila e respeitosa. Brinquei amarrando corda nos carrinhos, subi em árvores pra pegar goiaba de vez, ri assistindo Chaves e comi manga verde com tempero seco e sal por quase toda a minha infância. Na adolescência eu não tive amigos embriagados, crises de identidade e nem me deixei influenciar pelas competições da puberdade. Fui virgem durante muito tempo, embora me relacionasse bem com as pessoas, e até os 20 anos eu namorei apenas duas mulheres cujos lábios e as mãos foram as únicas partes que pude tocar e imaginar nos meus momentos de prazer pessoal.

Entrei cedo na faculdade, assim como na igreja. Cursei os estudos e a vida no intuito de seguir um caminho tranqüilo e sem dívidas, ter uma mulher muito bonita e fiel, uma filha mais velha e um mais novo, carro na garagem, casa, emprego... Enfim, idealizava o “way of life” de cada vizinho do bairro que abrigou a minha infância sem deixar mágoas ou traumas.

E fui feliz assim por muito tempo.

Mas no fundo no fundo, não era bem isso que queria. Já não estava na casa dos pais, não tinha vínculos, nem filhos e muito menos uma mulher que tornasse a minha vida uma rotina. Era livre. Livre para as palavras, para o vinho, mulheres descompromissadas e noites enluaradas. Acordei então da utopia nascida numa infância feliz, qual essa não guardo rancores, mas que não se adequou à vida adulta que me reservava nos colos manjados das minhas amantes ávidas por cédulas e conversas, dos bares da vida e do vinho nosso de cada dia.


Um abraço aos Confessioneiros!



Adagga

Alguma coisa...

Hoje o fim de noite foi bem reflexivo. Eu mais outras amigas, saímos para um lanchinho básico, aquele que a gente come perto de casa mesmo. Só pelo prazer de nos encontramos.

Conversamos sobre a vida. E até da vida das pessoas (rs). Julgamos um pouco. Pensamos. Mas o assunto intrigante da noite foi o medo.

Acho que uma delas me achou um pouco “muito bem resolvida”. Nossa quem dera! Mas tudo bem, em momentos diferentes teci meus pensamento a respeito delas. Enquanto falavam é claro. Não ia conseguir falar e julga-las ao mesmo tempo. Na verdade, ainda que pareça piegas, mais questionei e refleti sobre suas personalidades e diferenças do que as julguei. Seria quase capaz de afirma que não as tinha julgado, mas como já me entreguei acima, dizendo que uma delas me achou “muito bem resolvida”, então não da mais pra dizer o contrario.

Mas sim e o medo? Pois é o medo. Falamos sobre ele. Eita que sobre esse, nós temos até vergonha de falar. De senti-lo e de falar que sente. Mas eu confesso, não nego... Esse aí já me fez parar! E também me fez chorar.

Até comentei que o medo é um sentimento que ocorre quando estamos diante de algo que não conhecemos... Lógico que isso eu li num livro. Não descobri sozinha não. Aprendi que quando estou diante de algo que não sei o que fazer ou falar ou o que vou ouvir, sinto medo. Pense...

Também já ouvi que o medo é uma coisa boa, pois nos faz ter prudência. Sem ele fazemos mais besteiras do que de costume, ou seja, ele baliza alguma de nossas vontades e atitudes. Logo penso que o medo é importante. Então o que fazer?

Rapaziada, aí vai um conselho (de uma pessoa que ainda não se imunizou deste sentimento): Conviva com ele! É! Acharam que eu ia ensinar a não tê-lo? Jamais!

Não é fácil conviver com ele. Não mesmo. Mas não é por isso que vou deixar de falar o que faço com este sentimento que tantas vezes me atrapalha. As vezes me pergunto por que estou sentido. É divertido quando percebo que é por uma coisa tão boba. Por exemplo, estou sentindo medo, pois podem saber que eu não sei tal coisa. E daí? E daí se eu não souber tal coisa. Mas vão sair pensando que eu não sei!! E daí? Azar! Oooo até parece Ana, que você sempre pensa assim?! Mas é claro que não.

Procuro pensar assim, pois o que sei e até onde sei independe do que pode acontecer. Nem sempre domino o medo com isso. Mas procuro entender o porquê de tanto medo. As vezes percebo que devia me preparar mais. Ai deixa de ser medo e passa a ser raiva. Pois sei que não estaria sentindo medo se soubesse o que fazer.

Mas viver é escrever uma historia e não sabê-la. E de preferência escrever a própria historia, e não deixar que alguém escreva. Portanto improvisem! Ou se preparem antes, pois a vida não para!

Ana

segunda-feira, agosto 28, 2006

Meu bem

Amigos, quanto tempo. Estive pensando na minha vida por esses dias. Sem conclusões importantes, apenas algumas idéias abandonadas e outras mantidas, mas comprovei que as pessoas precisam desses momentos a sós, pois conhecer a si mesmo é fundamental para que não se perca o fio da meada. Sugiro a todos um diálogo com as suas pessoas, num jantar, quem sabe, e que todas as facetas sejam convidadas.

Deixo alguns versos para ela, a quem tanto respeito e dedico não menos que minha vida e pensamento, no sentido de fazê-la saber o quão grande é aquilo que me faz vivo e feliz. Digo que em palavra não posso definir tal sentimento. Algumas migalhas poéticas o façam, talvez, mas ainda assim não passam de migalhas.

Meu bem
Não temas por estar sozinha
Estava contigo
E além
Muito antes que tu fosses minha.

Vivi a tua essência
Sonhei com o teu ser
E bem antes de ter sido gente
Amei sem poder te ver
Na morada da minha mente.

Dizem que sou louco
Por amar em pensamento
Que seja
Ama-se pela eternidade
Vive-se por um só momento.

***

Estou aqui por esses dias
Meio que em despedida
A pensar nas alegrias
E também nas agonias
Disso que se chama vida.

Ah, meu bem...

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Saudades, sempre.


Valério Beltta
Odeio ter essa sensação...
Que ódio que estou sentindo de mim mesmo!!!
Eu queria mesmo era virar coqueiro!!
"Se eu pudesse, eu abria um buraco, metia os pés dentro e criava raiz!!"
É a música em que eu mais penso quando estou assim!! Mas logo depois reluto, como eu iria me coçar??
Sim, mas não nos desviemos do assunto. Eu sou assim às vezes, começo uma coisa, enrosco em outra e acabo perdendo o fio da meada.
E continuo com raiva de mim!!! Sei que daqui a pouco vai passar, mas agora tá difícil. É por isso que me poupo de sentir! Saudades, carência, solidão... Isso tudo é uma p... perda de tempo!! Disperdício de energia. Falta do que fazer e do que pensar. Prefiro acreditar nisso. Me preservo de tantos aborrecimentos!!
Hoje eu estava mesmo afim de virar coqueiro!! Ficar longe dessa podridão do ser humano que é todo cheio de artimanhas para prejudicar o outro e tirá-lo do sossêgo de seu mundinho para atormentar-lhe a cabeça!
E essa dor que não passa. Que chateação. Lá vem as lágrimas... droga... e ainda há mulheres que dizem adorar ver homens chorando... Cruéis, sádicas malditas. O ser humano e sua podridão mais uma vez. Estou farto!! Por isso me fecho em sete, setenta, não!! Sete mil chaves!! Não quero mais sentir tanta dor! Chega!!
O que me importa mesmo é o palpável, o que de fato tem me trazido boas lembranças.
Sílvio

domingo, agosto 27, 2006

Refrão

O post me fez lembrar dessa música Ana.

Eu que falei: "nem pensar..."
Agora me arrependo, roendo as unhas
Frágeis testemunhas
De um crime sem perdão

Mas eu que falei sem pensar
Coração na mão, como refrão de bolero
Eu fui sincero
Como não se pode ser

Um erro assim tão vulgar
Nos persegue a noite inteira
E, quando acaba a bebedeira,
Ele consegue nos achar

Num bar
Com um vinho barato
Um cigarro no cinzeiro,
E uma cara embriagada no espelho do banheiro

Ana
Teus lábios são labirintos, Ana
Que atraem os meus instintos mais sacanas
Teu olhar sempre distante sempre me engana

Eu que falei: "nem pensar..."
Agora me arrependo, roendo as unhas
Frágeis testemunhas
De um crime sem perdão

Mas eu falei sem pensar
Coração na mão, como refrão de bolero
Eu fui sincero, como não se pode ser

Coração na mão como um ferão de bolero
eu fui sincero como não se pode ser

Um erro assim tão vulgar
Nos persegue a noite inteira
E, quando acaba a bebedeira,
Ele consegue nos achar
Num bar

Ana
Teus lábios são labirintos, Ana
Eu sigo tua pista todo dia da semana
Eu entro sempre na tua dança de cigana

Ana
Teus lábios são labirintos, Ana
Que atraem os meus instintos mais sacanas
E teu olhar sempre distante sempre me engana
E eu sigo sua pista todo dia da semana
Ana!

Marquês.

sexta-feira, agosto 25, 2006

Ana e minhas loucuras....

Queridos amigos, primeiro quero expressar como é bom estar aqui. Como é bom saber do que vocês sentem. Como é bom conhece-los. As vezes ficamos tão rodeados de gente, falando de tantas coisas e de tantas pessoas, mas não falamos de nós mesmo. Até contamos o que fazemos e o que nos acontece, mas não falamos do que sentimos. E aprendi: a vida sem vínculos, ainda que nos decepcionemos, de fato não vale a pena. E vou mais longe, amigos são imprescindíveis. E mais uma vez repito, acho que até precipitadamente (ai, ai...como sempre eu e meus sentimentos impulsivos...não vou esconde-lo) mas posso chama-los de amigos.
Nem sempre me identificando com todos, mas contemplando as diferenças e em alguns momentos me escandalizando com o que não esperava ler. É gente, me escandalizei, não por ingenuidade, mas sei lá por que. Simplesmente porque não esperava. Pode haver mais coisa, mas por enquanto não saberia dizer nada além disso. Mesmo assim como é bom conhece-los.
No mais, minha semana foi cheia. Na verdade desde quinta feira passada que os dias têm sido cheios. Com um trabalho pra ser finalizado em 5 dias, tive que correr contra o tempo. Deu tudo certo e assim entra outro trabalho, desta vez com mais tempo pra ser entregue.
Junto com isso, tive uma TPM terrível (eita que os homens odeiam essa palavra), mas foi ruim mesmo.
Além disso, tive que tomar uma decisão: terminar meu namoro. E terminei. Percebi que não gostava o suficiente para assumir uma coisa mais seria. E também não ia continuar só por continuar, sem propósito, só pra passar o tempo. Não estaria sendo verdadeira nem comigo, nem com ele, nem com os homens e nem, principalmente, com Deus.
Já não ia bem. Porém havia uma coisa muito boa construída e não queria aceitar que simplesmente não era.
Leveza é o que sinto agora.
Bom, só pra situar vocês: primeiro a TPM, depois o trabalho pra entregar; depois o termino; depois o trabalho entregue e por fim a TPM acabou.
E pra fechar essa confusão todinha, teve um acontecimento muito chato esses dias. Tive uma reunião de trabalho, um desses coquetéis bem chatos, que você vai pensando: “que saco, queria ficar em casa e fazer minhas coisas”. Conhecia pouca gente e fiquei deslocada. Uma boa parte do trabalho desenvolvido para que esta reunião acontecesse era meu, mas reconhecimento que é bom, nada. Não sei nem se devia escrever tudo isso, mas gente foi isso que senti. Senti-me péssima. Bem que queria não ter sentindo isso, é tão pequeno. Mas no fundo esperamos o mínimo de reconhecimento.
Sai cedo de lá. Não agüentei. (Acabei de pensar que meu próximo desafio vai ser ficar num local que eu não esteja me sentindo. Pronto! É isso, da próxima vez só de mal, vou ficar pra aprender a lidar com isso. Se não der certo tento novamente. E se mesmo assim não der certo... Bom gente, não sei. Não sei se vou aceitar esta impotência ou se vou me martirizar por ela)
Bom, foi isso, sai de lá e enquanto dirigia pensava em tanta coisa. E principalmente: sentia-me usada. Depois disso fui pra casa de uma amiga, conversei um pouco. Ela me questionou se não era coisa da minha cabeça, eu também me fiz a mesma pergunta. Falei que poderia ser. Só consegui me sentir melhor hoje pela manha, quando me lembrei que podia cometer o mesmo erro.

