quinta-feira, dezembro 25, 2008

Ano Novo de Mário Quintana

Lá bem no alto do décimo segundo andar do ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas buzinas
Todos os tambores
Todos os reco-recos tocarem:
- Ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada - outra vez criança
E em torno dela indagará o povo:
- Como é o teu nome, meninazinha dos olhos verdes?
E ela lhes dirá
( É preciso dizer-lhes tudo de novo )
Ela lhes dirá bem alto, para que não se esqueçam:
- O meu nome é ES - PE - RAN - ÇA …

Um 2009 de muita luz!! Morgana.

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Nostálgica

Se existe uma coisa que tem me assustado, essa coisa é o tempo. Outro dia, percebi-me respondendo “de 27aos 35”, faixa etária para relacionamentos amorosos. Já não é 20 e nem 25. De preferência acima dos trinta.


Sei que não sou nenhuma velha, mas pasmem, me peguei admirando os sonhos e a ousadia de adolescentes. Hummm... aquela falta de medo... Pensei: aproveitem, isso passa. Simplesmente passa. E quando passa, a gente começa a ter medo do diferente, do atraente, da singeleza, da pureza. Do sorriso sincero, livre.


Como se não bastasse, hoje assisti a um filme onde a atriz principal era uma criança. Quanta pureza! Quanta coragem! Sorrisos largos, choros fora de “lugar”. Abraços inesperados. Quanto amor de graça.


Não é à toa que Jesus fala que o reino de Deus é das mesmas. Sinceras, puras, amáveis e livres de rancor. Ah... como eu queria de volta o meu coração.


Esse é o meu desejo para 2009.


Sendo assim, é com muita nostalgia que convido a todos a ouvirem Cinema Paradiso. Musica melhor não há para ilustrar tanta saudade.


Feliz 2009!


Ana




domingo, dezembro 14, 2008

Eu só quero amar... (e transar também)

Eu só sei que tudo passa.

Um dia, criança atentada. No outro, adolescente querendo ser rebelde. Eu tentava.
Quando me espanto, tô na faculdade. Depois, formada.

Vida rápida.

Num dia, a ajuda dos pais é indispensável. No outro, nos tornamos responsáveis por eles.

Sabe do que preciso? Preciso encontrar alguém que não queira me transformar em outra pessoa e que, quando perceba minhas fragilidades, não se aproveite delas. Alguém que me faça esquecer do tempo que tem passado. Alguém que caminhe comigo. Alguém que eu ame com todo prazer por ser a pessoa amada. Alguém que eu transe gostoso, por ser continuação de minha carne. Alguém que me faça rir, gozar e que saiba me levar. Alguém que me faça perder os medos... que me faça respirar fundo e pensar: dessa eu não desisto.

sexta-feira, dezembro 12, 2008

Acabei de perceber o quanto sou neurótica e o quanto torno a minha vida tão mais difícil e o quanto sou falsa! Falsa sim, vivo declarando aos quatro ventos minha autenticidade, que sou natural e que meu jeito é assim, mas é tudo justamente o contrário, especialmente quando eu quero um homem... É, nessas ocasiões, em nome de minha autenticidade fico cada vez mais fingida e mais escondo o que eu quero. Sabe quando a gente é criança que ensinam a recusar o que oferecerem, mesmo que a gente queira, porque é falta de educação aceitar tudo que oferecem (talvez isso tenha sido só comigo e nem seja a analogia mais adequada, mas é a que me vem na cabeça agora), aí a gente finge que não quer e vai brincar, mesmo que seja um doce ou um chocolate muito gostoso. Bem, é isso que eu faço, eu finjo que não quero e finjo com uma precisão e exatidão absurdas. Sou muito convincente mesmo, ninguém vê, ninguém consegue perceber que eu quero, às vezes nem eu. Aí, voltando aos homens, viro amiga e sou ótima nisso, não sou chata, ao contrário sou muito legal, sempre deixo eles muito à vontade, às vezes eles até esquecem que sou mulher e me vêm com os assuntos mais constrangedores, às vezes eles se lembram que não sou homem quando estão bêbados e resolvem ficar comigo, claro que no dia seguinte eu continuo a amiga, porque de uma forma ou de outra, eu sempre acabo deixando claro que é só isso que eu quero. Nunca consegui fazer a transição de amizade pra um relacionamento amoroso. Sei que eu estabeleço os limites (do contrário não teria tantas histórias parecidas) e eu mesma não sei rompê-los, ainda que queira (e eu já quis, posso me lembrar de pelo menos duas situações em que eu quis muito).
Aí me arvoro de autêntica, franca demais, sem jogos, mas talvez eu jogue o maior jogo de todos e o mais ingrato também, porque nele eu sempre perco, sempre termino sozinha, pois finjo que não quero e não consigo dizer o que quero. Como se fosse alguma vergonha querer alguém pra andar junto e não o desejo de todo mundo...

Loreley.

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Um pouquinho de Vinícius é sempre bom...

"Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!A gente não faz amigos, reconhece-os.” Vinícius de Moraes

Muita luz, amigos!! Morgana.

quinta-feira, outubro 30, 2008

Na noite de domingo ela lavava toda a louça do dia. A preocupação era com a empregada no dia seguinte, ou melhor, com o que a empregada pensaria diante de tanta bagunça. O que importava era a reputação. A merda da reputação.

Quando o almoço era na casa de amigos, ela chegava comentando: não sei como fulana pode deixar tanta louça pro dia seguinte. E daí? Eu falava. Não me importava mesmo aquela sujeira toda. O que importava era que eu não precisaria lavá-la.

Até hoje a louça não pode dormir suja. Até hoje o que importa é o que importa para os outros. E os outros “estão as favas” com o que realmente importa.

A vida passou e os sorrisos, poucas vezes, viraram gargalhadas. As revoltas, poucas vezes, viraram expressões de ódio (com razão ou não). A humildade há muito tempo cedeu lugar a subserviência. Basta aparentar simplicidade. Basta! E em troca disso, basta o orgulho de achar que ninguém percebe o desastre de uma vida inteira. E basta o orgulho de enterra-se sozinha num buraco de silêncio, esperando pacientemente que alguém a olhe com piedade e faça o que ela nunca teve coragem de fazer.

