segunda-feira, junho 30, 2008

I grieve...

Sei que o confessionário é uma celebração à língua portuguesa, mas hoje tenho um sentimento dentro de mim, para o qual não encontro palavras na minha língua materna tão amada, mas encontro no inglês, pelo menos no que entendo dessa última.
O sentimento a que me refiro, é também um estado e uma atitude da pessoa que o vive e não conheço um verbo para identificá-lo na minha língua, falo de viver o luto, viver a perda, a despedida de algo que acabou, que na língua inglesa se resume na palavra grieve. É sofrer, mas não sofrer por qualquer coisa, é viver essa mistura de sensações que nos trazem a perda de algo, pode ser de um ente querido, de um amor, de qualquer coisa de que tenhamos de viver o luto e deixar partir o que já não existe mais em nós.
Hoje "I grieve" , com todas as fazes da dor a que tenho direito. Já passei pelo choque e pela raiva, eles foram os primeiros e vieram quase juntos, e foi terrível, até eu me desconheci, pois não sou dada a confrontos, minha ira estendeu-se aos céus e ao destino, me achando a pessoa mais injustiçada do mundo. Vivi a negação por segundos, não querendo acreditar na crueza do que estava vivendo. A depressão começou logo em seguida à excitação conferida pela raiva, quando o corpo (e a cabeça) esfriou e eu comecei a me sentir oca, vazia e sem ânimo para qualquer coisa, apenas seca, o riso, nesse momento, é mais um ato físico do que da alma, porque eu, neuroticamente, nunca deixo de sorrir, aprendi a sempre rir quando eu caio...
A aceitação, última fase do luto, está começando aos poucos e veio de uma forma absolutamente estranha, pois em qualquer das minhas experiências de perda anteriores, jamais senti o que sinto hoje. Continuo muito triste, ou seja, a depressão ainda não foi embora, mas a aceitação já começa com um sentimento de "poxa, foi tão bom, se soubesse, teria aproveitado mais o tempo que tinha".
Essa sensação é pra mim surpreendente, pois não me arrependo do vivido, não, viveria de novo e faria tudo de novo, com uma diferença, APROVEITARIA MAIS, cada momento, cada instante, passaria mais tempo junto, ficaria um dia inteiro na cama sem fazer nada a não ser vivendo, esquecidos do mundo...
Surpreendo-me mais ainda porque o que vivi foi muito duro e muito difícil, talvez uma das coisas mais difíceis que já tive que fazer e talvez seja impossível perdoar, mas, pela primeira vez, não me envergonho, não me martirizo com meu orgulho ferido, não me sinto humilhada como é o meu costume. Não, ainda estou triste e apenas começo a sentir essa sensação de que, se soubesse que seria tão rápido, teria aproveitado mais, teria me deixado levar mais rapidamente...
Mais estranhamente, ainda, tenho a impressão, ainda leve, de que vou ficar mais corajosa depois disso...
So (com licença poética) today I grieve...

Bjos a todos,
Loreley.

terça-feira, junho 24, 2008

TRISTEZA

Acabei de chegar em casa. Tô sem sono, cheio, triste, angustiado... estou insuportável!
Disseram-me há pouco que estou no meu inferno astral! Não acedito nisso, mas ultimamente estou pensando muito nas coisas em que acredito. Verdades e inverdades são tão relativas!
E agora... qual o porquê de estar escrevendo ou pensando isso.
Estou me sentindo mais podre ainda!
Quero sumir, voar, mergulhar, esquecer todo mundo. Mesmo as que eu gosto, ou digo que gosto!
Agora comecei a chorar...
Acho que não tenho feito nada do que quero. Cansei de ser legal! Ninguém valoriza. Ou melhor, apenas valoram positivamente quando é conveniente pra elas mesmas!
Mas o que eu posso fazer?! Ensinaram-me que vivo em sociedade. Tenho que ser cortêz! Agradável. Gente boa... odeio!
Quero fazer mal pra alguém. Quero estar do lado que nunca tive! Quero sentir raiva de mim, mas por um outro foco. Talvez a minha raiva, angústia, tristeza seja mais "aceitável".
Quero ser mais humano...

quarta-feira, junho 18, 2008

Acho que ando meio sem palavras. Também acho que estou trabalhando demais. Eu gosto de trabalhar, gosto de compromissos, coisas a cumprir. Gosto do certo no fim do mês. Acontece que tive umas idéias estranhas nas últimas semanas, coisas que nunca me ocorreram antes, daí fiquei preocupado. Eu quis – assim, sem qualquer julgamento – deixar tudo aqui em São Luís e viver num terreninho escondido por um interior ou zona rural qualquer do Maranhão. Planejei o cercadinho de madeira “pôdi”, a casa de taipa com chão de terra, o giral na cozinha, a rede no quarto quente sem ventilador, a poeira, o calor... Desejei como uma criança aquela sentina no fundo do quintal, cercada de palha e tudo mais, e até idealizei um curral pra criar uns bodes e uma área pra fazer agricultura de subsistência. E o lugar onde se realizaria esse doce devaneio tem nome e endereço: Bequimão, na baixada maranhense.

Eu acho que estou trabalhando muito sim, estou cansado, mas talvez não seja exatamente isso que me perturbe, quem sabe é apenas uma coisa que eu não sei explicar, embora saiba do que se trata.
Preciso de um vinho.

Um abraço.