Afff... Hoje tô um saco hein, só reclamação.

Obrigada a quem chegou até aqui.

Ana

A volta de Billie

Acabei de ler um texto de um amigo que me inspirou muito, despertando em mim a fúria diplomática típica de Billie.
O texto falava de pessoas que detestam fazer vexames em demonstrações desesperadas de paixão e loucura na tentativa de manter o ser amado. Ele descorria sobre a capacidade que todos nós temos de conter esses sentimentos e nos comportarmos de maneira mais digna, sem incomodar os outros e sem denegrir nossa própria imagem. Pena que nem todos pensem assim.
Achei suas colocações fantásticas e extremamente coerentes. Mas entrei aqui na verdade, para desabafar toda a raiva que o texto me fez sentir.
Raiva de todas essas pessoas que se permitem viver esse tipo de situação vexatória em prol de ter o que querem, de manter sob seu julgo pessoas as quais dizem amar loucamente. Que raio de amor é esse??? Isso não é amor!! Isso não passa de um sentimento mesquinho e egoísta, em que a pessoa se imerge e se esconde por trás dele, maquiando-o de amor sem limites e sensibilidade à flor da pele. Patéticos!! Só pensam em si mesmos e no que querem, e bradam a todos os cantos que vivem em funçao do outro, são mais fortes do que muitos, apesar de não pouparem lágrimas.
São muito mais fortes do que aqueles que estupidamente se deixam convencer e vencer por tantos apêlos.
Pode ser que muitos de vocês estejam se indentificando com a descrição destes monstros em potencial, mas eu posso dizer de consciência limpa que nunca atropelei sentimento de ninguém por causa dos meus, pelo menos não neste sentido. Posso até tê-los atropelado de maneira inversa, por não gostar mais. Acho que é mais verdadeiro e menos nocivo.
Detesto dar trabalho para aqueles que por alguma razão deixaram de gostar de mim ou nem sequer chegaram a fazê-lo. É muito simples: é só dizer que não me quer mais ou dar aquelas desculpas conhecidas por todos nós. O que me deixa deveras indignada é me deixarem no vácuo, amando sozinha sem saber que o lance acabou. Isso sim me tira do sério, mas nunca de cima dos saltos. Choro sozinha, exorcizo todos os demônios na "cama que é lugar quente" (como diz minha irmã), me permito sofrer por uma semana, quinze dias no máximo. Findo esse prazo, bola prá frente! E não coloco isso como uma expressão de autruísmo ou nobreza. É puro orgulho, o que também me faz pagar preços altos e não concebo como um sentimento bom, pois já me causou vários problemas, mas isto é assunto para outro post.
Espero nunca ter que engolir seco tudo isso que digo e sempre pensei, mas pode acontecer! É um risco que corro e assumo. Não vou dizer que "desta água não beberei", mas espero estar completamente fora de mim de tanto egoísmo para que não sinta sequer o gosto amargo desta água.
Um grande beijo
Billie Jean

Meu sumiço.

Boa noite a todos. Posso dizer que a saudade é bilateral. A ausência foi causada por uma autodisciplina imposta por mim mesma a fim de concentrar minhas energias em mim e em meu trabalho.
Mas não minto meus amores, morro de saudade de vocês. Mas é necessário... Tenho que aprender a me disciplinar. Afirmo que a indisciplina me persegue e é terrível conviver som esta realidade.
Um bj

Ana

quinta-feira, agosto 24, 2006

Pessoal, não sei se vocês sabem, mas adoro usar letras de música pra expressar o que sinto. Neste momento quero dizer isso pra mim mesma:

"...Pare de reclamar da vida
Não adianta se você fez o que fez
Não adianta achar a chave pra partida
Se você não está disposto a correr..."

Amemos a vidaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!
Bjos
Julianna

Amargo

Caros amigos do confessionário,

Aqui estou eu novamente, sei que não pediram minha volta, e em verdade chego a duvidar que me querem aqui, com minhas postagens polêmicas e irritantes, afinal já cheguei a irritar personagens aqui e causar ódio. Mas acredito na liberdade que o confessionário me permite e espero que acreditem que minhas palavras não são puramente amarguras, são apenas reflexo de uma visão de mundo que não coaduna com a da maioria.
Pois bem, tenho notado na maioria dos membros deste blog sentimentos bonitos, o amor está no ar, ou melhor na net. Mas quero lembrá-los nessa postagem que não só de amor é feita a vida. O amor é um sentimento belo (para muitos nem tanto, pois trás frustração). Mas o amor não é belo por si só, ele só é belo porque existe o ódio e o rancor. A beleza dos sentimentos opostos e atagonos ao que nós imaginamos ser o ideal é o resgate, é a lembrança de que aquilo que nos causa conforto só existe mediante aquilo que nos causa angústia, no que incomoda, no que no deprime. Existe algo melhor que uma reconciliação após uma boa briga? Existe alívio melhor do que aquele proveniente de uma dor profunda? E o que seria da nossa fé em Deus se não fosse o diabo? Assim, admiro o amor e a beleza, mas admiro mais ainda o ódio e a feiura, que nos impulsionam a lutar pelo doce da vida, mesmo que isso nunca chegue.
Encerro deixando aqui uma frase de um filme que é bom em sua versão "hollywoodiana" e excelente na versão "chiquenha", abre los olhos ou vanilla sky: "sem o amargo, o doce não é tão doce".
Sinta o amargo da vida e se sinta impulsionado a transdormá-lo em doce.

BoB

quarta-feira, agosto 23, 2006

Gosto do Adagga,

volta Adagga.
Carlota

Vocês fazem falta!

Billie jean
Ana
Cris Moreto


Julianna

Personalidades

Eu tenho várias personalidades. Quando criança, fui um príncipe de um lugarejo distante, na Inglaterra medieval; hoje sou um artista que faz filmes europeus, e mora em Paris. Até já fui entrevistado pelo Jô Soares, não sei se em francês ou em português, sei que foi uma entrevista engraçadíssima. Coitado de mim, tudo o que tenho é uma casa com algumas macieiras, e um rio, que eu, enquanto príncipe, banhava até o anoitecer.

Meu pai era um homem sempre cansado, que se queixava de tudo e só falava sério, não brincava nem sorria. Na rua, o contrário: não havia ninguém que o tivesse conhecido que não se lembrasse dele como um excelente papo, sempre às gargalhadas e cheio de história para contar, permanentemente interessado em conquistar todas as mulheres do mundo. Pobre da minha mãe, que, não sabendo como agir, se encolhia dentro de si mesma, sem se manifestar.

Minha mãe; era estranha nossa relação. Não que fosse ruim, isso não. Simplesmente não era. Jamais tivemos uma briga, uma discussão. Não que ela fosse indiferente: acho que ela não tinha coragem de me enfrentar, nem mesmo quando eu era muito pequeno. Tinha por um lado uma enorme admiração por minha coragem e independência, mas nunca conversou comigo sobre assunto algum, éramos dois desconhecidos, apenas morávamos na mesma casa, e, se alguém me pergunta hoje como era minha mãe, não sei responder. Acho que ela não conseguia se comunicar, nem comigo nem com ninguém. Uma vida não vivida, penso eu. Um dia ela me contou que fez uma curta viagem, foi visitar a família, e num determinado momento o ônibus parou para que os passageiros fossem ao toalete, bebessem alguma coisa. Ela, que estava só, desceu, sentou-se numa mesa e tomou um café com leite; e me disse que essa foi a maior aventura da sua vida. Nunca me esqueci disso. Eu não sei o que quero da vida, mas sei bem o que não quero: ter uma vida igual à dela.

Bel Ami

segunda-feira, agosto 21, 2006

Liberdade, ainda que tardia...

Concordo plenamente com a caríssima e suave Julianna e com Raul Seixas.
Mudar é fundamental. Mudar de ares, de amores, de casa, se der vontade, até de emprego e principalmente mudar de opinião é quase sempre muito saudável.
Eu sou uma pessoa muito mutante, não inconstante, mas sempre aberto a mudanças. É a melhor forma de crescer, de aprimorar. Tenho horror a pessoas inflexíveis, imutáveis. A maior parte delas é chata, monótona e assim como se negam a absorver algo novo, têm muito pouco a acrescentar, isso a partir do segundo encontro porque no primeiro, elas parecem ter apenas o "gênio forte". Elas não absorvem informação alguma e não é porque não entendem, mas porque simplesmente não ouvem, não veêm e tocam nada que não esteja de acordo com seus rígidos formatos e princípios.
Nós estamos nesta vida, para desbravá-la e não para nos mantermos estáticos no mesmo lugar, com as mesmas pessoas e ouvindo e falando as mesmas coisas.
Hoje, estou muito feliz pois tive a certeza de que tudo muda até aquele sentimento apaixonado que temos por alguém pode mudar. Encontrei-me com minha ex-amada e tive a plena sensação de contentamento indescritível de que nada restou do que um dia chamamos de amor. Vocês não tem a dimensão da leveza que sinto em meu peito.
Como todos os amantes, eu tinha a plena certeza de que aquele sentimento, que um dia me levou ao céu e há pouco me sufocava, um dia iria ter fim e de uma forma tão leve.
Amigos, como eu queria poder sair gritando como um escravo auforriado que acaba de receber sua liberdade. Mas não pensem que as coisas acontecem de um dia para o outro. Infelizmente o processo é moroso e angustiante, como muitos de vocês ou até todos já devem saber.
O melhor de tudo isso é que eu consegui me libertar de tal prisão sem que fosse preciso encontrar uma nova mulher para amar. Eu estou livre, leve e amando mais do que há muito não fazia, amando a mim mesmo, meus filhos e minha vida, que um dia se resumiu ao cotidiano tranqüilo e feliz de um homem casado e apaixonado por sua esposa.
Atualmente, continuo saindo do trabalho ansioso para voltar à casa, compro flores como de costume, acordo cedo e preparo um café maravilhoso e sinto-me feliz pelo dia, pelo sol e pela vida, almoço em casa e adoro o dia-a-dia doméstico com as crianças, semtanto saudosismo como antes, mas muitas boas lembranças. Continuo otimista e mais do que nunca, crente na felicidade a dois, a três, a mil!!!
Cara e saudosa, Maria Maria, lembra do que você nos perguntou há muito tempo? Agora, eu posso responder-lhe com toda certeza. Sim, é possível ser feliz sozinho, que Vinícius nos perdôe...

Um grande abraço a todos os que hoje, já são grandes amigos
Lord Strangford

Vocês não precisam entender...

