quarta-feira, janeiro 31, 2007

A partir de hoje (Apologia à preguiça)

Todo dia é a mesma coisa. Eu acordo e penso: A partir de hoje, eu vou ser uma pessoa melhor! A partir de hoje, eu vou me cuidar, vou estudar, vou ao médico, vou tomar meu anticoncepcional, não vou mais transar sem camisinha, vou acordar mais cedo, vou parar de ver TV, vou parar de ler bobagens, comer bobagens, vou fazer dieta, vou parar de fumar, vou ser menos rabugenta, menos brigona, vou falar menos, vou escutar mais, vou ligar p/ os meus pais, vou ligar p/ aquela velha amiga, vou prestar mais atenção na vida... Mil coisas, que só de pensar nelas, eu já estou cansada! E como sempre, com muita vontade de deixar p/ amanhã ou quem sabe depois, ou depois.
E se o mundo acabasse amanhã???
Não, definivamente, ele não pode acabar!!!
Às vezes eu queria que o tempo parasse, parasse só p/ eu descansar - isso é uma coisa que eu nunca deixo p/ depois. Se o corpo pede, lá estou eu, cedendo. Ceder é outra coisa que faço o tempo inteiro, ceder às minhas vontades, ceder às minhas loucuras, ceder aos meus vícios, ceder à vontade alheia, por pura preguiça ou p/ depois não ficar de consciência pesada. Enfim, estou sempre pendendo p/ o caminho mais fácil, esperando as coisas acontecerem.
Não vivo o presente porque acabo me perdendo no futuro e nos infinitivos nunca concretizados. Vivo um presente remediado, contentando-me com instantes, intensos, porém eternamente efêmeros. E o amanhã, esse fica sempre p/ o ano que vem.
Nesse início de ano, não fiz promessas, não senti sequer a sensação de recomeço. Para mim, foi só mais um dia comum, sem grandes expectativas.
Penso que quando acordamos, a primeira coisa que devemos pedir é para que tenhamos coragem. Se formos dotados dessa virtude, seremos capazes de tudo! Coragem p/ sair, p/ ir embora, p/ ficar, p/ segurar a onda, p/ lembrar que pode não haver amanhã, p/ não esquecer que amanhã pode não haver um pedaço do hoje, e que pode ser tarde demais.
Apesar de acreditar em tudo isso, quando eu acordo, Não peço nada além de mais uma hora, mais uma noite para que eu durma mais e tenha mais tempo p/ deixar p/ depois!!!


Carolina Sagatt (Lina)

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Ana e fulana (verdade verdadeira)

Fiquei uns dias calada sem saber o que falar e achando o que falado besteira. Pensei: meu deus, como penso besteira. E como escrevo besteira... Será que dá pra perceber?

E a roda roda novamente. E Ana vai e vem e não se cansa de pensar e pensar no que pensa e no que os outros pensam. Ah, “o mundo fantástico de Ana”. Seria melhor criar um blog para esta tal “Ana”. Assim ela parava de se sentir em casa e escreveria o que não fosse sobre ela.

Ana... Figurinha não inventada, mas de fato camuflada. Afinal o que podem pensar quando me descobrirem? Já me descobri ate demais. Basta!
Queria mesmo era ser quem ela é. Ana fala o que pensa e pensa que abafa... Ah essa Ana... Bem que poderia se calar. Ou pelo menos calar o que pensa. E será que pensa? Sei lá, Ana.
Para mim, tu és o que és: se mostra como quem quer se encontrar; se expõem como quem quer se assumir e se esconde por medo do que podem descobrir.
Saibam, ela não é uma personagem.
Antes fosse, me sentiria menos covarde. Assim não seria eu mesma a me esconder.
Mas como é ela, deixem-na então. Deixem-na falar o que pensa e o que sente, ou sentir que pensa. É, escrevo o que sinto. Não invento.
Antes inventasse. Teria menos medo de ser descoberta.
Mas se sou o que sou, o que me resta?
E se ser Ana faz alguma diferença, que seja!

Que seja eu, que seja Ana. Que seja a facilidade de ser Ana e não ser eu. Que seja o tempo...
Ah o tempo, como é maravilhoso! Só não quando esperamos que aconteça ..aí não presta.