Adagga.
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– Olá! Como vai?
– Eu vou indo. E você, tudo bem?
– Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro... Evocê?
– Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranquilo… Quem sabe?
– Quanto tempo!– Pois é, quanto tempo!
– Me perdoe a pressa - é a alma dos nossos negócios!
– Qual, não tem de quê! Eu também só ando a cem!
– Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí!
– Pra semana, prometo, talvez nos vejamos...Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é...quanto tempo!
– Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas...
– Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança!
– Por favor, telefone
– Eu preciso beber alguma coisa, rapidamente...
– Pra semana...
– O sinal...
– Eu procuro você...
– Vai abrir, vai abrir...
– Eu prometo, não esqueço, não esqueço...
– Por favor, não esqueça, não esqueça...
– Adeus!
– Adeus!
– Adeus!

Chico/Paulinho da Viola

sexta-feira, junho 13, 2008

Velinhas...

O Confessionário completa dois anos no mês que vem.

Adagga

quarta-feira, junho 11, 2008

Era um vez um comentário que virou post...

Não só é insuportável a manutenção dessa imagem (veja os últimos posts), como ineficiente, artificial e frágil. Ela se rompe com facilidade e torna-se enjoativa à medida que se mostra clonada e “flexível”. Nessa onda do “adaptar-se”, confunde-se bom relacionamento com quebra de princípios. Aff... como dói a realidade.

Nos últimos meses convivi com um senhor de seus já 50 anos, cheio de regras de boa vizinhança e macetes de relacionamento, dentre os quais posso citar uma simpatia forçadíssima e desnecessária. Fora, a exaltação de uma ética visivelmente confusa.

(Acredito que esta criatura ainda não tenha encarado de frente seus infernos. Provavelmente, se esconda deles. Pior que eu entendo, ele não foge a regra. Mas confesso: não quero chegar nessa idade dessa forma. Que meda!)

Não estou fazendo apologias a confusões e agressões. Ao contrario, creio na necessidade de se aturar o outro, mas para isso é preciso primeiramente a aceitar o “eu”. Como aceitá-lo se quero que ele seja outro?

Sendo assim,quando indignados com nosso excesso de “asseio” e “gentileza”, corremos o risco de percorrer a busca do que gostamos, cremos, necessitamos e almejamos. Tudo bem, que sempre conheceremos em parte, mas saber que existe o todo já me basta. Tem me bastado.
Bom, se o mínimo de identidade nos é permitido, que a busquemos e estejamos preparados (ou não) para o que vamos encontrar.

Um abraço

Ana

Quem será que inventou esse estereótipo?

terça-feira, junho 10, 2008

"Limpinha, meiguinha, gentilzinha..."

Bem, li o post da Ana e não pude deixar de pensar no quanto eu já quis ardentemente, com todas as minhas forças, ser "limpinha, meiguinha, gentilzinha", parecia que a vida era tão mais fácil para as pessoas assim, meigas, gentis e limpas e, acrescento, leves...É que eu sempre fui muito truculenta, dura, direta e nada, mas nada mesmo, sutil, além disso, tudo sempre me ardeu por dentro, o que parecia não acontecer com as pessoas meigas, gentis e limpas, por isso eu ansiava por esse estado de espírito de equilíbrio e sensatez que me faria ser assim, eu achava que era um estágio que eu podia alcançar, essa leveza no ser que não agride nem incomoda as outras pessoas.

Hoje, não é que eu tenha desistido, eu aceitei que não sou assim, não sou meiga, gentil, limpa ou doce, nem leve, eu sou excessiva e hardcore a maioria das vezes, mas aprendi a lidar com isso.

O interessante foi pensar agora no lado infernal de ser "limpinha, meiguinha, gentilzinha", o quão trabalhosa pode ser a manutenção desse jeito de viver e de lidar com as pessoas, não somente pelo que de não verdadeiro pode haver nessa atitude, mas, e talvez principalmente, pelo esforço que é feito para mantê-la, talvez não exista nada de leve nisso, mas somente muito empenho e apego a uma imagem...ou talvez tudo isso seja só o recalcado despeito de quem nunca conseguiu ser "limpinha, meiguinha, gentilzinha"...

Mavie.

domingo, junho 01, 2008

Infernos e inferninhos

Resposta ao post de Adagga (complemento).

A hipocrisia não me deixaria concordar com tais afirmações. No entanto, despindo-me dela e de qualquer tentativa de explicar o contrário ou amenizar a verdade, recebo todo mérito por meus podres (que não são poucos). Quando pareciam poucos, o que justificava era a peneira, com a qual eu tentava esconder a luz que incidia.


Considerando que a peneira ainda encontra-se a disposição, volta e meia faço uso da mesma. “Demônios” são coisas feias e nada melhor que escondê-los ou banalizá-los.

Sendo assim, quando os demônios viram costume, passam a atos válidos. De alguma forma, válidos. Aí mora o perigo, pois tudo é justificado: “foi por amor”, “foi por justiça”, “foi por bondade”, “foi porque fulano é meu amigo”... aff! “O mundo é gentil com a beleza, põe a mesa, arruma a sala, exala compreensão.” Zelia Dunca vem à mente. “Entre os fingidos a moda é fingir que ninguém finge.” Malvados (essa é demais!)

Acho que as frases acima expressam bem essa coisa de se acostumar com os podres. Afinal, Acontece! É quando os infernos viram “novidade”, “feitos de honra”, “nobreza pura”.Já não são infernos. É a realidade. É a humanidade.

Inferno? Somente para os que assim consideram.

Para os que consideram inferninho (bonitinho, chiquezinho, arrumadinho, eticozinho), não há motivos para vergonha, “isso passa!” Na verdade não precisa passar, pois é tão certinho, sou tão limpinha, meiguinha, gentilzinha... so não sou verdadeira,mas isso não é necessário.

Nem para mim, nem para os outros. Deixa do jeito que tá porque não quero pirar e nem sair do meu conforto!!!! (até rimou)

Inferno para os que encontram o inferno. Para quem os justifica, inferninho!

Ana