segunda-feira, julho 31, 2006

Novas Experiências

Eis que estou, feito sementes, plantando metafísicas experiências num espaço que engrandece a alma humana, elevando os sentimentos e enxergando em outras criaturas respostas inesperadas para circunstâncias outrora consideradas atípicas. Valentino Pepa, nascido e criado em becos culturais e amante da boemia, apresenta sua sua humilde contribuição para os companheiros das letras. Peço perdão, pois jamais gostaria de me indispor com uma dama, mas minha espontânea Guilhermina, o "show" tem que continuar e isto não significa um alto grau de complexidade no uso das palavras, é mais que isso; é a tentativa de materialização da alma em frases e sentidos. E fazê-lo com desdém, é o mesmo que mostrar um ser vazio.
Deixo-lhes versos com cicatrizes recentes.

Lágrimas Tardias

Escrevo por que há razão
No inconsciente, na intuição
De saber o que não e visto
E ver o que não e real
Registro,
Não apenas por ter certeza de minhas incertezas
Faco-o,
Não para incomodar
Mas para lavar minha consciência
E para que possam saborear
O Brilho que jamais terão
E que sentirão saudades
Quando o espetáculo terminar.
Valentino Pepa

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Acredito que alguns de vocês já tenham assistido ao filme "três formas de amar", originalmente chamado 3some. Para aqueles que nunca o viram, vou fazer uma breve consideração a respeito para chegar ao cerne da questão a ser esclarecida.
No filme, uma garota ao chegar no dormitório da faculdade percebe que havia ficado em um quarto que teria que dividir com dois homens. Mas como, se ela era mulher?? E todas as mulheres ficariam em alojamentos só de mulheres. Todo esse embróglio foi devido à confusão a respeito de seu nome que era "Alex", que ao contrário do que a maioria pensa sobretudo os brasileiros é um nome unissex.
Tudo isso só para explicar-lhes que minha mãe é uma fã dos anos oitenta e de uma das maiores cantoras de jazz de todos os tempos. Por isso em um momento de euforia e muita loucura acabou por me dar esta alcunha ambígua para muitos. O tem me trazido muitos problemas ao longo de toda minha vida, desde a infância.
Assim, deixo claro que Billie é uma mulher, um nome feminino e fora inspirado em uma das canções mais famosas de Michael Jackson (Billie Jean- álbum: Thriller) nos anos oitenta e em uma das maiores divas do Jazz, Billie Holiday.
Obrigada...
Billie Jean

Não tão rebuscado...

Gente, tô adorando o CONFESSIONÁRIO, só que... Caraca!! A linguagem tá ficando muito rebuscada!!!
Queria algo mais popular, acessível a uma garota recém chegada à universidade. Tenho tantas coisas pra contar, mas tô ficando cada vez mais constrangida de postar algo aqui, pois o pessoal escreve muito bem!!
Adorei todos!!!
Beijinhos.

Guilhermina Guinle

P.S: Quando criar coragem postarei algo bem bacana, tá?!
Hihihhihhihi

Moral em alta

Hoje acordei assim. Afinal, depois de uma noitada com amigos, em que todos queriam de alguma forma conversar com você para saber sua opinião sobre determinados assuntos (os mais íntimos, inclusive) não tem como não se sentir bem!!
Sinto que fiz um boa ação, sabe?! Dentre todos que conversei, teve um em particular que me deixou razoavelmente desconfortável porque dizia que estar passando por uma fase depressiva por conta de relacionamento amoroso e que não sabia mais o que fazer.
Parei um pouco, pensei... será que falo ou não falo? Sou extremamente incisivo nesta questão.. Enfim, cheguei a conclusão de que era melhor emitir minha humilde opinião.
Em um tom ameno, lembrei a ele que alegrar-se com coisas boas e prazeres sensuais era um dos mais eficazes antídotos contra a tristeza.
As pessoas geralmente usam de maneira comum como forma de aliviar a depressão banhos quentes, comer comidas favoritas, ouvir músicas ou até mesmo fazer sexo (Por que não?!).
Se, de repente, nenhum desses desse certo, a solução então estaria em enxergar as coisas de uma maneira diferente. É muito natural lamentar o fim de um relacionamento e revolver-se em idéias de autopiedade, como a convicção de que "isso quer dizer que eu vou ser sempre só", entretanto tal atitude certamente adensa o senso de desespero.
Agora, recuar e pensar nos aspectos em que o relacionamento não era tão sensacional é um ótimo remédio para a tristeza!!!
Meu amigo fitou-me durante alguns segundos, bateu no meu ombro, deu-me um abraço e saiu imensamente grato.
E eu... bem eu, continuei a beber, FELIZ DA VIDA!!!