E o que realmente importa, caros amigos?

Importa “festejar” quando a solidão bate a porta? Ou importa chorar? Importa gritar por socorro enquanto outros tantos morrem sufocados pelos mesmos fantasmas? Miseráveis!

Medrosos! Covardes! Medíocres!

Aff... importa morrer no silencio do baile de máscaras. PUTA QUE PARIU!!!

Maria Tereza

terça-feira, outubro 21, 2008

Sonho à tarde...

Sonhei que andava de olhos fechados...
Eu caminhava ao lado dele,
minha mão enlaçada em suas mãos...
E era bom.

domingo, setembro 28, 2008

A bíblia fala que “a esperança adiada desfalece o coração”. Esperar por algo que desejamos ou necessitamos muito, nos faz sofrer. É comum pedirmos a Deus que esse sofrimento seja minimizado ou mesmo anulado. Como se viver com Deus ou com seus favores caracterizasse a ausência de dores. Ou (o que não sei se é menos desprezível) caracterizasse a total completude, inibindo outras necessidades.

Eu, por outro lado, afirmo, depois de uma certa experiência, que a realidade tardia desestrutura qualquer coração. Fatos, palavras, condições, amores, amarguras... varridas para debaixo do tapete. É quando alguém resolve fazer aquela faxina. Oh, Senhor, porque a verdade é essa? Porque agora?

Beirei a loucura. Era tanta raiva, tanta magoa que eu acreditei que era possível seguir em frente, sozinha. Achei mesmo. Como uma amaldiçoada poderia trilhar o mesmo erro. A penitencia que cabia a outros, agora seria a minha base, meu fundamento.

Fortes laços, ainda que frágeis, me fizeram arrimo... Logo eu, tão pequena. Logo eu...

Melhor sofrer por esperar o que de fato importa, do que não viver a própria realidade. A pior de todas as prisões: esperar pela verdade, sem saber que é dela que precisamos.

Ana

quinta-feira, setembro 25, 2008

Românticos - Vander Lee

(para o Adagga)

Românticos são poucos
Românticos são loucos
Desvairados
Que querem ser o outro
Que pensam que o outro
É o paraíso...

Românticos são lindos
Românticos são limpos
E pirados
Que choram com baladas
Que amam sem vergonha
E sem juízo...

São tipos populares
Que vivem pelos bares
E mesmo certos
Vão pedir perdão
Que passam a noite em claro
Conhecem o gosto raro
De amar sem medo
De outra desilusão...

Romântico
É uma espécie em extinção!
Romântico
É uma espécie em extinção!
Românticos são poucos
Românticos são loucos
Desvairados

Que querem ser o outro
Que pensam que o outro
É o paraíso...
Românticos são lindos
Românticos são limpos
E pirados
Que choram com baladas
Que amam sem vergonha
E sem juízo...

São tipos populares
Que vivem pelos bares
E mesmo certos
Vão pedir perdão
Que passam a noite em claro
Conhecem o gosto raro
De amar sem medo
De outra desilusão...

Romântico
É uma espécie em extinção!
Romântico
É uma espécie em extinção!

Românticos são poucos
Românticos são loucos
Como eu!
Românticos são loucosRomânticos são poucos
Como eu! Como eu!

Ana

quinta-feira, setembro 18, 2008

Não é com tanta satisfação assim que digo tais coisas, não se engane. Acontece que, enquanto cato as palavras com as quais me declarar, penso em outras tantas coisas que me fariam sentar e calar. Mas o meu prazer realmente está em não ser de igual forma amado, nem ser objeto de idolatria, como te idolatro, nem ter o meu nome em dedicatórias de amor como as que com o teu nome eu faço. Aliás, a saudade é um belo retrato, admirá-lo é que não é tão belo assim.

Eu digo essas coisas sem muitas perspectivas. Gostaria, na verdade, que de alguma forma eu mergulhasse numa loucura concreta, naquela que vislumbro todos os dias em meus pensamentos, onde lá estamos em paz, risonhos e felizes. Por ainda ser de alguma forma lúcido, é que recebo por tais pensamentos um pagamento de dor e a destruição.

Às vezes penso se não é loucura a normalidade das coisas. Se na verdade não estamos nós mergulhados em algum qualquer-coisa de ilusão e ressentementos.



Adagga

domingo, setembro 14, 2008

Presença verdadeira

Hoje foi um dia incrível: no começo, estava realmente deprimida, triste, chorei muito, até cansar, até o rosto ficar inchado. Cumpri a minha rotina do domingo com uma dor absurda, cada movimento que eu fazia revelava um esforço tremendo para seguir com a minha vida do jeito que ela é. Eu estava fraca, sensível e grosseira com as pessoas que mais amo, descontando nelas uma falta que não vem delas e não é sua culpa, o pior é que essas pessoas tirariam de mim essa dor, se pudessem, mas eu sequer lhes falei que estava sofrendo...Orgulhosa que sou.
Continuei com a minha dor e chorei, chorei até dormir e dormi muito, um sono restaurador que nem sei da onde veio, pois eu já tinha acordado muito tarde.
Quando acordei, tudo começou a mudar e os pequenos milagres foram se revelando: primeiro através da conversa e companhia de pessoas com as quais eu não falava há muito tempo, depois um telefonema inusitado e carinhoso, seguido de uma missa em que parecia que o quê o padre dizia e as música haviam sido escolhidas para aquele momento que eu estava vivendo e eu chorei, chorei novamente, não de desespero e tristeza como antes, mas pelo reconhecimento paupável e visível da presença de Deus em minha vida e como ele veio me amparar nesse momento através dos homens, meus irmãos, que vieram ao meu encontro, me oferecendo exatamente o que eu precisava: palavras, carinho, companhia e eu não precisei pedir a qualquer deles. Apenas disse, em oração, que não aguentava mais e meu Pai veio em meu socorro.
Sempre vi e reconheci a maravilhosa presença de Deus em minha vida, mas hoje ela foi tão sensível, tão presente e essencial, que termino esse dia de forma completamente diferente da que o comecei: cheia de paz dentro de mim, de paz e amor pelos que estão à minha volta, além da gratidão infinita por esse amor incondicional de Pai, cuja presença verdadeira senti.
Por isso hoje só tenho a dizer boa noite à graça de Deus que nos acompanha sempre apesar dos meus tropeços e das minhas dúvidas. Obrigada, Pai!
Muita luz, Morgana.