Estou cansada de ter que ter uma resposta e principalmente de ter que sustentá-la pra sempre... eu quero ser essa metamorfose ambulante...EU QUERO VIVER ESSA METAMORFOSE AMBULANTE... eu sou essa metamorfose ambulante...
Julianna

METAMORFOSE AMBULANTE
Prefiro ser essa metamorfose ambulante
Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Eu quero dizer agora o oposto do que eu disse antes
Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou
Se hoje eu sou estrela amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator
É chato chegar a um objetivo num instante
Eu quero viver essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou
Hoje eu sou estrela amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator
Eu vou lhes dizer aquilo tudo que eu lhes disse antes
Prefiro ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
(Raul Seixas)
Momento de silêncio no confessionário...


Adagga

sexta-feira, agosto 18, 2006

Minha queda

Pensei bastante antes de escrever...
Na verdade, pensei em não escrever. Fiz várias coisas antes, para que pudesse esquecer de começar a teclar para você.
Mas não teve jeito, quando as lembranças vêm, entramos em uma ilusão que vai além de nós, não há como conter. Então o que nos resta é apenas escrever.
Entrei no seu blog, e logo vi que havia uma nova poesia. Então, como era de costume, comecei a ler. Era grande e bem profunda. Fui me envolvendo, e me perdendo por meio de tantas rimas. Logo terminei. Achei-a boa, apesar de um pouco difícil, como sempre.
Quando desci os olhos, vi que no canto havia um nome para quem a poesia fora escrita. Então uma pausa. (Foi exatamente assim que fiquei branca, sem nenhuma simples reação).




Nesse momento me senti um pouco traída, na verdade, me senti completamente traído, como um homem que pega sua mulher na cama com outro (um homem sim, por que uma mulher que ama demais perdoa, já o homem...).
Logo comecei a pensar em como você pôde fazer aquilo comigo? Então na verdade você sempre mentiu pra mim? Era isso?
Lembrei de como as minhas poesias eram lindas, fiquei com tanto ciúme que esqueci o quanto a que fizera pra ela era também, e comecei a achá-la uma droga, não chegavam nem aos pés de sua inspiração para comigo.
Mas como? Como? Eu era a musa, e não abri mão do meu posto para ninguém, como você pode me ferir assim?
Vi a minha queda.
Que comédia, não?! A que ponto vai a mente louca de um ser humano.
Voltei à realidade. Li mais uma vez a poesia. Só que desta vez, admirei junto com você o que havia feito pra ela, por ela. E vi que não adiantaria minha raiva, minhas súplicas saudosas.
Somos nós o passado e vocês, o presente.
Hoje ela é a nova musa - inspiração, e tenho certeza de que fez por onde conseguir isto.
PARABÉNS!


Mística

quinta-feira, agosto 17, 2006

"Eu não estou interessado em nenhuma teoria" (Belchior)

estou com o Bel; façam-me rir também.

Carlota

Mais uma vez amor

Acho que o conceito de amor não é algo fácil de se construir, e sinceramente não sei se é possível ou mesmo necessário fazê-lo. Às vezes nos perdemos tanto querendo conceituar esse sentimento (como se pudéssemos realmente dar-lhe uma definição exata) que nos esquecemos do principal: de amar. Hoje penso que o amor é simplesmente amar! E eu não quero entender racionalmente o que significa isso. Como já disse no último post, quero doar pro meu amor aquilo que de melhor há em mim e fazê-lo feliz e ser feliz. Só isso. Não concordo quando dizem que para amar temos que renunciar à própria vida. O amor exige renúncia sim, mas uma renúncia de tudo o que abafa o amor. E de tudo o que não deixa o amor florescer eu realmente quero me ver livre. Para simplesmente amar.
Um grande beijo a todos com muito carinho
Julianna

Era uma vez o amor...

Cansei de tentar entender essa palavra de quatro letrinhas a que atribuem tanto valor. Cansei... Vamos dar um tempo. Eu preciso rir. Por favor, postadores deste blog, me façam rir. Todos precisam.

Bel Ami

Maior que tudo

Pelo visto o assunto da semana foi o amor, o que é uma pena, não que eu desconsidere esse sentimento, mas não estou amando, e embora acredite que sou mais feliz quando amo, falar de amor sem isso me deixa extremamente triste. Li os posts deste blog, todos se ocuparam do amor, e muitos me tocaram. Me iludem. Todas as afirmações estariam corretas se houvesse apenas um amor, ou apenas dois amores, ou apenas amores idênticos. Por isso, não encontrei resposta válida para a pergunta: o que é amor? Em cada texto, para todo o pensamento existe apenas o amor, assim como existe o homem na biologia.

Meu amor foi diferente de todos, e não é exclusividade minha, a da maioria, para não dizer a de todos, foi assim. Não gosto de comparar amores, e odeio a palavra "amor", ela é cheia de dúvidas. Eu, por exemplo, não sei diferenciar amor, paixão e carência. Por isso é muito cômodo dizer que no passado eu tive paixões ou carências, já que está no passado mesmo, e que de pouca coisa eu me lembro.

Sempre que estou sozinho, na madrugada, pego uma coca-cola, vou para a varanda daqui de casa e acendo um cigarro. Não sei se é culpa da madrugada, da coca-cola ou do cigarro, mas sei que fico com vontade de ligar pro meu atual "amor". Isso é amor, paixão ou carência? Não sei. E, me desculpem, não quero saber mais que isso. Quero dormir em paz.

Comecei a desconfiar que o amor não é tudo; até é, enquanto se está amando, mas, para viver uma paixão é preciso renunciar à própria vida, uma opção perigosa que não costuma ser eterna. O amor é quase tudo; mas a vida que é maior que tudo.

Bel Ami

Acredito, sempre!

Falam do amor como um acessório que se faz necessário em alguns momentos e provisório noutros! Onde está a busca, a conquista, o desejo pelo homem e mulher amada, a eternidade? Por acaso esqueceram vós de que estamos cada vez mais afastados como pessoas por conta desse amor pífio e momentâneo, cujo afeto não passa de um respeito apático praticado por muitos temerosos pelo que hão de descobrir nos corações alheios? Assumiram então a passividade dos sentimentos e as almas pouco sonhadoras? E a saudade, o que me dizem da saudade? Trocaram-na pelo vazio da solidão?

Gostaria que não fosse assim, pois me cansa a frieza sincera dos nossos dias, mas devo e vou respeitar a diversidade sentimental de cada um. Acontece que acredito tão cegamente no amor – embora nem sempre tenha sido feliz por causa dele – e por ele faria tanto, que uma alma solitária que em si não tenha dor a mim causa surpresa e um pouco de espanto.

Versos de saudade para a mulher que amo:

Por dias sonhei
Sonhei, sonhei...
E nesses sonhos vazios
De luz ofuscada
E eu na calçada
Só te esperei
Esperei, esperei...
Você descer a ladeira
Sorriso no rosto
Dizendo pra mim:
Cheguei, cheguei!
Mas foram só sonhos
Sonhos vazios
E logo acordei
Chorei, chorei...

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Saudades, meu amor, sempre!
Valério Beltta

quarta-feira, agosto 16, 2006

Diante de tantas divagações acerca do amor, me sinto sem fôlego e sem palavras depois de ter visto muitas das minhas indagações, conflitos e opiniões flutuando neste grande aquário, como alguém já disse um dia...
Pela ausência de forças e de palavras, hoje, faço minhas as palavras de um dos homens que mais admiro e deixo-as aqui para o deleite de todos os confessioneiros.

OS OMBROS SUPORTAM O MUNDO

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios provam apenas que a vida prossegue e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
Prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Carlos Drummond de Andrade


Este poema já se fez voz em minha alma por muitas noites de angústia, cansaço e apenas uma gota de esperança, pois de uma forma ou de outra "meus ombros ainda suportam o mundo e ele, ele não pesa mais que a mão de uma criança...". "Por isso agora, eu sou todo certeza. Já não sei mais sofrer."

Sílvio
É engraçado ver tanta gente falando que não conhece o amor, parece que temos mais isso em comum. Alguns poucos declararam já ter amado, como Juliana e Valério Beltta, mas a maioria ainda espera e parece acreditar piamente que nunca amaram.
Bem, eu peço licença a todos que expuseram sua inexperiência no amor para afirmar: duvido muito, acho que a maioria de nós já provou o gostinho de amar e talvez tenhamos ficado um pouco decepcionados por não ser tudo o que pensávamos ou esperávamos. Talvez antes de sofrer de falta de capacidade de amar, soframos, sim, de expectativas frustradas, de excesso de idealização e super valorização desse sentimento, que é bonito, mas pode se manifestar de formas tão diversas como são diversos os homens e nem sempre vai ser tão intenso como aparece nos filmes e novelas, nas poesias e na bossa nova...
Confesso que estou avaliando todos por mim mesma e através da minha própria experiência, que é a única de que posso partir para falar alguma coisa e por isso fiz essa afirmação.
Eu idealizo muito o amor, a paixão e por isso termino achando que o quê sinto nunca é intenso, grande ou arrebatador o suficiente para ser classificado como amor ou paixão. Então acabo definindo que não sinto nada. Não porque não sinta efetivamente, mas porque acho que o que sinto não é digno de ser denominado amor ou paixão da maneira como deveriam ser, da maneira como esperei que fossem...
Por isso ,acho que esperamos demais do amor e por isso ele nunca é satisfatório quando chega. Termina rodeado de questionamentos, como: será isso amor? será que eu não poderia sentir algo mais forte por outra pessoa? E aí deixamos de viver o momento e tudo que aquele sentimento tem a nos oferecer, somente porque ele não se enquadra no padrão do que o amor deveria ser, do que nos foi ensinado que seria...
Hoje posso dizer que amei e muito, amei do amor paixão que deixa o rosto quente e as bochechas afogueadas, o coração palpitando. Amei do amor construído na convivência diária, no conhecimento de pequenas coisas do outro que o tornam especial e único, como o jeito que respira quando está dormindo ou sorri quando escuta alguma história do meu dia...
Todas as duas formas são deliciosas e tem também os seus percalços, mas ambas tiveram em comum em minha vida o fato de que eu sempre achei que não estavam acontencendo no momento em que eu as vivia e foram cercadas de questionamentos, que sempre tentavam diminuir o sentimento, inconscientemente, pois eles nunca se encaixaram nas minhas expectativas do que deveriam ser...
Houve também algo que hoje classifico como medo, medo do incontrolável e da vulnerabilidade que fazem parte da pessoa que ama. Um excesso de consciência, que, por vezes, nos impede de viver o momento com toda a sua intensidade e da maneira real como ele se apresenta, preferindo a ilusão do idealizado.
Mas eu vivi esses sentimentos. Tenho tentado agora simplesmente vivê-los enquanto estiverem comigo...É o que desejo a todos!
Muita Luz. Morgana.

terça-feira, agosto 15, 2006

Odeio falar sobre o amor, pois de fato nunca amei verdadeiramente. Gostei de algumas pessoas, chorei, tive saudades e até fiz promessas, mas realmente eu nunca cheguei a provar dos tipos de amores aqui citados pelos irmãos de Confessionário. Não sei se isso faz de mim uma pessoa menos isso ou mais aquilo, mas a verdade é que a solidão não me perturba e vivo momentos tristes e felizes como qualquer um outro que esteja amando ou não.
Certo, um homem precisa escrever um livro, plantar uma árvore e fazer um filho, como ensina minha querida avó, mas em nenhum momento é dito que preciso fazer tudo isso com e pela mulher que amo. Portanto, hei de cumprir minhas metas ainda no seio da vadiagem que tenho por direito, gozando do vinho, das cantigas e da luxúria que a madrugada de São Luís ainda tem a oferecer (estão transformando a ilha num recinto de bons costumes!), amando todas as noites como se cada uma delas fosse uma linda e carente mulher em busca do príncipe concretizado nos beijos ao relento e nas palavras poéticas de amor.O estado de graça do apaixonado é tão eterno quanto a beleza refletida em seu olhar, seja a beleza do prazer que pode ser tocado pelas mãos ou a essência ainda intacta enxergada pelo seu coração.