Então espero, vai ver acontece. Acontece de Ana virar fulana.

Fulana

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Dydy

Já tive um paixão, digamos, hormonal pela Sandy, porém sempre respeitosa. Não toquei nas partes cobertas, beijei-a no canto do rosto e poucas vezes senti a sua mão. Felizmente hoje desfrutamos de um relacionamento maduro e saudável.

Não sei porque as pessoas insistem em afirmar que Sandy é uma pessoa normal, assim como eu e você, ciente de todas as maldades comportamentais e vícios. Algumas até juram. Eu, no entanto, asseguro que minha donzela nem mesmo sabe as funções de todos os seus orifícios, e alguns deles ela nem tem. Para ser mais claro e calar os invejosos(as), Dydy não tem problemas com flatulência, evacuações ou gases estomacais. Dydy é perfeita.

Além de linda e desprovida de odores, Sandy também é muito inteligente. Outro dia, enquanto caminhávamos na praia de São Marcos, ela me explicou com detalhes a política monetária adotada pelo Banco Central e as conseqüências do socialismo de Chavez para a América Latina. Eu fiquei sem saber o que dizer e, claro, pasmo, pois realmente eu nem sabia do que se tratava.

Fora isso, meu bem é perfeitamente coerente com as panelas e os lençóis, ama a sogra e sempre declara saudades quando estou ausente. Num momento em que estive longe por conta do trabalho (por nenhum outro motivo eu me afasto!), encontrei-a na volta chorosa e anêmica, dizendo entre soluços sofrer a eternidade de esperar o meu retorno. Com os joelhos no chão, eu jurei nunca mais ficar tantos dias (dois dias) fora da sua presença.

Por esses e vários outros motivos é que digo que Sandy não é uma pessoa normal. Normais somos nós, Sandy é perfeita!


Um abraço




Adagga

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Fadas em Pasárgada

- Você é de onde? – perguntou a eterna criança.
- De Pasárgada. E você? – falou o sábio.
- Da Terra do Nunca. Você é feliz aí?
- Sim, aqui eu sou amigo do Rei. O que você faz na Terra do Nunca? Auxilia fadas de asas quebradas?
- Não. Formo rios com minhas lágrimas. Aqui só tem criança, não tem ninguém para me proteger.
- Me dá a sua mão. De repente você passa para o lado de cá.
- Eu posso ir para Pasárgada?
- Não. Joana a Louca da Espanha não deixaria. Teríamos que fugir.
- Viveríamos onde?
- No mundo real.
- Lá eu não posso voar. Irei cair.
- Você terá meu colo. Meus braços.
- Eu não sei como chegar no mundo real.
- Eu vou aí te buscar.
- Mas para entrar aqui é preciso ser criança.
- Eu fico na porta, esperando.
- Não é aconselhável ficar na porta da Terra do Nunca. Tudo fora daqui é escuro, opaco e amedrontador.
- Eu sei como é lá fora. Morava lá antes de me mudar para Pasárgada. Eu te conduzo.
- Se eu sair, não posso mais voltar. Deixo de ser criança.
- Tudo bem você deixar de ser criança se puder crescer do meu lado.
- Porque eu sinto medo então?
- Não sei. Crescer é difícil. Eu sei por que já cresci. Mas se eu tivesse alguém do meu lado...
- Eu não tenho ninguém. Você é grande?
- Sou.
- Peter Pan me diz que os adultos não amam, eles perderam a sensibilidade por causa das guerras. Sempre conta que tudo fora daqui é feio e sujo... E causa dor.
- Eu te pareço sujo?
- Não sou eu que digo, é Peter Pan. Ele é mais sábio que eu.
- A primeira lição que eu tenho para você é essa: não julgue que ninguém é mais sábio que você se você não percorreu o mesmo caminho.
- Peter Pan não mente. As fotos que eles nos mostra são tristes.
- Lá realmente tem tristeza. Mas não é só isso. Existem milagres.
- O que é um milagre?
- A vida. E quando eu estiver muito triste, mas triste de não ter jeito, quando de noite me der vontade de me matar... Eu terei o garoto que eu quero, o único, do meu lado. Isso seria um milagre.
- E os humanos sabem disso?
- Sabem, mas muitos esqueceram. Outros não acreditam.
- Eles também não acreditam em fadas.
- Você acredita?
- Claro, eu conheço uma. Você conhece?
- Não. Mas eu acabei de conhecer um milagre.
- Não entendi. Eu falei de fadas.
- Você é jovem demais para entender. Vá dormir. Outro dia eu explico.
- Adeus.
- Adeus.