quinta-feira, setembro 04, 2008

"Não gosto dos justos, dos que nunca caíram, que não recuaram. A virtude deles é morta, sem valor. A beleza da vida não foi revelada para eles".
Boris Pasternak.
(Esse é o autor mesmo, não é pseudônimo, li essa frase e achei totalmente condizente com o confessionário, tinha que postar. Mavie)

terça-feira, setembro 02, 2008

Por uma salada mais decente

As mulheres existem para não serem entendidas. O homem praticamente se mantém em sua posição social desde os tempos das cavernas. Lidamos com os trabalhos mais braçais, mais perigosos e mais cansativos. Até umas décadas atrás, também éramos responsáveis pelos trabalhos intelectuais, reservando às mulheres o cultivo das lavouras e manutenção do lar e prole.


As mulheres, no entanto, acharam, e com muita justiça, que era chegada a hora de equiparar as atividades masculinas às femininas e vice-versa. E assim, com tanto mérito e dedicação, conseguiram meio que balancear as relações de trabalho e sociais, levando o homem para a boca do fogão e enchendo de charme as bolsas de valores.


Mas, como disse ainda há pouco, as mulheres existem para não serem entendidas.


Eu tenho a impressão de que o mesmo empenho que as mulheres empregam para alavancarem suas carreiras jurídicas e empresariais é alocado em dobro para jogarem a sua imagem no chão.


Desde quando eu me entendo por gente é que vejo esse tipo de coisa. Primeiro foram as dançarinas do tchan, que influenciaram uma geração inteira de aspirantes a bumbum da vez, motivando até concursos nacionais. Depois foram as Fulanas do Funk (Proibida do Funk, Enfermeira do Funk, o Diabo a Quatro do Funk...) e agora essas tais mulheres frutas.


A mídia agora serve uma verdadeira salada de peitos e bundas para todos os gostos. No cardápio está a Mulher Melão, a Mulher Melancia, a Mulher Jaca, a Mulher Maçã e até a Mulher Filé, que não é fruta, mas também serve de aperitivo. O problema é que, apesar do menu colorido e convidativo, esse pomar siliconado só tem a trazer um futuro bem indigesto a essas crianças nada inocentes de hoje. Nunca que uma juíza do STF ou uma Dilma Russef da vida vai influenciar aquela menina que não perde Malhação um dia da semana. A referência dela está no rebolado sensual, no peitinho durinho, na barriguinha torneada e na pele bronzeada dessa mulherada sem identidade e educação.


Eu fico pensando nos adultos de amanhã, que hoje, enquanto crianças, assistem a toda essa pornografia disfarçada e bem aceita pela sociedade. Mas no fim, o mais certo mesmo é esquecer o lado podre da maçã e ficar só com o que ainda dá para comer. O resto pode esquecer, pois está na mão (ou na bunda) dessas mulheres do novo milênio.

E seja o que a mídia quiser.


Um abraço!


Adagga

segunda-feira, agosto 11, 2008

Existiu um momento em que minha vida se dividiu em duas: a que eu poderia estar vivendo (ou não) e a que vivo. Ultimamente, tenho visto esse ponto como uma bifurcação, onde duas estradas quase paralelas são separadas por um canteiro central, sem meio fio, cheio de mato. São caminhos tortuosos, de terra mesmo. Nenhum deles me parece asfaltado, pelo contrario, são completamente rudimentares, resultantes do pisoteio e do tráfego esporádico de carroças puxadas por animais.




Essa caracterização deve ter algum significado, o qual desconheço. Penso que possa ser a não vivência convicta do arrependimento profundo da decisão tomada ou a não entrega plena à vida que segue. Afinal, nada parece concreto, construído, pronto.

Neste ponto eu fiquei.

Relembrar o ponto em que fiquei, pois decidi que não eu iria e não fui, causa grande dor. Com isso, a vida paralela não vivida é apresentada como um filme, um filme com começo e meio. O fim é sempre o fracasso.

Sei que fracassaria, mas não ter vivenciado isso me deixa na dúvida. E a dúvida causa remorso.

Escolhas não têm volta e sempre existirão bifurcações.

Nada de autocomiserações, nada de destino, zeca pagodinha (deixa a vida me levar). Nada disso. Somos Responsáveis pelo o que escolhemos. Jargãozinho antipático que finalmente tenho compreendido.

Mas sabe de uma coisa? Existe uma vozinha lá dentro de mim que diz: tudo tem um sentido. Ela é suave e com alguma esperança. Ela me acalma, me faz levantar da cama e lutar por mais um dia no caminho escolhido.

Ana

terça-feira, julho 29, 2008

Querido confessionário,

desculpe o atraso, mas nas correria do dia-a-dia esqueci o seu aniversário.

Desejo muitos e muitos anos de postagens!

Beijos
P.S.: dia 26/07/2006 iniciou-se o confessionário das letras.


Ana

quinta-feira, julho 17, 2008

Trecho de Neruda para todos

Tuas mãos.

A minha vida toda


eu andei procurando-as.


Subi muitas escadas,

cruzei os recifes,

os trens me transportaram,

as águas me trouxeram,

e na pele das uvas achei que te tocava.

De repente a madeira me trouxe o teu contacto,

a amêndoa me anunciava suavidades secretas,

até que as tuas mãos envolveram meu peito

e ali como duas asas repousaram da viagem.

domingo, julho 06, 2008

Na ultima sexta-feira fui agraciada com algumas palavras de um amigo. Ele conseguiu me surpreender com uma declaração muito simples de amor, a qual eu quase não consegui compreender.

