terça-feira, abril 28, 2009

Eu sentia... adoro sentir. Amo as sensações... doa a quem doer.

Já experimentaram ir ao macro ouvindo uma música instrumental? É, ao macro, o supermercado que fica próximo ao retorno da cohab. Pois bem, ontem eu fiz isso, entrei ouvindo minhas músicas no meu adorável celular. Meu celular faz de um tudo, adoro. Caiu na água com quatro meses de uso e mesmo assim fui capaz de comprar o mesmo modelo. Tem umas cem músicas, poucas eu sei, estou construindo minha biblioteca.

Quanto ao macro, entrei ouvindo uma das músicas da trilha sonora de “Desejo e reparação”, nada proposital. Foi uma sensação incrível. Eu passeava pelos corredores e eles pareciam ainda mais altos. Foi lindo! Eu nem conseguia mais me concentrar nas prateleiras, nos produtos... Só queria ouvir... Sentir, andar pelos corredores. A música ia acelerando e a vontade era de correr. Andava, ouvia, olhava, mas não via. Só sentia. Percebia a minha altura em relação àqueles módulos imensos (nem tão imensos assim, mas naquele momento eram).

Cruzava com as pessoas e me sentia diferente, possuidora de um tesouro que ninguém ali era capaz de imaginar. Só eu sentia aquilo. Todos os outros estavam ocupados demais para perceberem o mesmo. Ainda que se dessem a oportunidade de ouvir a música, jamais sentiriam aquilo. Eu era diferente de tudo e de todos ali.

Eles estavam atarefados, focados, preocupados com o preço, com a qualidade. Alguns, provavelmente, cansados, era final de tarde. Eu passeava e não mais os produtos, os preços, a quantidade, a embalagem me atraiam, mas as feições, os semblantes.

Eu ouvia algo que emudecia, assim percebia o que não se ouve. Eu poderia dar uma história a cada uma daquelas pessoas. Elas estavam suscetíveis... imaginem o que eu senti? Obvio que foi algo incrível! Eu me apoderava das minhas percepções. Eram minhas e quase verdadeiras, bastava que eu as confirmasse.

A música acabou. Provavelmente, durou o tempo que precisava, o tempo de sentir e de pensar: bem que essas músicas poderiam tocar em qualquer lugar. Depois começou outra, uma popular, não faço coleções, elas tocam aleatoriamente e essa poderia tocar em qualquer supermercado. A magia foi embora... e eu me dirigi ao portão de saída.

Dos produtos que procurava, achei um do qual decorei o preço.

Ana.

quarta-feira, abril 22, 2009

Uma parada...

Eu corro, ouço, percebo.

Sinto. Sinto ainda mais. Dói, mas enfim, sinto.

Eu luto, eu grito, eu agrido. Eu luto mais um tanto e mais um tanto... eu luto pelo que não se pode lutar.

Desacelero... desfaleço.

Se pelo que luto, não se luta, desistir de quê?

Linearidade. Não!
Destino. Não!
Não adianta parar...

Uma parada, por favor.

Ana

sábado, abril 11, 2009

Aproveitando o momento confissão...

Depois de alguns fracassos amorosos e algumas mágoas expostas sem pudores e boa educação, chego à conclusão que a ausência de inspiração põem em xeque qualquer relacionamento afetivo. Chego a pensar que isso inclui até as amizades.

Apesar de independente, sou insegura. Não tenho onde me apoiar. Sabe aquela coisa do alicerce? Pois bem, esse eu não tenho. Procuro alguma coisa que mostre isso, se é que isso existe em mim.

O que existe em mim serve para uma mulher que não pretende construir uma família. Existe "força", "luta" e medo. Meiguice na dose certa, mas fragilidade, aquilo que faz uma mulher para um homem, isso, se existir, deve estar adormecido. Não sei o que é ser assim e qualquer coisa que eu tente vivenciar neste sentido sempre precisa ser ensaiado e analisado, pois naturalmente não flui.

Sou fruto de um relacionamento completamente desconexo, sou filha de pais ausentes e desunidos. Não sei como um homem deve amar uma mulher e como uma mulher deve amar um homem. Não sei como é um homem que ama uma mulher e nem como é uma mulher que ama um homem... Busco inspiração fora dessa relação. Mas aprender isso aos trinta anos é quase como uma violência.

A todo relacionamento falido, a sensação é de ter feito uma merda, de ter encontrado um “merda” ou de não ser o suficiente (talvez a de ser uma merda).

Mulheres frágeis, simplesmente mulheres, sintam-se privilegiadas por não serem tão independentes. É terrível não poder errar.

Homens amem suas mulheres, não se apõem nelas, elas foram feitas para serem protegidas. Se elas insistirem em terem atitudes "fortes" tenham paciência e não desistam delas. São tão frágeis que não podem permitir que isso seja percebido.

Por fim, deixo o seguinte pensamento: crianças responsáveis demais são crianças que não podem contar muito com os pais, por isso se expõem menos. Não há quem as proteja, por isso se protegem tanto.

Joana

sexta-feira, abril 03, 2009

Confissão

Faz tempo que não leio nada, que não escrevo nada, isso me deixa um tanto inquieta pois ambos me trazem muito prazer. Posso constatar, depois de muitas divagações a respeito, que a vontade de escrever em mim só é engatilhada pela dor, mas uma dor mansa que não chega a latejar ou estancar meus pensamentos, porque essa não me deixa nem sequer escrever.
É uma pena p´ra mim assumir isso, já que amo escrever e ler o que escrevo e não pretendo viver sentindo dor.
Hoje não sinto dor, nem amor, ou qualquer sentimento que possa ser inspirador (até rimou). O que tenho sentido é um grande vazio de emoções, a não ser a confusão que em mim virou uma constante. Sou confusa sobre quase tudo, sobre como como devo agir, o que devo falar, o que fazer, como lidar com as pessoas... enfim, tudo! Ando meio desconexa, desplugada, fora da ordem e como sempre, insegura.
Não quero sair por aí falando essas coisas, embora eu sempre acabe fazendo isso. No fim das contas, sempre acabo expondo minhas chagas ao primeiro que se mostre disposto a ouvir sem me intenção de me julgar. Prefiro sempre desabafar com pessoas afins, aquelas que provavelmente têm as mesmas limitações que eu. No fundo, não estou nem um pouco a fim de gotas de sabedoria e verdades. É um horror p'ra mim desabafar com alguém e ter como resposta um monte de respostas, críticas e opiniões formadas. Quero descobrir junto, entende?? Aquela coisa: "Nossa, eu também às vezes sou assim, isso também acontece comigo". E dessa afinidade nasceriam possibilidades, idéias e estratégias de mudança ou de como lidar melhor com todos esses "assim's".
Entrei aqui porque estava morta de vontade de escrever um e-mail, mas não tenho para quem escrever. Certamente nenhum amigo teria tempo para respondê-lo e acho que é melhor deixar isso por aqui, não quero respostas de quem já me conhece, não quero ser cada vez mais previsível a todos que convivem comigo. Eu queria mesmo era uma nova descoberta, novas pessoas, novos ares. Sinto-me asfixiada pelo conhecido, pelo habitual. Quero um pouco de solidão, um pouco de mim mesma. Estou cansada de conversar. Hoje quero apenas confessar!

Maria