Bel Ami

Outra parte do meu relicário

Há pessoas que passam por nossas vidas e fazem um terremoto, bagunçam tudo, instalam um caos em troca de sua própria ordem. Essas são marcantes, e por vezes destrutivas. Entretanto, é inegável que no fim das contas, vale o aprendizado.
Há aquelas que passam sem que nem percebamos sua presença. Costumo chamá-las de pessoas "ar". Estão sempre ali, mas ninguém as vê. Elas vêm e vão e não dizem nada, muito menos a que vieram.
Há pessoas que chegam para ficar e se tornam parte de nós, indispensáveis, vitais, fazem verdadeiros monumentos em nosso existir que jamais será o mesmo sem elas. Costumo chamá-las de amigos.
Há também aquelas que vêm e passam como uma brisa leve, doce, deixando um gosto de quero mais em nossos olhos, corpos, ouvidos e alma. Não causam destruição, constroem pouco, nada de colossal, não fazem monumentos. Elas plantam rosas, mesmo sem querer. Chegam na hora exata, cumprem seu destino e partem sem arroubos e sem alarde. Chamo-as de inesquecíveis.
E foi uma dessas pessoas que me fez escrever hoje. Saudades... Doces saudades de nosso balanço na rede, nossas gargalhadas sem razão, nosso encontro, nosso amanhecer na praia, nossas sessões de Nelson Rodrigues no colchão da sala apertada, vendo o sol raiar pela sacada, sua espera depois de um porre homérico que eu tomei "de felicidade", nossas madrugadas de Chico e João Gilberto, seu sorriso, sua voz, nosso encaixe quase perfeito, que me fazem esquecer as cartas sem respostas.
Um grande beijo a você que se perdeu no espaço e no tempo e um dia me fez muito feliz!!
Cris Moreto

quinta-feira, janeiro 11, 2007

A Árvore

Minha visão do mundo tornou-se grande
E cada vez maior
Quem me conhece agora
Sente o gosto do meu passado
E eu posso ouvir a voz do passado dos outros.
Há muito desisti de ser poeta,
Mas esta folha em branco me convidou
A escrever sobre o que posso ou não esconder.
Vejo as pessoas caminharem
Posso contar-lhes a alegria que sinto,
Mas observo as árvores
Fixas, imóveis, Mutáveis, mas mudas.
E penso...
Basta que eu tenha uma copa bem robusta
Para ser capaz de dar sombra
Quando o sol se torna severo.
Basta que eu tenha flores
Bem bonitas e cheirosas
Para convidar as pessoas à minha sombra.
Basta que dessas flores
Nasçam frutos saborosos
Para que as pessoas continuem ao meu redor.
Basta que eu tenha um Amigo Vento.
Que a qualquer hora venha
Acalentar meu pranto
E descobrir meu riso.
Eu não preciso falar para que você descubra
Que não importa o que aconteça eu vou ficar aqui
Como uma árvore esperando você voltar.
(09/03/06)

Parvo.

terça-feira, janeiro 09, 2007

Desejos de ano novo

É isso que eu quero esse ano:

Casa No Campo
Elis Regina
Composição: Zé Rodrix e Tavito

Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
E um filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
e nada mais

Mas tem que ser cantada por Elis...

Muita luz com o desejo de um ano novo doce e intenso para todos!!!
Morgana.

domingo, janeiro 07, 2007

Sentido

Não imagino mais a minha vida sem Cristo.
Posso ter problemas, tristezas, angustias. Posso ter prazer, vitórias, conquistas. Posso trair, mentir, pecar. Podem me trair, me machucar. Posso errar novamente. Posso não me perdoar e não perdoar os outros.
Posso me decepcionar. Posso me enganar. E posso me negar também.

Acordo cedo e quando não, me culpo por isso. Cumpro com algumas leis. Batalho por uma vida melhor. A maioria das vezes até sigo regras socais, profissionais, de relacionamento.

E será isto viver?