Aqui vai um trecho de uma velha música cantada por minha avó. Quem cantava era um corno do seu tempo de infância que calçava sapatos brancos e tocava um pandeiro solitário numa mesa de bar – a esposa do infeliz fugiu com um comerciante que estava de passagem pela cidade:

Não falem dessa mulher perto de mim
Não falem pra não lembrar da minha dor
Já fui moço
Já gozei a mocidaaade
Se me lembro dela
Me faz saudaaaade
Por ela vivo aos trancos e barraaaancos
Respeitem ao menos meus cabelos braaancos!
Ninguém viveu na vida o que eu viviiii
Ninguém sofreu na vida o que eu sofriiii
As lágrimas sentidas
O meu sorriso franco
Refletem hoje em dia
Os meus cabelos braaaancos
E agora em homenagem ao meu fiiiiiim
Não falem dessa mulher perto de mim!


Um viva aos bares, os cornos e mulheres da minha vida!


Adagga

segunda-feira, agosto 14, 2006

Feliz coincidência

Esse espaço tem me proporcionado muito prazer e por que não dizer muita alegria, tamanha foi esta hoje, logo em que li os posts mais recentes e vi que o tema desse início de semana é o amor e a nossa eterna busca por uma definição do que seria esse sentimento tão difícil de descrever.
Juliana foi tão fundo em mim ao falar de beleza porque esta foi exatamente a palavra que motivou hoje a escrever. A busca pela beleza, pela beleza de sentimentos, pela pureza de sensações. Eu acabei de ler um texto de um livro de crônicas que falava exatamente disso, de que o mundo hoje tem sede de beleza, tem sede de amor. E neste emaranhado de relações que estabelecemos ao longo de nossa existência estamos sempre à procura dessa beleza soblime que chamamos de felicidade.
Brigamos, gritamos, choramos, nos retiramos, nos controlamos e amamos. Tudo em nome da busca por esta felicidade que quase nunca sabemos nem sequer o que ela exatamente significa.
Não tenho sinceramente me preocupado com a definição de nada, o que sei que o amor existe assim como a felicidade e que estão aqui, ali, em qualquer lugar. O primeiro canto em que se deve procurar é dentro de nós mesmos.
Quanto a esse amor de que todos falam entre homem e mulher ou entre duas pessoas que se querem de uma forma tamanha que acabam sendo um a continuação do outro, quanto a esse amor, eu sei muito pouco, e acho até que a idéia me amendronta porque ainda não consigo dissociar a idéia desse amor da sensação dilacerante de dor. Ainda não consegui captar a beleza real desse sentimento tão sublime. Acho que nós ainda não nos esbarramos porque acredito que é assim que acontece, a gente caminha despreocupado e de repente, não mais que de repente, ele esbarra em nós. E assim, eu sigo me escondendo, por trás de uma cortina de fumaça que de tempos em tempos eu mudo de cor e de nome, às vezes a chamo de medo, desisteresse, outras vezes é falta de tempo, também já foi orgulho e assim eu sigo, trocando de máscaras e dançando conforme a minha própria música, o que até agora tem me mantido imune a muitas dores e sem sombra de dúvidas, a muitas alegrias. Mas sei que um dia a gente ainda se esbarra, e ele verá além da cortina, além de todo medo. E sei que não será perfeito, que não será ideal, porque eu prefiro não idealizar nada. Esse amor terá algo de belo, algo de feio, mas a única coisa que posso afirmar com convicção é que será vivido. E isso pra mim, é suficiente.
Cris Moreto

Um pouco de amor...

O que é o amor... as dúvidas de Suzanna me fizeram pensar um pouco... Sei que amor nada tem a ver com obsessão, manipulação ou qualquer tipo de desespero que nos faça pensar que vale a pena usar de todo e qualquer artifício para estar ao lado de quem dizemos que amamos. Isso não é amor! Não pra mim!
Durante muito tempo esperei por um amor que me trouxesse vida e a quem eu pudesse levar também um pouco de luz. Não entendia realmente que assim é que valeria a pena, que assim é que poderia ser um pouco mais feliz. Na verdade, não entendia o que isso significava realmente, pois tudo que conseguia era apenas sonhar com uma realidade um pouco melhor, mais bonita, e que talvez pudesse nem existir...
Hoje posso ver que o amor exige muita luta sim, mas não aquela luta que travamos contra nós mesmos em favor de alguém que nem existe, ou melhor, para quem nem existimos; exige uma luta diária contra tudo aquilo que nos distancia do amor, contra tudo o que nos faz dor para o ser amado. Não estou falando de anulação, perda de identidade ou coisa parecida, pelo contrário, estou falando de uma busca constante pelo que há de melhor e mais bonito em nós para a cada dia podermos doar um pouquinho de tudo isso e fazer nosso amor mais feliz, mais completo...
Eu amo e é maravilhoso...
Julianna

Pelo menos aqui!!!!

Na tentativa de ajudar uma amiga falei tantas coisas, que até agora não sei se foi bom ou ruim... Na tentativa de sacudir um pouco o seu estado de espírito falei coisas totalmente diferentes das que eu já tinha falado. Deixei a compreensão de lado e fui falando coisas duras, pra ver se ela reagia.
Até agora não sei se fiz uma boa coisa. Só queria que ela reagisse e percebesse que a vida que tem hoje é resultado de escolhas que já fez. De riscos que quis correr! Das imprudências!

Caramba! E ainda coloca a culpa nos outros. Joga as expectativas de uma vida melhor sobre das pessoas. Desde Adão e Eva que isso acontece.
Na primeira oportunidade Adão diz que quem deu a maça foi Eva. Mas quem come???? QUEM????? Ora bolas...
Que mania que temos de achar culpados. E em vez de olharmos para nossas vidas ficamos parados olhando pro que o outro faz ou deixa de fazer... Não queria admitir, mas fiz uma dessas hoje a tarde...

Acho que é por isso que quis tanto falar algumas coisas pra ela. Ela não é vitima!!!!! E nem eu!!!!!

Que vontade de gritar... aaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!
Pelos menos aqui.

Tchau

Ana

domingo, agosto 13, 2006

Desabafo...

Tenho saudade do meu tempo de infância...
Tenho muita saudade de quando era ingênuo...
Não sou mais criança...
Não sou mais ingênuo...
E agora??? O que me tornei???
Apenas o que quero é ser verdadeiramente amado!!!!!
Não gosto de usar ninguém, todavia involuntariamente acontece.
Magoei quem não queria...
E fui magoado por quem eu queria (e muito)...

(LENTO E ENORME SUSPIRO)

Assim passei o dia inteiro...

Teônis

Mais que sentir...

Olá Suzana,

passei o fim de semana pensado em que seria o amor.
E o que posso afirma é que não sei pratica-lo. Já sabia disso e tenho vivido em busca desse amor. E penso agora que preciso investir tempo em conhecê-lo. Não o pratico, pois o conheço tão pouco.

Mas creio que amor seja bem mais que sentimentos. Amor é convicção. É amar alguém e não o que essa pessoa nos proporciona. Seja isto sentimento, emoção ou prazer.
É algo que une pessoas independe de erros e acertos. Une pessoas por serem pessoas e isto já basta para que sejam importantes.

Amor é cuidado, respeito, fidelidade, compromisso, perdão, zelo. O amor em sua essência e verdade, tudo crê, tudo suporta, tudo espera. E ainda: o perfeito amor lança fora todo medo.

Diferencia-se, pela forma que amamos. A mãe e o pai é de uma forma, o amigo e a amiga de outra, e o(a) companheiro (a) de uma outra.

Os diferenciais , sozinhos, não os tornam amor. Por isso, creio que amar é bem mais que sentir. É crer. Só sentimentos não nos fazem atravessar grandes problemas e nem mesmo permanecer no caminho que escolhemos.

Termino com a certeza de que amor não é obsessão e nem mesmo paixão. Apesar da ultima ser um ingrediente importante para um casal.

Seja bem vinda Suzana.

Ana

O Podre de Amar

Olá,
Talvez aqui encontre respostas aos meus julgamentos, incertezas e conflitos. Questiono a todos que se interessarem em ler esta postagem até que ponto é válido jogar, manipular e lutar com todos os meios por um amor? Seria este sentimento realmente amor... paixão? Ou simplesmente 'Obsessão'?. Preciso de ajuda neste julgamento e gostaria de ler histórias a respeito. Cedo emito meus questionamentos para que possam compreender tamanha indagação que me faço. Aguardo ansiosamente.

Suzanna

sábado, agosto 12, 2006

Putréfié ami

Eu não tenho nada de belo, e nem sei qual o motivo desse nome, devia ser "putréfié ami". A ocasião exige isso, minha alma também. Preciso assumir pro mundo (mesmo que as escondidas) que sou um ser podre; minha beleza, se é que um dia foi grande coisa, foi esquecida até por quem a conheceu.

Beijei um garoto esses dias, fomos pra cama e tudo, hoje ele notoriamente me deixou. Pensei comigo mesmo, "porque a tristeza se meu coração só serve pra ser usado?". Imaginei ele falando isso pra mim, "teu coração só serve pra ser usado", e me assustei. É uma frase criada pra derrubar qualquer um, mas pensei e me disse isso, e foi dolorido. Me agredi. Pelo menos foi pra mim, eu me desculpo depois. Mas quantas vezes eu disse coisas erradas, doloridas de se ouvir para as pessoas que amo? Ah! Percebi isso agora que destruí tudo.

Foi um namoro que não deu certo, eu denomino namoro pra complicar menos, nos curtimos em um tempo ínfimo, daria namoro, se eu não fosse putréfié. Não. Entendam. Não tem nada a ver com o menino que eu beijei nas últimas semanas, ele pouco me importa, foi um caso, não sinto nada por ele, só que ele me deixou. E isso machuca. Mesmo que eu não dê a mínima pra ele, machuca. Não falo dele. Falo de todos os garotos da minha vida.

Pior, dos amigos também. E não escrevo porque o cara que beijei, amanhã não fará parte da minha fatídica vida. Escrevo porque isso é quase que trivial. Tive a sorte de não gostar dele, mas já gostei de outros... que depois deixaram de fazer parte da minha vida no dia seguinte.

Escrevo em especial pra um amigo que já beijei. Queria muito que ele estivesse do meu lado pra poder contar essa história do menino que me beijou e foi embora, que nem é tão grave assim. Estou sem esse amigo. É a pessoa que eu não soube definir nossa relação passageira, e chamei de namoro. Preciso dele. E foi ele que fez eu perceber que apodreci. Ele não disse, "teu coração só serve pra ser usado", eu percebi, e isso me causa dor. É injusto já que meu coração está podre, eu poderia ser poupado.