Acho que minha incompreensão veio da necessidade de ser recriminada e rejeitada pelos erros que acabava de confessar. Mas maravilhosamente, ele me olhou nos olhos e disse: quer saber de uma coisa? É dessa Ana que eu gosto, dessa Ana desse jeito. É isso que me encanta. Tu precisa te aceitar Ana.

Hoje, quando eu voltava pra casa, pensei no amor de Deus. Pensei que existem coisas que Ele não muda e não se mete. Lembrei do espinho na carne de Paulo. Não tenho idéia do que poderia ser esse espinho, mas já me passou pela cabeça ser algo de cunho emocional.

Paulo, após alguns pedidos de mudança, ouve de Deus: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.” (2 coríntios 12:9).

Lembremos da graça.

Ana

Aos sedentos da mesma, recomendo: Maravilhosa Graça de Phillip Yancey.

terça-feira, julho 01, 2008

O gosto das coisas

A minha relação com a comida sempre teve uma estreita ligação com o amor. Quando estou amando ou, pelo menos, me sentindo desejada, querida, amada, sinto um prazer enorme em comer, os alimentos ganham sabores e cheiros e o ato de comer torna-se um ritual imensamente prazeroso, quero cozinhar e inventar e misturar temperos, porque me alimentar, sentir o gosto das coisas é um prazer imenso e faz parte da minha felicidade de amar e ser amada.

Se não amo ou sofro uma desilusão absurda acontece justamente o contrário: a comida torna-se intragável e sou capaz de passar um dia inteiro sem comer ou me alimentando como se cumpre uma obrigação, que não tem prazer, nem gosto, é só um dever. Então, como qualquer coisa e, geralmente, nessas fases, como sempre a mesma coisa, algo que sei que vai me alimentar, sem me dar muito trablho tampouco qualquer prazer.

Não sei quando isso começou, talvez seja algo do inconsciente do meu eu ainda bebê, quando se alimentar era também uma relação de amor com a mãe, no ato da amamentação. O fato é que talvez eu nunca tenha conseguido superar essa fase e até hoje se amo o outro, se me amo, se sou amada, me delicio com a comida, do contrário cumpro a obrigação que me mantém viva.

Lembro de uma vez que cheguei a perder muitos quilos, por falta de amor, é como se a inanição fosse apenas um elemento dessa ausência ainda maior.

Loreley.

segunda-feira, junho 30, 2008

I grieve...

Sei que o confessionário é uma celebração à língua portuguesa, mas hoje tenho um sentimento dentro de mim, para o qual não encontro palavras na minha língua materna tão amada, mas encontro no inglês, pelo menos no que entendo dessa última.
O sentimento a que me refiro, é também um estado e uma atitude da pessoa que o vive e não conheço um verbo para identificá-lo na minha língua, falo de viver o luto, viver a perda, a despedida de algo que acabou, que na língua inglesa se resume na palavra grieve. É sofrer, mas não sofrer por qualquer coisa, é viver essa mistura de sensações que nos trazem a perda de algo, pode ser de um ente querido, de um amor, de qualquer coisa de que tenhamos de viver o luto e deixar partir o que já não existe mais em nós.
Hoje "I grieve" , com todas as fazes da dor a que tenho direito. Já passei pelo choque e pela raiva, eles foram os primeiros e vieram quase juntos, e foi terrível, até eu me desconheci, pois não sou dada a confrontos, minha ira estendeu-se aos céus e ao destino, me achando a pessoa mais injustiçada do mundo. Vivi a negação por segundos, não querendo acreditar na crueza do que estava vivendo. A depressão começou logo em seguida à excitação conferida pela raiva, quando o corpo (e a cabeça) esfriou e eu comecei a me sentir oca, vazia e sem ânimo para qualquer coisa, apenas seca, o riso, nesse momento, é mais um ato físico do que da alma, porque eu, neuroticamente, nunca deixo de sorrir, aprendi a sempre rir quando eu caio...
A aceitação, última fase do luto, está começando aos poucos e veio de uma forma absolutamente estranha, pois em qualquer das minhas experiências de perda anteriores, jamais senti o que sinto hoje. Continuo muito triste, ou seja, a depressão ainda não foi embora, mas a aceitação já começa com um sentimento de "poxa, foi tão bom, se soubesse, teria aproveitado mais o tempo que tinha".
Essa sensação é pra mim surpreendente, pois não me arrependo do vivido, não, viveria de novo e faria tudo de novo, com uma diferença, APROVEITARIA MAIS, cada momento, cada instante, passaria mais tempo junto, ficaria um dia inteiro na cama sem fazer nada a não ser vivendo, esquecidos do mundo...
Surpreendo-me mais ainda porque o que vivi foi muito duro e muito difícil, talvez uma das coisas mais difíceis que já tive que fazer e talvez seja impossível perdoar, mas, pela primeira vez, não me envergonho, não me martirizo com meu orgulho ferido, não me sinto humilhada como é o meu costume. Não, ainda estou triste e apenas começo a sentir essa sensação de que, se soubesse que seria tão rápido, teria aproveitado mais, teria me deixado levar mais rapidamente...
Mais estranhamente, ainda, tenho a impressão, ainda leve, de que vou ficar mais corajosa depois disso...
So (com licença poética) today I grieve...

Bjos a todos,
Loreley.

terça-feira, junho 24, 2008

TRISTEZA

Acabei de chegar em casa. Tô sem sono, cheio, triste, angustiado... estou insuportável!
Disseram-me há pouco que estou no meu inferno astral! Não acedito nisso, mas ultimamente estou pensando muito nas coisas em que acredito. Verdades e inverdades são tão relativas!
E agora... qual o porquê de estar escrevendo ou pensando isso.
Estou me sentindo mais podre ainda!
Quero sumir, voar, mergulhar, esquecer todo mundo. Mesmo as que eu gosto, ou digo que gosto!
Agora comecei a chorar...
Acho que não tenho feito nada do que quero. Cansei de ser legal! Ninguém valoriza. Ou melhor, apenas valoram positivamente quando é conveniente pra elas mesmas!
Mas o que eu posso fazer?! Ensinaram-me que vivo em sociedade. Tenho que ser cortêz! Agradável. Gente boa... odeio!
Quero fazer mal pra alguém. Quero estar do lado que nunca tive! Quero sentir raiva de mim, mas por um outro foco. Talvez a minha raiva, angústia, tristeza seja mais "aceitável".
Quero ser mais humano...