Posso fazer um bem ali, falar umas coisas bonitinhas aqui, me sair bem acolá... aff
Estou farta de máscaras. Estou farta de superficialidades. Estou farta de frases feitas e comportamentos estereotipados.

E toda essa vida de ação/conseqüência que nunca dá certo! ... Ah, o que fazer com tantas formula? De que me servem? De que me servem tantos rótulos de sucesso, insucesso, fineza, humildade, bondade?... Lasquem-se todos estes e outros!

Queria sentido apenas. E encontro sentido no maior de todos os sacrifícios, que me traz a graça, ainda que esta não anule as leis, os mandamentos. Eles simplesmente fazem sentido.

E sigo, ainda que a cruz seja pesada. E para alguns, escândalo.

Madalena.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Há uns dias atrás, em um barzinho, já depois de algumas boas doses etílicas, uma amiga chamou-me atenção para um trecho de uma canção que tocava ao fundo. A letra da música falava algo mais ou menos assim: "(...)Posso ser pedra, flor e espinho(...)".
Achei aquela frase perfeita, irretocável. Fiquei horas refletindo acerca daquilo e tentando lembrar de algo que já havia passado por mim falando alguma coisa naquele sentido. Como a conversa estava fervilhando e nossas mentes também, acabei esquecendo.
Mas hoje, no meio de uma insônia famigerada (adoro essa palavra), lemrei-me de um conto escrito por um amigo cujo o título era "Flores e Espinhos".
Pela minha interpretação, o texto discorre de maneira fabulosa as nuances de como uma mulher pode ser pedra, flor e espinho. Impressionou-me sua sagacidade e perspicácia no que diz respeito à análise do comportamento e pensamento femininos.
Acredito que ele jamais tenha ouvido esta canção pois sei que não é muito amante da música popular, o que tornou mais indubitável sua originalidade e precisão em compreender uma mulher.
Ao reler o conto, percebi nele coisas que tento esconder de mim mesma e constatei que tanto esforço tem sido em vão. Também não posso negar que fiquei mais uma vez lisonjeada, desnuda e aliviada por ter ao meu redor uma pessoa que consegue ler as entrelinhas, mesmo que o texto pareça distante e fora de foco.
Hoje sou flor...
Amanhã posso ser espinho...
Ou quem sabe até voltarei a ser pedra...
Mas jamais deixarei de ser...

Billie Jean

quarta-feira, janeiro 03, 2007

CAPÍTULO I

É assim mesmo, não havia de ser diferente. Durante toda uma vida seguindo uma famigerada rotina de idas e vindas, de vaidades que não enxergam fim, de vírgulas e hiatos comportamentais. Era pra ser assim mesmo.

Falou-se muito sobre aqueles dias em que estava a visitar a casa da mãe, no Centro Velho de São Luís. Viúva, ligeiramente redonda e um pouco surda, sobrevivia entre samambaias e gaiolas a discreta senhora Camélia Berreto Mocis, outrora conhecida como Diana Sabor. Ali residiam também uma criada antiga e uma menina de favores que ainda não completara quinze anos de vida.

Foram três ou quatro dias de uma estadia quase invisível aos olhos de uma vizinhança curiosa por saber a respeito do jovem que chegara à tarde de uma terça-feira quente e nervosa como são as que se passam no mês de outubro na capital maranhense. Porém, revelou-se aos insones quando estava alta a noite e calada a Rua do Passeio e suas esquinas, levando sempre consigo uma sacola branca cheia de algo que não era entendível ao espectador da ocasião. Ninguém um dia presenciara o retorno das voltas noturnas, o que envolvia de mistério a situação.

Cogitou-se entre fofocas e cochichos o que teria o sujeito em relação ao ocorrido. Os mais velhos falavam que não, os jovens diziam que sim, e assim foram conduzidas as rodas de conversas durante os meses seguintes no Centro de São Luís.

(continua...)

Nassa

terça-feira, janeiro 02, 2007

Poha, fui vítima de uma injustiça amorosa logo nesses primeiros dias de 2007, que droga. Minha humilde experiência sentimental avisa que isso indica maus presságios para este ano que já começou com o pé esquerdo e descalço.

Sou supersticioso, o que me rende alguns momentos de pânico e insônia.




Adagga