Bel Ami

Para a Ana

A Ana me encanta. E não somente pelo seu nome, que coincide com o de alguém que eu tanto gostei, mas principalmente porque ela é simples assim: lida com as palavras com a delicadeza de uma Ana, opina de forma branda e coerente e é de uma raiva explosiva e ao mesmo tempo respeitosa. Ela realmente me encanta.
Mas o que eu acho mais interessante é que de alguma forma ela mexe com minha atenção. Não é uma sacudida como aquelas que o BoB dá nos Confessioneiros (gostaram?!), onde as pessoas ficam afoitas em dar uma resposta ao que soa como absurdo para alguns e lógico para outros. Não. A Ana simplesmente me dá uma cutucada com o cotovelo, uma pisadinha no pé ou um aceno com as mãos, e isso muito me encanta.
Até me arriscaria, no calor do meu post, a imaginar como seria uma Ana como a que nos acompanha no confessionário, mesmo que eu esteja errado. Talvez seja uma mulher que não dispensa calça jeans, adora camisetas com desenhos e tem os cabelos cacheados. Moderna, porém simples, informada na medida do possível e amante de bons livros. Penso que mantém a cautela no amor, mas é uma romântica de dar inveja aos apaixonados... Bom, eu teria muito mais a dizer, mas não vou me ater a mais detalhes, embora eu os tenha, mas que não convém cogitar por serem frutos de uma inquieta imaginação. Até porque dela eu só conheço meramente as palavras – estas que, confesso, tanto me encantam.

Viva à Ana!



Victor Adagga

sexta-feira, agosto 11, 2006

Carnaval em Veneza

Todos que aqui vêm, por aqui passam, usam máscaras como em um carnaval em Veneza, com o mesmo glamour. Ninguém conhece ninguém e esses não conhecem a si mesmos. E assim, na mentira mais bela, expôem seus sentimentos e desejos, falam de épocas saudosas e criticam os outros. Iludem-se com suas capas de aço como se nunca pudessem ser descobertos ou achados. Enganam-se mais uma vez pois o modo de escrever, os pontos e as vírgulas são os mesmos, as crônicas e poesias também. E não haverá máscaras ou armaduras de ouro para quem os conhece intrinsicamente, pois para esses, o carnaval em Veneza já acabou. E todos vocês já sabem!
Entretanto, não desanimem, não parem! É lindo ver crianças brincando de se esconder embaixo das cobertas mesmo sabendo que já foram descobertas!
Um beijo enorme
Mística

Não vejo saída...

Maxy, realmente é muito triste a realidade de toda imprensa maranhense principalmente pela sua limitação e manipulação. Tudo o que chega a nós é manipulado e em se tratanto do nosso estado a coisa é bem pior.
A única solução infelizmente é procurar vias alternativas e um pouco mais confiáveis. A primeira atitude a ser feita: mude de canal e leia outro jornal.
Essa mesma tristeza foi o que senti ao me questionar em quem iria votar esse ano. Fiquei triste pois já me sinto cansada para revolta e desta vez me vi sem saída. Entrei em uma espécie de transe depois de tanta decepção. Acho que vou presisar de um tratamento psicológico sério pra me recuperar de tanta vergonha (risos) de ser responsável por toda essa sujeira, assim como todos vocês que estão lendo agora, mesmo que vocês estejam pensando: "Ah! Eu não votei nele...". Ainda assim, sintam-se responsáveis porque ele não é o único culpado e vocês sabem disso. Essa lama não vem de ontem. Acredito que deste que o Brasil existe como lugar no mundo, seja Colônia, Império ou República. Vocês se esqueceram de que somos um país de fracos, manipulados e degenerados?? Com uma origem assim tão nobre, boa coisa essa #$#¨&¨&* de país não podia dar!!
Talvez eu esteja sendo pessimista ou até mesmo acomodada, mas hoje me vejo assim, cansada e SEM SAÍDA!
Cris Moreto
O jornalismo no Maranhão realmente me envergonha. Não digo por todos os jornalistas, pois há exceções, mas em suma o que vemos por aqui é uma descarada política de manipulação de massas, onde todos representam um mesmo objetivo, ainda que às vezes estejam mascarados, cuja mídia está repleta de figuras corrompidas e fiéis ao velho ditado: “Se não pode com eles, junte-se a eles”. Tenho vergonha de pertencer a esse curral e não poder fazer mais que lamentar.

Maxy



Se de ti não tenho os carinhos e abraços que tanto desejo ter, conserva-me ao menos o prazer das tuas conversas, a adorável companhia que me ofereces e a contida vontade do novo primeiro beijo. Com o pensamento e com as palavras, mas nunca com o toque ou com o olhar, tenho o compromisso e a satisfação de te amar e te fazer sentir amada, por todo o sempre, seja na saudade dos dias em que não estais ou no luar que tantas vezes pedi para te iluminar. Devo zelar pelo teu riso como se fosse o meu, minha flor, e fazer de ti minha única e especial mulher, ainda que nos meus sonhos. Hei de esvaziar os versos contidos no meu coração apaixonado.


Todas as Flores

Cada mulher carrega consigo o traço de uma flor
Por isso há flores e mulheres de todos os tipos.
Algumas conquistam o olhar pelo jeito e a cor
Outras despertam a paixão com um doce sorriso

Feito de néctar.

E não são todas as flores tão belas
Nem as mulheres assim tão bonitas
Mas o amor não vem de onde se espera
Só requer que você se permita.

Por isso eu a amo.

E se vejo uma rosa que me chama a atenção
É seu nome que na hora eu chamo
Brotam em mim todas as flores
Nasce um jardim no meu coração.


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Saudades, sempre.

Valério Beltta







quarta-feira, agosto 09, 2006

SOBRE PROSTITUTAS E CONFESSIONÁRIOS

Sempre tive respeito e devoção pelas mulheres da vida. Adoraria, e certamente os homens seriam mais felizes, se suas esposas, namoradas e amantes fossem ao menos parecidas com essas mulheres da vida. E digo mais: quem dera se amassem como elas.
Quem já solicitou ajuda profissional sabe que o que está à venda não é somente um pedaço de carne, algumas horas de prazer ou mesmo a oportunidade de se sentir homem. Também, mas não é só isso. Estou falando de toda uma vida ouvindo tudo que os homens pensam sobre suas mulheres, suas histórias fracassadas e vitoriosas, seus anseios... Enfim, as prostitutas conhecem a natureza do homem em todos os aspectos, sabem onde e como fazer os carinhos, o que eles gostam de ouvir e sentir, como agradar e fazê-los se sentirem amados, mesmo que todo esse paraíso tenha um preço e dure só alguns momentos. Por isso considero que são as melhores psicólogas que já tive a oportunidade de consultar.
Lembro de uma vez em que paguei por uma noite de serviço com uma garota chamada Márcia. Ela era de fato linda, um pouco jovem e sorridente. Por conta disso eu não pensei em outra coisa senão em sexo. Acho que não preciso entrar em detalhes sobre o ocorrido, mas depois do gozo tivemos uma conversa tão interessante e divertida, que ainda chamei por ela duas vezes na semana seguinte e por mais duas vezes eu me senti muito bem com a sua presença. Certo, confesso que ela me ganhou no papo, mas não me arrependo em hipótese alguma.
Já tem um tempo que não me aventuro com prostitutas, mas achei uma ligação interessante entre este Confessionário e elas. Aqui, assim como com elas, temos oportunidade de dizer e sermos ouvidos, aliás lidos, e às vezes também compreendidos. Se serei correspondido ou repreendido eu não sei, afinal, nem todas as mulheres da vida são perfeitas, mas só em estar aqui já me dou por satisfeito. Só faltou o sexo, mas isso se resolve de outras formas.

Viva às prostitutas e aos confessionários!



Adagga

Ao poeta

Saúdo a poesia em nosso confessionário! Sempre amei a poesia e me sinto vibrar a cada leitura de um poema, seja ele de amor ou qualquer outro sentimento, pois para mim a poesia é primeiramente sentida. Não é necessário entender ou buscar o sentido de palavra por palavra, mas simplesmente deixar-se levar pelo sentimento que aquela tessitura de siginficados nos leva a vivenciar... Poesia é antes de qualquer coisa sentimento.
E é assim que vejo a poesia como um sentimento transbordado do poeta que não pôde conter ou guardar o que sentia só para si, mas que teve que partilhar isso com o mundo, o que só foi possível através da poesia. É que se pode ler uma crônica e entender o que o escritor sente, mas apenas a poesia nos faz sentir o que o poeta sentiu, ou, se não isso, nos faz, pelo menos, nos aproximarmos desse estado de intensidade de sentidos de que nasce a poesia.
Bem, não sou poeta e não tenho o dom de transbordar meus sentimentos através da poesia, mas fico imensamente feliz de ter pessoas que façam isso por mim e conseguem fazer meu corpo vibrar com suas palavras, produzindo a satisfação quase física de ver traduzido aquele sentimento que estava em mim e o qual eu não poderia definir ou expressar...
Agradeço, então, por aqueles que não me deixam sufocar nos meus sentimentos e que me ajudam a ver o que sinto traduzido em palavras e transbordado para os outros ao meu redor. Saudações especiais a todos os poetas, principalmente o nosso Valério Beltta e sua saudade inconsolável.

Maria Maria

Uma péssima noite

Tive uma noite péssima. O ventilador de pé estava girando. E eu odeio ventilador girando. Ele está com um problema no dispositivo que controla esse movimento. Daí, eu já comecei a ficar irritado. Liguei o ar-condicionado, mas como sou alérgico, comecei logo a espirrar. E a minha noite estava apenas começando.
Depois de alguns minutos de muita aflição e muitos espirros, quando eu finalmente consigo me concentrar para dormir, começo a ouvir duas vozes femininas que eram incrivelmente parecidas, como se viessem da mesma pessoa, porém o modo de falar era completamente diferente. Elas se puseram a conversar, ou melhor, discutir e a atormentar meu sono ainda mais.

- Eu estou muito triste, não consigo dormir – era uma voz meiga, de uma garota que beirava os 20 anos, eu acho. Ela falava baixo e muito calmamente.
- Deita, se concentra e dorme. Simples. Eu tenho que ir trabalhar amanhã cedo e não quero você tirando meu sono. – Disse a outra incisiva e diretamente. Ela tinha uma voz firme e bem decidida. Parecia ser um pouco mais velha que a outra, talvez pelo tom da voz.
- Preciso conversar. Vou ligar pra ele e dizer-lhe que ainda o amo. Estou me sentindo só.
- O que você tá dizendo? Enlouqueceu? Surtou?
- Por que eu não poderia fazê-lo, se estou sentindo vontade?
- Primeiro, porque já passa de meia-noite, e 70% das pessoas que trabalham amanhã cedo já estão dormindo, pelo menos todas aquelas que tem o mínimo de juízo, ao contrário de você, né? Segundo, porque isso seria uma loucura sem precedentes. Pra que isso agora? Estamos vivendo muito melhor sem ele. Você não vê? Você ainda acaba com a nossa vida com essas suas sandices! Estou quase desistindo de você. Parece que não aprende nunca! Vive procurando sarna pra se coçar. As coisas poderiam ser muito mais simples se você não se perdesse em tantas divagações e sentimentos inúteis!
- Eu não consigo entender suas estatísticas e estimativas. 70%, isso... 30%, aquilo. Nós somos pessoas, não somos números. Temos sentimentos e isso a gente não operaciona. Se você se permitisse sentir como eu, nossa vida seria melhor, talvez estaríamos mais felizes hoje.
- Agora você quer me culpar? Se temos o mínimo de tranqüilidade hoje, devemos a mim. Lembra-se de quando você assumiu o controle? Que desastre, hein? Temos prejuízos até hoje, lembra ou quer que eu cite?
- É... Nesse ponto você tá certa... Ok... Melhor esquecer tudo isso.
- Pois agora deita e vê se dorme! Que amanhã cedo a gente acorda! E você sabe que quando levanto cedo, acordo de mal humor!
-Tudo bem, boa noite.
- Boa noite. Desculpa se fui muito ríspida, mas é para o nosso bem.