quarta-feira, junho 18, 2008

Acho que ando meio sem palavras. Também acho que estou trabalhando demais. Eu gosto de trabalhar, gosto de compromissos, coisas a cumprir. Gosto do certo no fim do mês. Acontece que tive umas idéias estranhas nas últimas semanas, coisas que nunca me ocorreram antes, daí fiquei preocupado. Eu quis – assim, sem qualquer julgamento – deixar tudo aqui em São Luís e viver num terreninho escondido por um interior ou zona rural qualquer do Maranhão. Planejei o cercadinho de madeira “pôdi”, a casa de taipa com chão de terra, o giral na cozinha, a rede no quarto quente sem ventilador, a poeira, o calor... Desejei como uma criança aquela sentina no fundo do quintal, cercada de palha e tudo mais, e até idealizei um curral pra criar uns bodes e uma área pra fazer agricultura de subsistência. E o lugar onde se realizaria esse doce devaneio tem nome e endereço: Bequimão, na baixada maranhense.

Eu acho que estou trabalhando muito sim, estou cansado, mas talvez não seja exatamente isso que me perturbe, quem sabe é apenas uma coisa que eu não sei explicar, embora saiba do que se trata.
Preciso de um vinho.

Um abraço.

Adagga.
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– Olá! Como vai?
– Eu vou indo. E você, tudo bem?
– Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro... Evocê?
– Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranquilo… Quem sabe?
– Quanto tempo!– Pois é, quanto tempo!
– Me perdoe a pressa - é a alma dos nossos negócios!
– Qual, não tem de quê! Eu também só ando a cem!
– Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí!
– Pra semana, prometo, talvez nos vejamos...Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é...quanto tempo!
– Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas...
– Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança!
– Por favor, telefone
– Eu preciso beber alguma coisa, rapidamente...
– Pra semana...
– O sinal...
– Eu procuro você...
– Vai abrir, vai abrir...
– Eu prometo, não esqueço, não esqueço...
– Por favor, não esqueça, não esqueça...
– Adeus!
– Adeus!
– Adeus!

Chico/Paulinho da Viola

sexta-feira, junho 13, 2008

Velinhas...

O Confessionário completa dois anos no mês que vem.

Adagga

quarta-feira, junho 11, 2008

Era um vez um comentário que virou post...

Não só é insuportável a manutenção dessa imagem (veja os últimos posts), como ineficiente, artificial e frágil. Ela se rompe com facilidade e torna-se enjoativa à medida que se mostra clonada e “flexível”. Nessa onda do “adaptar-se”, confunde-se bom relacionamento com quebra de princípios. Aff... como dói a realidade.

Nos últimos meses convivi com um senhor de seus já 50 anos, cheio de regras de boa vizinhança e macetes de relacionamento, dentre os quais posso citar uma simpatia forçadíssima e desnecessária. Fora, a exaltação de uma ética visivelmente confusa.

(Acredito que esta criatura ainda não tenha encarado de frente seus infernos. Provavelmente, se esconda deles. Pior que eu entendo, ele não foge a regra. Mas confesso: não quero chegar nessa idade dessa forma. Que meda!)

Não estou fazendo apologias a confusões e agressões. Ao contrario, creio na necessidade de se aturar o outro, mas para isso é preciso primeiramente a aceitar o “eu”. Como aceitá-lo se quero que ele seja outro?

Sendo assim,quando indignados com nosso excesso de “asseio” e “gentileza”, corremos o risco de percorrer a busca do que gostamos, cremos, necessitamos e almejamos. Tudo bem, que sempre conheceremos em parte, mas saber que existe o todo já me basta. Tem me bastado.
Bom, se o mínimo de identidade nos é permitido, que a busquemos e estejamos preparados (ou não) para o que vamos encontrar.

Um abraço

Ana

Quem será que inventou esse estereótipo?

terça-feira, junho 10, 2008

"Limpinha, meiguinha, gentilzinha..."

Bem, li o post da Ana e não pude deixar de pensar no quanto eu já quis ardentemente, com todas as minhas forças, ser "limpinha, meiguinha, gentilzinha", parecia que a vida era tão mais fácil para as pessoas assim, meigas, gentis e limpas e, acrescento, leves...É que eu sempre fui muito truculenta, dura, direta e nada, mas nada mesmo, sutil, além disso, tudo sempre me ardeu por dentro, o que parecia não acontecer com as pessoas meigas, gentis e limpas, por isso eu ansiava por esse estado de espírito de equilíbrio e sensatez que me faria ser assim, eu achava que era um estágio que eu podia alcançar, essa leveza no ser que não agride nem incomoda as outras pessoas.

Hoje, não é que eu tenha desistido, eu aceitei que não sou assim, não sou meiga, gentil, limpa ou doce, nem leve, eu sou excessiva e hardcore a maioria das vezes, mas aprendi a lidar com isso.

O interessante foi pensar agora no lado infernal de ser "limpinha, meiguinha, gentilzinha", o quão trabalhosa pode ser a manutenção desse jeito de viver e de lidar com as pessoas, não somente pelo que de não verdadeiro pode haver nessa atitude, mas, e talvez principalmente, pelo esforço que é feito para mantê-la, talvez não exista nada de leve nisso, mas somente muito empenho e apego a uma imagem...ou talvez tudo isso seja só o recalcado despeito de quem nunca conseguiu ser "limpinha, meiguinha, gentilzinha"...

Mavie.

domingo, junho 01, 2008

Infernos e inferninhos

Resposta ao post de Adagga (complemento).

A hipocrisia não me deixaria concordar com tais afirmações. No entanto, despindo-me dela e de qualquer tentativa de explicar o contrário ou amenizar a verdade, recebo todo mérito por meus podres (que não são poucos). Quando pareciam poucos, o que justificava era a peneira, com a qual eu tentava esconder a luz que incidia.


Considerando que a peneira ainda encontra-se a disposição, volta e meia faço uso da mesma. “Demônios” são coisas feias e nada melhor que escondê-los ou banalizá-los.