Depois disso, o silêncio prevaleceu, pude apenas ouvir os soluços baixos daquela garota, que ontem, certamente também teve uma péssima noite.

Sílvio

Censo 02

Vamos ao segundo censo do Confessionário das Letras.

Aparentemente, temos:
26 pessoas;
12 mulheres (duplicou o numero de mulheres!);
14 homens;
1 ser de sexualidade não identificada (K. Bukowski)

Certamente, temos:
60 postagens;
27 (contando Silvio e Vesgo separadamente) personagens;
8 nomes compostos;
9 nomes com sobrenomes;
O Pânico não está aqui!


Listagem:

Miriam Todda,
Dolores Trinidad,
Sílvio,
Maria Maria,
Billie Jean,
Ana,
Valério Beltta,
Carlota Joaquina,
Lord Strangford,
Mavie,
Silvio e Vesgo,
Morgana,
K. Bukowski,
Dr. Fritz,
Guilhermina Guinle,
Seth,
Bel Ami,
Cris Moreto,
Mischel,
Valentino Pepa,
BoB,
Fremder Freund,
Persephone,
Victor Adagga,
Julianna,
Silvana D'ália
.

Dr. Fritz

terça-feira, agosto 08, 2006

Sabes de uma coisa?

Eu tenho apenas uma mulher no meu coração. E mesmo que de outras eu receba os carinhos e conheça todas as facetas do amor, a sinceridade do beijo, a paixão acima todas as coisas, o prazer exorbitante e aquele ciúme que se faz importante, ainda assim o que guardo no peito é bem mais que o carinho e a grande saudade que restou. E já nem me importa o passado, as lágrimas e mágoas sentidas, o silêncio – seria por ela o que não seria em mil anos amando todas as mulheres que desejasse, simplesmente porque na minha vida ela é a única, verdadeiramente, e isso já me basta como fôlego. Os anos passam, o amor, nem sempre. Perdoem-me, colegas de Confessionário, mas estou saudoso por esses dias.

Sabes de uma coisa?
Ainda penso que poderíamos nos amar
Beber do nosso riso
Esquecer as mágoas
Sentir uma paixão madura
Querer um ao outro sem pestanejar.

Uma conversa, eu acho, viria a calhar
Entender os fatos
Trilhar nossas dúvidas, se deixar levar
Entre alguns copos, talvez
Amanhecer o dia e ver o sol brilhar
Mais uma chance para, quem sabe, nos apaixonar.

O problema, no entanto, é que somos assim.
Todavia, se quiseres um beijo
Ainda que no ar, mas se queres de mim
Não te demores em pedir, mas peça com jeito.
Todos os beijos são dados assim
Ou seja, com muito carinho e um certo respeito.


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Saudades, sempre.
V. Beltta

Adoro os brincos da Leona! E daí???

O fato de eu usar os brincos da Leona ou qualquer outro diz quem sou REALMENTE?!
Persephone

Sobre a arte...

Gostei muito da iniciativa dos companheiros que trouxeram a arte para o nosso confessionário. Sempre admirei as pessoas cultas e cheias de sensibilidade. Infelizmente não me sinto muito à vontade para discutir com vocês sobre obras, músicas...me sinto meio por fora... Porém, vejo uma grande oportunidade de aprendizado...
Bjos a todos
Julianna

Deixe-a saber.

Calma, amigo de lágrimas
Ainda sou o mesmo
Falta-me apenas um pedaço
Arrancaram-me algumas páginas.

Não peço, porém, que compreendas a minha dor
Pois amaste pouco, bem sei
Apenas prometa-me um favor
Faça-a saber que a amei.

Mostre-a que todas as noites
E todos os dias que a esperei
Não foram para mim menos que açoites
Que outra mulher não desejei.

E morria um pedaço assim quase todos os dias
Acordava da morte pela dor que sentia
Pois vivia e sofria como nunca queria
E só esperei... E morria e morria.

***

Sonhar com o seu riso é o que de mais triste me há
Saber nos meus sonhos
Enquanto a vejo
Que viver o seu beijo
É simplesmente sonhar.

E a cada novo dia
Eu chorava e dizia
“Não quero mais sonhar!”
E desejei a morte, desejei o fim
Mas nunca mais amar.

***

Ah! Meu amigo sagaz!
Não vale a vida a força de um amor
A vida é tão pouca
E tão fácil se desfaz
Que mesmo o juízo que se diz capaz
Ajoelha-se diante de tanta dor.


Valério Beltta
Adorei a inclinação artística dos nossos companheiros de Confessionário, as interpretações e considerações sobre obras que marcaram a história do nosso querido país. Adoraria participar, juro, mas não sou dada entender as entrelinhas dos versos que musicam a minha vida e a de tantos outros por aí a fora, portanto, vou ficar na platéia admirando quão inteligentes são meus colegas de prosa e poesia, em especial a Billie, que sempre me encanta com sua visão energética e racional sobre todas as coisas que nos compõem.

Um grande beijo!
Miriam Todda

segunda-feira, agosto 07, 2006

Vôo aprisionado

Engana-se quem pensa que um pássaro é livre. Ele só vai até onde lhe é permitido voar. E essa escolha não é ele quem faz.
Persephone

Cenário Perfeito

Caríssima Julianna,
Agora temos o cenário perfeito para imaginarmos um mundo um pouco melhor do que este que nos cerca hoje. Ao som de John Lennon e Caetano e à luz do surrealismo de Salvador Dali, temos agora o cenário perfeito para nossa empreitada.
É sabendo da existência de pessoas sensíveis e que se dispôem à admiração da arte que inicia-se a reformulação deste nosso mundo. Mesmo que seja reduzido por enquanto ao "nosso mundinho" e a uma simples página da internet. Ao menos, estamos tentando dar nossos primeiros passos em busca de dias melhores.
Um beijo
Lord Strangford

Os Brincos da Leona

Bob, acredito que todos nós estamos sujeitos à ditaduta da moda. Por mais que muitos queiram negar este fato, talvez eu te imagine como um desses, que se recusa a vestir calças jeans e a cortar o cabelo (risos).
Em um momento ou outro acabamos cedendo, seja usando o brinco da Leona ( que jamais vai nos cair tão bem quanto na Carolina Dieckman que tem o rosto simetricamente perfeito, privilégio de muito poucos em nosso país miscigenado); seja usando os óculos da temporada retrasada que eram tidos como característica de intelectuais. Fato que já responde a pergunta sobre os brincos da Maria Bethania, que em minha opinião poderiam fazer muito sucesso dependendo de seu apelo publicitário. O único problema é eu não lembro a última vez que vi Bethania usando brincos. E quanto às outras famosas citadas, seria completamente viável. Você não vê os cabelos da Vanessa da Mata e as propagandas de xampu que já começam a valorizar os cachos, quase extintos pela escova definitiva e suas infindas variantes?
Concordo com você ao dizer que a moda chega a ser algo doentio para muitos pela necessidade que nos impôe de nos "uniformizarmos" ainda mais, o que chega a ser um verdadeiro drama principalmente aos adolescentes, as maiores vítimas da moda. Infelizmente não consigo vizualizar uma solução a curto prazo para a tal ditadura, mas a educação e a valorização de nossa própria cultura seriam alguns dos caminhos a longo prazo. Mas quem nunca se rendeu à moda que atire a primeira pedra!!! A minha mão, pelo menos, mantem-se estática.
Depois de tantas divagações, meus dedos já não conseguem acompanhar meu fluxo de pensamento (por que eu sempre acabo minhas postagens assim??). Fico por aqui, deixando um grande beijo a nosso querido e "recalcitrante" (como diria Carlota), BoB.
Cris Moreto

O post "tigresa"

Fiquei muito feliz ao ver a sugestão de discussões sobre obras artísticas relacionadas às artes plásticas por parte de Silvana D'ália e sobre obras de arte musicais como o caso da música Tigresa, que além de ser sonoramente fantástica (sobretudo a versão interpretada por Gal), possui uma letra que de fato incita muitas controvérsias e debates.
No caso de "Tigresa", senti falta do nome do autor do post. Já que quando decidi responder-lhe, não achei seu nome. Portanto peço ao referido autor ou autora que edite a postagem colocando assim sua asinatura.
Voltando à música, essa é minha canção predileta de Caetano (que coincidência...). Outro bom trecho além do já mencionado é "Com alguns homens foi feliz/ Com outros foi mulher /Que tem muito ódio no coração /Que tem dado muito amor /E espalhado muito prazer e muita dor".
Esse trecho me passa uma conseqüência da revolução sexual da década de 60 em que a mulher deixa de ser vista apenas como mãe e reprodutora, passando a assumir uma posição mais significativa no relaciomento, levando em consideração seus instintos e necessidades.
Outra parte interessante é a que diz: "Mas ela ao mesmo tempo diz que tudo vai mudar/Porque ela vai ser o que quis inventando um lugar... e a tigressa possa mais do que o leão". Colocação fantástica que deu um certo equilíbrio à letra, expressando não apenas a amargura e a dor femininas, mas também seu otimismo e crença nas mudanças.
Essa letra é uma verdadeira ode às mulheres que lutaram e lutam em favor de seus direitos e uma melhor qualidade de vida social e sentimental.
Uma grande surpresa foi saber que a letra havia sido dedicada à Sônia Braga pois até hoje acreditava ser ela composta para Maria Bethânia.
Adorei a iniciativa de "musicalizar" o confessionário, trazendo-nos novas discussões e mais melodia.
Billie Jean

Quem é você?

Caros amigos do confessionário, cá estou eu novamente.

Dessa vez não me ponho na supostamente presunçosa e mal recebida posição de aconselhá-los sobre sua vida. Não, não irei fazer isso. Dessa vez estou aqui única e exclusivamente para questioná-los (apesar de já tê-lo feito incisivamente). Antes de meu questionamento, cabem algumas observações. Observo o que está ao meu redor e vejo que nós estamos cada vez mais nos limitando a viver em função da necessidade de outros, e ainda do que nos é imposto pelo que os nossos semelhantes imaginam de nós. Tudo na vida é moda e todos curtem a moda, independente de que moda seja. O mercado acaba de lançar o "brinco da leona". É da leona mas podia ser a Britney, da Shakira, da Madonna, da Vanessa da Mata, da Marisa Monte, da Maria Bethânia. Isso mesmo, imaginem só, o brinco da Maria Bethania, aquele que as pessoas cults e intelectuais usam. Você compraria? Você é uma dessas pessoas?

BoB

TIGRESA


Deixo-lhes hoje, a tigresa Sônia Braga, a quem Caê fez uma de suas mais belas composições. Apesar de conhecer a maior parte de sua obra, recentemente fiz redescobertas e para aqueles que não conhecem sua obra nos anos 60 e 70 (não apenas a produção tropicalista, referência da época) fica aqui recomendações de alguns álbuns fantásticos:


1) Cinema Transcedental (1979) - Obra prima!


2) Caetano 1971 - álbum gravado durante o exílio, considerado o mais depressivo da carreira do compositor.


Mas, nosso confessionário ficaria sem sentido sem as análises críticas e filosóficas (como não?) desta composição famosa.