Sendo assim, quando os demônios viram costume, passam a atos válidos. De alguma forma, válidos. Aí mora o perigo, pois tudo é justificado: “foi por amor”, “foi por justiça”, “foi por bondade”, “foi porque fulano é meu amigo”... aff! “O mundo é gentil com a beleza, põe a mesa, arruma a sala, exala compreensão.” Zelia Dunca vem à mente. “Entre os fingidos a moda é fingir que ninguém finge.” Malvados (essa é demais!)

Acho que as frases acima expressam bem essa coisa de se acostumar com os podres. Afinal, Acontece! É quando os infernos viram “novidade”, “feitos de honra”, “nobreza pura”.Já não são infernos. É a realidade. É a humanidade.

Inferno? Somente para os que assim consideram.

Para os que consideram inferninho (bonitinho, chiquezinho, arrumadinho, eticozinho), não há motivos para vergonha, “isso passa!” Na verdade não precisa passar, pois é tão certinho, sou tão limpinha, meiguinha, gentilzinha... so não sou verdadeira,mas isso não é necessário.

Nem para mim, nem para os outros. Deixa do jeito que tá porque não quero pirar e nem sair do meu conforto!!!! (até rimou)

Inferno para os que encontram o inferno. Para quem os justifica, inferninho!

Ana

quarta-feira, maio 28, 2008

Eu já fui muito intolerante. Acho que as pessoas têm disso em algum momento das suas vidas. Eu tive a minha fase e juro que não sinto saudades, apesar de nunca ter passado algum constrangimento por agir ou pensar assim. Na verdade, eu acredito que é preciso viver certos infernos para consolidar certos paraísos. É preciso duvidar da própria sexualidade, é preciso ser estúpido e invejoso, é preciso ser sacana, ser inconseqüente... É preciso, enfim, viver os demônios de uma pessoa normal, sem necessariamente nos apegarmos a eles (os demônios).

Um abraço para a galera e um beijo para Ana.

Adagga

segunda-feira, maio 26, 2008

Leprosos, palhaços e praias.

Eu queria escrever sobre alguma coisa, mas se não tenho o que dizer, então é melhor ficar calado. Mas, pensando bem, vou escrever sobre alguma coisa.

Na minha geladeira tem 6 latas de cerveja, mas elas não foram parar lá por acaso. Certa vez eu estava sem ter o que fazer com minha patroa num domingo à tarde, então resolvemos dar uma volta de carro pela cidade, aleatoriamente. Ela sugeriu um lugar chamado Stresse Zero. Perguntei onde era e ela disse que ficava depois da UFMA. Estávamos com dinheiro, então arriscamos a gasolina. O problema é que esse tal de Stresse Zero ficava na verdade bem dentro do Anjo da Guarda, mais precisamente depois da colônia de leprosos que fica naquela região (para quem se interessar, o segredo para chegar lá é seguir reto o tempo inteiro na avenida principal do Anjo da Guarda). Bom, foram quase 20 minutos transitando naquele bairro distante, até chegarmos no tal bar. Senhoras e senhores, a vista proporcionada pelo Stresse Zero justifica completamente o seu nome. É uma visão do centro histórico e da ponta da areia diretamente do alto de um morro, lindíssimo. O problema, entretanto, é que tenho problemas seriíssimos com altura. Logo que vi que havia um poste velho embaixo sustentando o bar, comecei a ter tonturas e enjôos, o que me fez pedir pra sair dali e não ficar nem 10 minutos ao todo. Ela, a patroa, compreendeu.

Saímos dali e fomos em direção à Ponta da Areia, ainda sem termos o que fazer. No caminho de volta, perto do Bacanga, observamos os trailers do circo que está na cidade e resolvemos parar. A princípio nós decidimos marcar um dia pra assistir o espetáculo, mas depois de observar a forma como os animais estavam hospedados resolvemos cancelar o programa. Seguimos então o nosso trajeto.

Parei num posto de gasolina no São Francisco, naquele ao lado do Bom Preço. Desci do carro e abri o porta-malas só pra ver o que tinha dentro. Deparei-me com duas cangas, o step e uma caixa média de isopor. Peraí, uma caixa média de isopor? Pois é. Eu estava com uma caixa média de isopor no carro e ao lado de uma loja de conveniências – não deu outra. Enchemos a caixa de isopor de garrafas de long-neck e gelo e rasgamos para praia. Fomos para o último bar da litorânea, aquele que fica já perto do Barramar, mas não ficamos no bar, e sim ao lado, nas dunas. Estendemos no chão uma canga, levamos a caixa de isopor cheia de cerveja e lá sentamos, vendo o mar, o céu ensolarado de 5:00 da tarde e as pessoas indo e vindo. Foi um momento tão bom que resolvemos batizar o evento de choppnique.

Os dias passaram e chegou mais um domingo em que estávamos sem ter o que fazer. Resolvemos fazer um novo choppnique. Mais uma vez enchemos a caixa de isopor, mas dessa vez com latinhas de cerveja, e seguimos para a praia. O problema, porém, é que o tempo fechou no meio do caminho, o que não foi tão ruim, pois decidimos que banharíamos na chuva e lá mesmo beberíamos a nossa cerveja. E assim foi... Praia vazia, chuva caindo, Bhrama gelada... Até aí tudo bem, o chato é que começaram a cair os raios – e eu tenho medo de raios na mesma proporção em que tenho medo de altura, então cancelamos tudo.

Quando chegamos em casa fizemos o levantamento de quantas cervejas sobraram, totalizando 6 latinhas. Guardei-as todas na minha geladeira.
E essa é a história das seis cervejas.
Um beijo.

Adagga

sábado, maio 24, 2008

domingo, maio 18, 2008

Queria mesmo ir à praia, sentar num banquinho isolado de todo mundo e ver o sol se por... Que saudade da simplicidade.

Essa semana, em meio a vários acontecimentos com os quais não consigo me acostumar, cheguei a conclusão que talvez eu não tenha sido feita para encará-los. Tem horas que pensar nisso causa certa dor. Outras, sinto-me livre de perseguir os padrões de vencedores. Vençam e me deixem em paz no terceiro lugar!!!

Opa! Estou no barco e sem dormir. Despero!!! Wooooooooooooo... Ah Pedro, como gostaria de andar sobre as águas... e não afundar.

Ana

terça-feira, maio 13, 2008

De tal maneira...

Hoje, ouvi que quem ama não teme. Também ouvi que amor não é educação e nem mesmo cortesia.

Amor é amor.

Por crer nisso, resolvi logar no confessionário e escrever sobre o que, por hoje, lembrei do que é amor...

Amor não é diplomacia, gentileza, parcialidade. Nem parcialidade disfarçada de imparcialidade. O amor nem sempre é claro, mas é sempre verdadeiro.

E como verdade é doloroso, impactante, esforçado e obtido por esforço. Sendo assim, não é sentimento, apesar de produzi-lo.

Posso dizer, sem dúvidas, que amor é uma escolha, apesar de não ser uma opção... não para os que desejam viver. Para estes, ou ama-se ou ama-se.

Amor não é calmaria, é espada. Ele corta, “separando alma e espírito, juntas e medulas, e é capaz de discernir os pensamentos e propósitos do coração”.

O amor busca o bem, não somente o deseja. Nem sempre é conveniente. Na verdade é completamente inconveniente: se intromete, se envolve, se mistura.

O amor que não constrange... neste eu não acredito.

No que se refere a amar, sou deficiente. Deficiente também sou em recebê-lo. Recebo do tanto que me cabe amor.

Ana.

segunda-feira, abril 21, 2008

A floresta

Na floresta por onde caminho há muitas árvores. No meio, um lago maravilhosamente azul-brilhante. Mergulho e encontro uma orquestra de seres aquáticos. Entregam-me um trombone e com a multidão começo a tocar. Tam-tam-tam-tam – Fom-fom-fom-fom-fom. Em seguida, deixo-os maravilhosamente azul-brilhante. Ando mais um pouco e encontro um peixe fora d’água. Então, colhemos algumas ameixas e sentamos para conversar. Ele reclama de suas escamas e diz sentir falta do brilho que tinham. Conto que em algum lugar perdi alguma coisa da qual não me lembro mais. Ao nos despedirmos, ele me aponta o Norte e eu indico o Sul. Sigo andando por entre árvores que sussurram segredos de cores diversas. A noite chega e eu preciso descansar. Escolho dormir aos pés de uma árvore que conta segredos de cor azul. Adormeço ouvindo-a falar e sonho com um lugar todo formado por “as”. Então, pulo de “a” em “a” e chego a uma grande porta “A”. Dou um salto e entro por seu buraco. Sou recebido por um “a” vestido com um casaco elegante. Ele gentilmente me pergunta se tenho alguma preferência quanto ao tipo de fonte. Respondo que não. Escolho arial e logo me vejo dançando num ambiente bonito e alegre, cheio de “as” de todos os tipos e tamanhos, que dançam levemente ao som da mesma música. Depois de dançar todas as coreografias com cada um, explico que preciso ir, pois devo continuar minha viagem para a “Terra dos sem nome”. Eles nada entendem e, aos gritos, pedem para eu ficar, dizendo-me que já sou um deles e me chamo “a”. Respondo que sim, agora sou como um deles e que, por isso mesmo, não posso ficar. Desta vez eles entendem tudo e deixam-me partir.
Novesfora

quinta-feira, abril 03, 2008

Medo e vergonha, limite de vida

Hoje recebi uma notícia triste e inesperada, uma pessoa que eu conhecia faleceu de repente, não estava doente, nem nada, fazia coisas corriqueiras, quando morreu de um mal súbito. Ela era absolutamente cheia de vida, alegre e exuberante e tinha sede, sede de viver e aproveitar essa vida com tudo que houvesse para aprender e viver, eu não a conhecia bem e nossa convivência foi curtíssima, mas ela transpirava tudo isso com suas histórias e brincadeiras.
Sua rápida partida me faz pensar no não vivido, não pra ela, que, claro, devia ter seus arrependimentos, mas dava pra perceber que ela vivia, com todas as letras da palavra, mas pra mim que raramente penso na efemeridade da vida e deixo de fazer tanta coisa em nome dos meus limites.
Esses limites, posso resumir em dois sentimentos: medo e vergonha: tenho vergonha de querer, tenho vergonha de precisar, tenho medo de dizer que quero e que preciso, tenho medo de pedir, tenho vergonha de chamar, tenho medo de amar, tenho vergonha de amar sozinha, medo e vergonha, medo e vergonha, medo e vergonha de falhar, de tentar, de me expor, de me machucar, isso me limita muito.
Vivo como frágil porcelana e vivo pouco e vivo mal, vivo com ansiedade, pelo sofrimento de fazer alguma coisa, vivo com a tristeza de nada fazer, mas todos esses são limites criados e inventados por mim, só eu os vejo e só me amarram porque eu deixo, eu sei disso...e só eu posso mudar.

Fica a minha homenagem a essa pessoa que VIVIA e exalava vida a quem estivesse próximo, que todos possamos aprender com o seu exemplo.

Mavie.

terça-feira, abril 01, 2008

Pequenas alegrias

Estou descobrindo as pequenas alegrias, aquelas do dia-a-dia, que não precisam que nada bombástico aconteça, você simplesmente sente e elas tornam mais leve o seu semblante, o seu dia, a sua energia, a sua vida enfim.

Para as pequenas alegrias, não precisa muito, basta sentir, uma música que toca e você ama, um dia de chuva, um dia de sol, uma florzinha que nasceu na plantinha que você mesmo plantou, um banho de mar durante a semana, após um duríssimo dia de trabalho, jogar conversa fora com um amigo querido ou preparar uma comidinha gostosa, uma receita nova e outras tantas.

São alegrias pequeninas que enchem a vida de satisfação, dos prazeres diários de que, afinal, a vida é feita, você lembra como é bom estar vivo nesse mundo, com cheiros, sabores e cores e vive, simplesmente.