"Que gostava de política

Em mil novecentos e sessenta e seis

E hoje dança no Frenetic Dancin' Days "


Neste trecho, nosso compositor critica a alienação política da época...

Aguardo suas interpretações e de outras canções conhecidas.


Tigresa


Uma tigresa de unhas negras

E íris cor de mel

Uma mulher, uma beleza

Que me aconteceu

Esfregando a pele de ouro marrom

Do seu corpo contra o meu

Me falou que o mal é bom e o bem cruel

Enquanto os pelos dessa deusa

Tremem ao vento ateu

Ela me conta com certeza

Tudo o que viveu

Que gostava de política

Em mil novecentos e sessenta e seis

E hoje dança no Frenetic Dancin' Days

Ela me conta que era atriz

E trabalhou no Hair

Com alguns homens foi feliz

Com outros foi mulher

Que tem muito ódio no coração

Que tem dado muito amor

E espalhado muito prazer e muita dor

Mas ela ao mesmo tempo diz

Que tudo vai mudar

Porque ela vai ser o que quis

Inventando um lugar

Onde a gente e a natureza feliz

Vivam sempre em comunhão

E a tigresa possa mais do que o leão

As garras da felina

Me marcaram o coração

Mas as besteiras de menina

Que ela disse não

E eu corri pra o violão num lamento

E a manhã nasceu azul

Como é bom poder tocar um instrumento

Um convite irrecusável

Silvana, seu convite à arte me pareceu irrecusável e de muito bom gosto principalmente em se tratando de começarmos por um movimento tão complexo como o surrealismo e de um artista genial como Dali.
Creio que só temos a agradecer e esperar por mais boas supresas de Dali e de outros grandes artistas trazidos pela nossa D'ália.
Seja muito bem vinda!!
Beijos
Lord Strangford

Surreal




Célebres entusiastas e jovens pensadores, eis que surge um convite à arte!

Esta na verdade é uma obra que nos comprova metaforicamente que não é através de competições e seleções que demonstramos nosso verdadeiro valor, entendam que não desmereço as conquistas alcançadas pelo método.
Antes que me julguem, especial característica de muitos companheiros, explico-lhes; este trabalho surrealista de Salvador Dali - " A Tentação de Santo Antão" foi fruto da participação do pintor em um concurso para a produção de uma tela ao cinema americano. Dali não ganhou o concurso, pois expressou o tema de forma simbólica , metafórica e fora dos "padrões" desejados. Mal para eles, bom para humanidade, que ganhou uma obra que explica as tentações e tormentos espirituais de um homem representadas pelos cavalos e elefantes que carregam elementos simbólicos à exemplo da mulher no ínicio dos símbolos representando a luxúria. A cruz, na verdade a fé- matéria ou fé materializada (como queiram), presente na cruz de santo antão é o poder humano utilizado para afastar o "mal".

Para quem gosta do movimento surrealista, e principalmente de arte, está feito o convite a cultura, vamos saboreá-lo?


Silvana D'ália

domingo, agosto 06, 2006

Aceito o convite do adorável Lord

Amável Lord, ao ler seu convite não pude evitar que meu coração palpitasse alegremente cheio de esperança e otimismo. Fico extremamente feliz em poder compartilhar com você toda essa quase certeza, chamada esperança, de que as coisas realmente podem ser diferentes e melhores. É certo que muitos, ao vislumbrarem um mundo melhor, não são capazes de fazê-lo realisticamente, mas apenas como um sonho utópico. Eu, inclusive, muitas vezes perdi a esperança de que isso pudesse ser real, mas hoje...ah! Hoje é um dia novo, um dia lindo... e também não poderia compartilhar das idéias revolucionárias e vazias, as quais tantas vezes perseguimos apenas para fugir da realidade, mas sem um comprometimento real com a mudança que dizemos tanto desejar. Hoje não! Hoje quero sonhar sim. Imaginar que pode sim ser melhor. Que um dia será melhor. Hoje quero apenas viver! Viver tão intensamente...que possa ter da vida o que melhor ela pode ser...
Um grande abraço a todos que aceitam a esperança e o ardente desejo de um sonho possível.
Julianna

sexta-feira, agosto 04, 2006

Imaginemos!

Os ânimos me pereceram um pouco alterados por aqui. A sensação que tive foi de que nosso amigo BoB soltou uma granada sobre todos nós e cada um resolveu se manifestar expressando a dor ou o choque da explosão. Mas acho que este assunto já está saturado. Vejamos hoje, o sentimento que nos move. É o convite que vos faço hoje!
Eu por exemplo, não poderia agora falar de revoluções, guerrilhas armadas ou qualquer tipo de revolta.
Neste momento, o sentimento que me move é a sensação de esperança em um novo amanhã. A sensação de que muitas coisas irão melhorar. Todos podem achar utópico ou irreal. Mas hoje, eu posso sim, IMAGINAR "todas a pessoas vivendo pelo hoje, vivendo a vida em paz e compartilhando o mundo todo. Você pode até dizer que eu sou um sonhador, mas eu não sou o único. Eu espero que algum dia você se junte a nós, e o mundo viverá como um só." (Imagine- John Lennon)
Um forte abraço a todos vocês
Lord Strangford

REFLEXOS

Haverá beleza maior do que podermos nos ver a nós mesmos dentro dos outros?!!
Isso é comum e ao mesmo tempo tão surpreendente...é tão simples e ao mesmo tempo tão grandioso...
Um grande abraço a todos que são pequenos pedaços da minha alma

Julianna

Ao Bob II

Bom dia,

Depois de ler o confessionário hoje, foi inevitável o desejo de responder a tudo que Bob fez acontecer.

Sinceramente, achei tudo muito confuso, parece que nada casa com nada.
Bob, permita-me. Senti uma raiva tremenda quando li o seu comentário. Aos que não quiseram se manifestar por terem sentido raiva dele ou se manifestaram na penumbra de outras palavras, aqui estou para dizer que senti raiva e muita. E pior fiquei muito irritada. Não pela sinceridade de tuas palavras, pois sinto como se fosse uma metralhadora de idéias, que precisavam ser expressas.
Mas pela forma que tu te colocaste: como se viver fosse simplesmente reagir a tudo a nossa volta, e de maneira agressiva. Seja com revoluções ou mandando o chefe ir tomar no cú .

Bob, tu começaste falando de tempo. Como se o tempo não pudesse ser utilizado para compartilhar idéias e sentimentos. Tem coisa mais ridícula do que o tempo??? Existe tempo para ficar na escola, existe tempo para entra na faculdade, existe tempo para começar a trabalhar, existe tempo pra já ter feito inglês, existe tempo pra perder a virgindade, existe tempo para produzir... Tempo que o sistema, feito por nós, instituiu. E o pior, existe o tempo que não pode ser perdido com assuntos que tratam de nós mesmo. Afinal enquanto estou escrevendo aqui deveria estar trabalhando, pois já são oito e quarenta (horário comercial). Destaco: viver com responsabilidade e se adequar ao horário comercial não me fazem escrava do tempo, me fazem participante de uma cultura.

Depois tu falaste de vida produtiva x sentido. Eita bob, não posso esconder minha revolta. Existe coisa mais terrível do que confundir sentido com produtividade??? Caramba!!! O que todos estão fazendo aqui é também encontrar sentido pra algumas coisas na vida (destaco o “também”, pois sei que nem tudo o que fizermos aqui encontraremos sentido, simplesmente falaremos do que somos)

Depois tu falaste de algumas coisas que fazemos como: comprar, comer, pensar. E de fato nós temos sido vitimas de uma sociedade consumidora... Mas eu faço parte dessa sociedade! Essa sociedade que tem que ter computador, internet, informação, tênis, cinema. Esta sociedade que não divide renda. Que contrata uma empregada doméstica e não assina carteira; que não é capaz de tirar uma parte de seu salário e ajudar alguém; que anseia por um carro, pois não agüenta o serviço de transporte publico da cidade, além do que é status. E assim vivemos nesta sociedade capitalista, onde enfrenta-la é muito mais que ir às ruas, é perder um pouco do que se tem para que ela pareça menos desigual.


Por fim, me alegra o teu desejo por mudança. Mas me incomoda as idéias confusas. Espero não estar te agredindo, mas viver o tempo que tempos é muito mais do que fazer/ produzir, mas ter certeza que essas coisas têm sentido. E o confessionário foi criado para isso também.
Ainda que esta coisa seja uma revolução social. Mas ter certeza de que este é o caminho. Eu aprendi que as grandes revoluções foram importantes, mas que não resolveram o problema da humanidade. Nossos problemas estão na alma. e são exteriorizados com desigualdades, injustiças, orgulhos, brigas...

E ser humano também é expressar sentimentos e angustias...

Espero não ter levado o seu post ao pé da letra. Mas tive que usar os seus exemplos, para expressar o que senti quando li.

Destacando, não estou indo contra o Bob. Ele é muito bem vindo. Estou apenas não indo contra mim mesma, por isso escrevo.

Ana

quinta-feira, agosto 03, 2006

Ao BoB

Querido BoB,

Não se trata de sistemas, produtividades ou qualquer hábito mecanicista em que você esteja enquadrado. Nada disso. Estamos aqui para viver, entende? Viver nossas mentiras, fantasias, tudo aquilo que não somos diante dos olhos, mas que vivemos todos os dias diante das nossas mentes. A vida é assim mesmo, cara! É ficar em casa, gastar no McDonalds, escrever no Confessionário e bater uma bronha de vez em quando só pra nos lembrarmos de que é possível gozar sem precisar de outra pessoa, saca?

Victor Adagga

A VIDA COMO ELA É (mesmo que vcs fiquem chocados)

Assim que li o "conselho" de Bob quase fiquei louca!!! Amei!!!Primeiro porque é um tapa na cara que nos faz acordar um pouco e também porque não é qualquer um que tem coragem de admitir que isso realmente acontece na vida real! Por que as pessoas ficam tão chocadas com tais questionamentos??! Na verdade, acho que a maioria das pessoas nem param pra pensar nessas coisas, não questionam, não refletem...simplesmente vão vivendo suas vidinhas, enclausuradas em seus mundinhos (e o pior!) achando que são ou que têm muita coisa!!! Ah, o ser humano!!!(suspiro de pesar) Basta alguém "escandalizar" um pouquinho para que todos façam aquele "oh!", aquela cara de desprezo... como se o que foi dito (ou escrito) fosse um grande absurdo, como se não servisse...HIPÓCRITAS!!!! TODOS NÓS!!! Fingimos o tempo todo, para os outros, para nós mesmos...Seres humanos medíocres...Não assumimos a merda que somos e nos achamos no direito de pensar, de insinuar que somos melhores que os outros seja porque temos um dinheirinho, seja porque estudamos um pouco mais, seja lá pelo que for, afinal, só precisamos de uma desculpa...
Não concordo exatamente com tudo que Bob escreveu, mas tem uma coisa com a qual eu realmente não concordo: "O seu lado humano é o que você tem de melhor..."
Persephone

Só por hoje...