É importante lembrar que as pequenas alegrias são um exercício diário, porém prazeroso, mas que é bom praticar para não esquecer, pois, pelo menos pra mim, parece mais fácil reclamar da falta de grandes acontecimentos ou mudanças na vida, que vivê-la e fazê-la bela com a parte de que me é possível dispor, e é uma parte grande dela, pois a vida é minha e sou eu quem decide como vivê-la.

Além disso, é bom observar aos interessados nas pequenas alegrias, que elas não te impedem de sentir dor. Ao contrário, elas colocam os curiosos em contato com o que são, pois descobrir pequenos prazeres é, também, descobrir quem se é, o que se ama, e esse processo pode ser doloroso. Mas compensa, garanto. Porém, o preço de sentir é também sentir dor e eu, pelo menos, decidi pagar esse preço.

Bem, resolvi escrever sobre as pequenas alegrias hoje, porque, justamente hoje, eu não consegui vivê-las e me vi, paralizada, esperando grandes acontecimentos, que, obviamente, não acontecem quando a gente quer, preferem momentos distraídos e se é para se distrair, é delicioso que seja com as alegrias do dia-a-dia...

Mas devo me perdoar por este dia, afinal o perdão de si próprio também é uma alegria que somente nós mesmos podemos nos proporcionar! Devo me perdoar por ter vivido esse dia sem as minhas tão queridas alegrias e reconhecer que ainda sou uma aprendiz nessa prática de dia-a-dia de estar feliz por poder fazer algumas coisas que amo...

Muita luz. Morgana.
P.S: É bom voltar.

domingo, março 30, 2008

Querubins, a minha alma vive!!!

Acredito em coisas que não se depreendem pelo simples fato de serem classificadas. Não se separam por serem três: corpo, alma e espírito.

Enquanto insistem que a alma deve ser desconsiderada, eu continuo a respeitá-la. Pobres miseráveis que se ocupam em inferiorizar os mortais!

Classificam, julgam e sistematizam formas de viver e de não sentir, claro. Sentir é coisa pra gente pequena.

Grandes, sinto informá-los, eu fico com a alma!

Ana

quinta-feira, março 27, 2008

Lascou!

Ano passado tive que permitir formatarem meu computador três vezes. Este ano ainda não tinha acontecido nada. Porém, sempre me confiei no tempo, sempre haveria tempo para um último backup.

Pra minha surpresa, em pleno mês de março esta miiierda resolve pifar. Nunca pensei que perderia tudo... Sinceramente, nunca...

Lá se vai o trabalho de um mês.

Já chorei, mal disse o mundo, a minha profissão, a bolacha de chocolate... maldisse, maldisse, maldisse...

Engraçado como essas coisas acontecem, geralmente associada a outros acontecimentos: trabalhos a serem entregues, textos que demoraram um dia para serem escritos (até a metade), fotos de amigos de longe...

Aff... meu coração é que sabe... só ele e Deus. E minha mãe imagina, pois me ouviu chorar...

Ahhhh salve seus arquivos!!!! Tudo pode acontecer!!!

Você está bem???? SIM???? Sim??? Então se o HD for para o espaço, não vai fazer a mínima diferença... porém, se estiver mal...

Ana

terça-feira, fevereiro 26, 2008

Chá de bebê alternativo

Cá estou eu, numa tarde de sábado, comendo feijoada na casa de uma vizinha. Trata-se de um chá de bebê. Nada de brincadeiras, nada de rodinha de mulheres e nada de batom na barriga. Poucas pessoas. Visto uma calça jeans muito usada e uma camiseta cinza dessas que marcam o corpo. Ao redor, um povo descolado: um enfeitado com adereços de metal no rosto, outro com uma calça quadriculada tipo toalha de piquenique e uma terceira de saia rodada. O resto passou despercebido, assim como eu que, com certeza, era de longe, a pessoa mais sem graça porque “normal” da tarde. Por isso, incomodada com esse prêmio que eu mesma me entreguei, depois de eu mesma ter me indicado e eu mesma ter me escolhido, conversei com a minha calça e decidimos que nada era tão grave. Prometi a ela, por várias vezes, que não há nenhuma saia rodada na minha vida, que sim uma saia rodada é interessante nos fins de semana para dar um “desestressadinha”, mas que no dia-a-dia todo mundo quer é uma calça jeans. Falei ainda que ela continua sendo única na minha vida, que nunca sequer olhei pra uma saia rodada e mais todas essas coisas que a gente jura pra alguém que ama. Mas para a amiga que estava ao lado, confessava o encantamento por aquela saia rodada...

Gia

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Tenho sentido falta de alguém para compartilhar os domingos comigo. E também as noites quando chego da faculdade, os dias em ligações fora de hora, os fracassos e os louros da minha humilde vida. Tenho sentido falta de alguém até para me servir de inspiração.
Às vezes é chato ser solteiro.

Adagga

domingo, janeiro 20, 2008

Considerações etílicas

Dizem que o álcool vicia, destrói a vida da pessoa e outras coisas mais, mas eu discordo. Quem converte o álcool em vício não é a bebida em si, mas o contexto que cerca o ato de beber. É o sofrimento pelo desemprego, a solidão pela falta de afeto, o diálogo escasso entre casais e famílias, o erro cometido... Tudo isso conduz o sujeito a embriagar-se excessivamente e várias vezes, até que chega um momento em que o mesmo passa a ver o álcool como um insone vê um comprimido de lexotan, ou seja, um agente tranqüilizante. De vício eu entendo (ou acho que entendo). Já fui viciado em masturbação. Paguei R$150,00 para uma psicóloga me explicar como funcionava a lógica do negócio. No fim das contas, tudo girava em torno da ansiedade, o que me fazia descontar tudo no bilau, assim como um alcoólatra desconta na cachaça. Eu era muito ansioso por causa da minha insegurança em perder alguém que eu gostava muito, e acabei perdendo. Além disso, minhas atividades profissionais eram muito prejudicadas, pois o quadro afetava também a minha memória. Hoje eu posso dizer que estou aprendendo a controlar minha ansiedade e até já obtive bons avanços.


Portanto, bebam à vontade, mas não sem antes resolver os problemas de casa.