As discussões estão calorosas!!! Alienação, manipulação, tudo muito engajado sócio e politicamente! Adoro tudo isso!! Adoro me sentir pensante, crítica, analítica...Adooorooo... Nas hj estou sintética e passional!! Como sempre...Eu sou passional!!! Por mais que não queira admitir, mas como estamos confessando, por que não dizer??
Hoje quero que se dane o social. Betinho que me perdôe, mas hoje eu não vou fazer a minha parte e estou sem ânimo para pensar no social.
Hoje eu quero ler amenidades, ouvir Chico Buarque (nada muito político, é claro), pensar em futilidades, amar, amar a vida, amar a noite, amar as pessoas, sorrir sem lembrar das podreiras do mundo e pensar em como eu estou feliz.
Hoje vou cultuar o ócio e o egoísmo. Ontem, me dei conta de como somos inconscientemente egoístas, de que acabamos fazendo com os outros o que jamais gostaríamos que fizessem conosco. E não é por mal. Isso não quer dizer que sejamos monstruosos, mas fazemos geralmente sem pensar.
Hoje não quero fazer mal a ninguém, mas também não quero me preocupar com nada, nem em fazer o bem, muito menos sem saber a quem.
Hoje estou assim, meio sem sentido, meio desconexa. E me permito a isso!!
E espero que vocês também não se incomodem. Assim como peço desculpas a Betinho, peço licença a você, Bob. Vou me permitir continuar aqui no meu quarto, no meu mundinho, me preparando para ir trabalhar (de onde não pretendo pedir demissão tão cedo) e dar minhas aulinhas (acho que vai ser a única contribuição social de hoje. E não será graça. Nunca, meu bem! Hoje não!!!).
E aproveito o ensejo para concordar com Sílvio ao falar sobre a avareza. Não tenho mais idade e nem sou mais tão boazinha assim como fui um dia. Assim como ele, já perdi muita coisa, sobretudo tempo. Por isso, hoje não faço mais doações, faço investimentos!!
Belami, Bob, Morgana e todos os novos membros do CONFESSIONÁRIO sejam muito bem vindos a esse aquário de letras, idéias, revoltas, sentimentos e emoções!!
Billie Jean

Perspectivas

Bem, não posso passar por aqui sem dizer algo a Bob...
Não me vejo com a possibilidade de dizer se ele está certo ou errado, digo apenas que ele aborda a vida e o mundo de uma perspectiva diferente da que tenho abordado, a constante utilização da palavra DEVER em seu discurso me confirma essa idéia.
É que tenho buscado essencialmente o prazer em minha vida, o dever existe claro, mas não como uma prioridade ou como norma cogente da qual não posso escapar.
Busco o sabor das coisas, da leitura, da escrita, dos afazeres diários, os meus pequenos prazeres, que enchem a minha vida de cores diferentes.
Assim, tento largar essa perspectiva absolutamente utilitária dos afazeres, que exige que nosso tempo seja sempre empregado de maneira produtiva. Essa foi a idéia que o texto de Bob me passou, de que DEVEMOS gastar nosso tempo de forma melhor do que escrevendo e pensando.
Pra mim, e aí utilizo a minha visão absolutamente subjetiva, tem sido muito prazeroso estar aqui e escrever novamente, o que eu já não fazia há muito tempo, e isso tem se refletido em vários aspectos de minha vida, além de me dar a oportunidade de conhecer outros indvíduos incríveis em suas particularidades e tão imensamente ricos que me enchem de prazer com sua diversidade e me inebriam com suas declarações e experiências de vida.
E qualquer coisa que me dê prazer, não consigo ver como desperdício de tempo ou de vida, mas como mais um vivência querida e (por que não?) aguardada no meu dia-a-dia. Isso não me impede de viver, no sentido de Bob, mas, ao contrário, me ajuda a saborear os meus momentos... Mas é um espaço democrático e a diferença é bem-vinda, e não desejo ser intolerante a ideologias diferentes das minhas. De qualquer forma, Bob me deu uma sacudida e eu gostei, por isso se não achar nada melhor com que empregar seu tempo, Bob, volte sempre, pois a diversidade é sempre bem-vinda neste espaço.
Muita Luz. Morgana.

Alienados têm fome


Bob nos golpeou. Este fato me faz relembrar a idéia do cineasta italiano, Paolo Pasolini, em seu pesadíssimo filme, Saló - os 120 dias de sodoma. No filme, quatro líderes fascistas, mantêm em seu domínio, jovens rapazes e moças, que são submetidos a 120 dias de tortura física, mental e sexual. Em meio ao realismo de Pasolini, uma cena me marca: O banquete de bosta servido aos seqüestrados do antigo regime facista, que revelava nada mais que a exigência total da conformidade dos comportamentos aos desejos dos dominadores, o domínio absoluto sobre o "povo". Este é o maior terror da humanidade: a incapacidade de resistência à opressão e ao domínio total de um regime, que lhe leva a ceder e a tornar-se parte. Assim, como nós, e os prisioneiro do regime fascista, o mundo se alimenta de merda. São os alienados matando a fome.

Para saber mais sobre o filme em questão: http://www.cineclick.com.br/cinemateca/ficha_filme.php?id_cine=4262

Fremder Freund

Conselho...

Caros leitores do confessionário, isso é para vocês.
Cada letra escrita nesse blog ou em qualquer outro é um tempo de sua vida que se vai. Vocês não tem mais nada para fazer? Sua vida é tão sem sentido que você não consegue torná-la mais produtiva? Por acaso o sistema que nos cerca lhe pressiona de tal modo que você tem que viver do jeito que a vida está posta, ou imposta? Você é satisfeito com o que faz? Você lê tudo o que deveria? Pensa tudo o que deveria? Assiste tudo o que você gostaria? Come tudo o que desejaria? Você compra o que gostaria de comprar ou é apenas mais uma máquina consumidora do capitalismo podre? Darei um conselho a vocês amigos: Saiam dos seus apartamentos, saiam de suas casas, se libertem! Para de ver pornografia e de se masturbar. Pare de comprar marcas e passe a comprar utilidades. Peça demissão, mande seu chefe tomar no cu! Vá as ruas, brigue! Dê ao sistema uma prova de que você está vivo. O seu lado humano é o que você tem de melhor, não demonstrá-lo é se transformar em apenas mais um número. Você quer isso?

BoB

Sonhei ou me iludi?

Criei a hipótese de um amante que me levaria embora. Ele escalaria o pinheiro em frente à minha janela, entraria em meu quarto e me tomaria em seus braços. Sua aparência ou que dizia nunca ficou claro; era apenas um espectro querido que me envolvia, cujo rosto ficava cada vez mais luminoso. Demorou tanto para aparecer que em pouco tempo passei da espera para a saudade. Certa noite fiquei sentado ao lado da janela e contemplei a lua, fazendo-lhe um brinde com uma taça de champanhe cheia de suco de uva. Sabia que a imensa e fria luz da lua também estaria caindo sobre ele, distante e igualmente solitário em um quarto longínquo. Desejei que ele pudesse adivinhar minha existência e minha necessidade, que intuísse que naquele quarto às escuras, naquela casa de campo, um rapaz de 14 anos estaria à sua espera.

Ocasionalmente, quando passo por sonolentas casas dos subúrbios, pergunto-me qual seria a janela por trás da qual um garoto estaria à minha espera.

Após algum tempo percebi que só o iria conhecer mais tarde; escrevi-lhe um soneto que começa assim: “Pois eu o amei antes de conhecê-lo...” A idéia, creio, é que eu nunca iria discutir com ele, nem achar escassa sua devoção por mim; minha espera teria sido longa demais. Esperei tanto que estava quase zangado, certamente vingativo.

(...)

Bel Ami

Viva o brinde!

Já pensei ser muitas vezes o cara mais bonito do colégio, que roubaria beijos das meninas, e conquistaria o mundo. Ficou difícil montar uma história que pedia outros personagens. Até tentei, mas foi um fiasco, como tudo o que se faz sem acreditar.

Brindo ao amor juntamente com Morgana, e, convido, Cris Moreto, para se juntar a nós. Brindemos os três, ao simples fato de amar, e que este independa do sexo. Acredito no ideal de Morgana, que garotos que beijem garotos seja algo natural, por isso, queria que todos sentissem o orgulho na minha história. Dessa vez acredito nos meus sonhos, os personagens não têm o sexo trocado.

Bel Ami

Boa noite ou bom dia!

Acabei de chegar em casa depois de uma reunião com umas amigas de infância.
Estou passando pra dizer que tenho pensado em tudo que tenho lido e falado. Essa experiência tem sido muito importante e proveitosa pra mim.
Confesso que acordo pensando no que vou encontrar neste diário de mil pessoas. Lembrem-se disso, este confessionário vai fazer sucesso!
Não por populismo e nem da noite pro dia, mas vai aparecer no fantástico!!! rsrs lembre-se que a Ana já tinha avisado.

Só espero que ele não perca o propósito para o qual foi criado. E para o qual já o fizemos: um local de troca, de dar e receber. Um espaço onde vínculos estão sendo gerados.

Um bj a todos que posso, ainda que virtualmente, chamar de amigos, pois já possuem um pouco de mim e eu um pouco de vocês!

Ana

quarta-feira, agosto 02, 2006

Sem rótulos

Hoje saúdo a coragem de Bel Ami, mesmo no anonimato. Ele que expôs a sua história de uma maneira tão natural e tranquila. Imagino os seus sentimentos de adolescente: por que não sentia o mesmo que os outros? E será que todos os outros sentiam alguma coisa também?
O fato é que quando se está na adolescência se morre de medo de ser esquisito, uma aberração, medo da rejeição, pois o que mais se quer é se integrar ao grupo, fazer parte e daí paga-se até com a autenticidade, com a identidade ainda em formação, fingindo ser quem não somos, gostar do que não gostamos, tudo para conseguir o seu lugar...
Porém, passada essa fase, fica cada vez mais difícil fingir. A identidade passa a ser um imperativo diário em nossas vidas e negar quem somos uma dor, uma castração.
No adulto, nasce a necessidade de assumir a sua especificidade e nela inclui-se a opção sexual. Mas... e o mundo? Esse mundo que não é abstrato: são familiares, amigos, colegas de trabalho, pessoas queridas, das quais dependemos, as quais amamos. Será que "o ser quem somos" pode causar dor às pessoas que nos amam? E esse temor gera o medo que gera a negação do indivíduo.
Infelizmente, ainda vivemos em um lugar onde ainda somos conhecidos através de rótulos, etiquetas sexuais, que pretendem dizer quem podemos amar, mas creio que isso está, aos poucos, sendo transformado, pois a capacidade humana de amar parece infinita.
O ideal, talvez e se é que ele existe, seria falar de amar e admirar pessoas, independentemente do sexo. Eu acredito que isso seja possível e aí não poderíamos ser rotulados ou classificados, mas simplesmente aceitos pelo amor que cura, que inspira...
Eu queria muito ver esse mundo, onde não se espere que quando um filho homem nasça, ele vá necessariamente amar uma mulher, ou uma filha vá impreterivelmente amar um homem, mas que os pais tenham o simples desejo de que seus filhos amem, homens ou mulheres, que amem, sejam amados e sejam felizes, dentro das escolhas que fizerem na vida.
Gostaria que percebêssemos que o ser homem não é estanque, por isso não aceita rótulos, que estagnam uma situação e impõem um definição. O ser humano é metamorfose e transforma-se e adapta-se de acordo com suas vivências de sujeito que conhece e sente.
Assim, eu sonho com um mundo onde o menino que gosta de beijar meninos, possa fazê-lo sem medo ou vergonha, que ele não precise declarar a sua sexualidade, para ser aceito, mas que todos encarem naturalmente o que faz parte de seu ser e constitui parte indissociável de um indivíduo que é amado por seus amigos e sua família e assim continuará, pois o amor (principalmente da família e dos amigos) é incondicional...
Brindo, assim, ao amor, ao garoto que só beija garotos e à libertação da sexulidade de rótulos e classificações!

Muita luz. Morgana