Mischel

Resposta à avareza

Coincidentemente, este foi o tema que norteou meus pensamentos durante essa semana, o que me deixou muito surpreso ao visitar novamente o confessionário e dar de cara com o texto sobre os avarentos.
Já condenei com toda veemência tal característica, relegando-a à definição de uma das piores mazelas da humanidade.
Hoje em dia tenho uma visão bem diferente sobre os tacanhos e sua vontade insaciável de poupar e render seus bens, sejam eles valiosos ou não.
Depois de muitas perdas ao longo da vida, defendo a idéia de que um pouco de avareza não faz mal a ninguém. Se observarmos com mais atenção ao nosso redor chegaremos à infeliz conclusão de que todos aqueles que têm mais (bens materiais) são necessariamente avarentos.
Não é possível manter uma certa estabilidade e um certo controle sobre nossos bens sem que ajamos com umas pitadas homeomáticas de avareza e mesquinhez, que creio até que possa ser considerada uma característica própria da grande maioria das pessoas.
O fato de ser moderadamente tacanho não significa que iremos nos privar dos prazeres da vida para que possamos assim obter uma conta bancária considerável. A definição a ser esclarecida consiste no ato de priorizar gastos e gerenciar com lucidez suas finanças, coisa que eu só fui aprender depois de muito tempo e muitos finais de meses sem ter sequer um tostão e ganhando razoavelmente bem.
Doar é um ato não apenas nobre, mas principalmente prazeroso. Entretanto devemos fazê-lo com bom senso e respeito a nossos limites porque essa satisfação em doar não é uma qualidade tão comum nas pessoas como avareza. Portanto, dependendo da maneira como gerenciamos nosso dinheiro e nossas coisas em geral, podemos doar hoje algo que no futuro jamais poderemos adquirir novamente e dificilmente aparecerá uma "boa alma" para nos doar o que quer que seja, e até mesmo aquela que fora beneficiada por nós mesmos no passado pode ser acometida pelo que costumo chamar de "mesquinhez necessária".
Por isso se você ganha 1000 reais viva como se tivesse 700 e não dois mil e assim por diante. Sei que estas frases são super clichês, mas é infelizmente são fatos consumados e sacramentados ao longo das gerações: "quanto mais se tem, mais se quer" e "quem guarda, tem"!!
Sílvio

Uma nova proposta

Gente, estou chapada com o desenvolvimento de nosso "filhote"! Como o Confessionário está crescendo rápido e parece que tem cooperado muito para a melhoria na qualidade de vida de todos nós, pelo menos acredito que tem nos impedido de sentir-nos como peixes fora d'água, aberrações chatas e questionadoras demais, solitários inveterados ou vulcões em erupção ambulantes.
Venho hoje propor a todos uma nova possibilidade de interação suscitada por um de nossos novos membros, o Seth.
No desenvolvimento de seu texto, Seth faz referências a um site que fala sobre a ignorância. A proposta que lhes exponho é que não só dividamos experiências, idéias e opiniões, mas que compartilhemos dicas de filmes, livros, músicas, qualquer coisa relacionada à arte, cultura e conhecimento em geral.
Aguardo ansiosamente suas dicas!!
Billie Jean

"Alívio imediato"

Não posso descrever a alegria que senti ao receber as respostas ao meu desabafo de ontem. Agradeço em especial à Carlota e Ana que conseguiram absorver com tamanha sensibilidade o meu estado de espírito, descrevendo quase com minhas próprias palavras o que eu estava sentindo na noite de ontem.
Concordo com ambas que me fizeram refletir sobre toda a dúvida que oprime minhas emoções. Concordo com Carlota que foi genial ao afirmar que os princípios devem funcionar como filtro das intenções nem sempre lúcidas de nossos corações e compartilho com Ana a idéia de que mudar é viver.
Mas como é difícil conciliar os dois, a razão e a emoção, sendo que quase sempre eles andam em direções bem diferentes e optam por caminhos contrários. Um dos grandes desafios de viver é justamente colocar em prática tudo o que vcs disseram. Mas acredito que o mérito não está necessariamente em conseguir este feito, mas no ato de tentar. Tentar mantê-los próximos, amigos, onde um, em algum ou muitos momentos, vai ter que ceder às vontades do outro como em qualquer relacionamento.
Depois de ler o que vcs escreveram, vejo a mente e o coração como dois grandes amigos que são completamente opostos, mas são dependentes um do outro p/ viver. E uma vez ou outra um vai ter que se curvar diante da razão do outro sem que isso lhes traga mágoas ou ressentimentos.
Hoje é segunda feira, um dia tido como recomeço. E é isto que estou tentando fazer hoje: recomeçar. Sei que é muito difícil e que antes do anoitecer eu posso estar fazendo tudo o que agora estou convencida de que não irei fazer mais. Porém prefiro acreditar que a disposição de agora é o resultado de amanhã e assim por diante.
Por isso vou seguir o meu caminho, carregando em minha mente a vontade de VIVER e de mudar sempre, mudar p/ melhor, despindo-me de minhas limitações que só me mantém presa a velhos conceitos e velhos relacionamentos.
Também não posso deixar de fazer uma referência ao que Mirian mencionou há alguns dias atrás, de que como é um alívio ter um espaço como este p/ exorcizarmos nossos demônios e exaltarmos nossos anjos. Mais uma vez, obrigada!!
Um beijo muito carinhoso a todos os "confidentes literários"
Cris Moreto

Viva a Cris!!!!!!

Cris,

Vou me dar ao luxo.
Admiro a sua coragem. Mesmo que não tenha falado explicitamente o que está acontecendo, consigo me ver em ti. Uma vida inteira optando pelo racional, enquanto o coração parecia ser burro diante de tudo.

Quando eu percebi isso, foi dolorido. Pois o que eu tinha aprendido é que o meu coração era bobo e minhas emoções desnecessárias. Como se eu não pudesse ferir, ser ferida, me irar, me decepcionar e o pior decepcionar os outros. Era como se houvesse uma fórmula que eu não conseguia seguir e ainda não consigo.

Posso dizer que viver cada emoção que existe e emana de dentro de mim, tem sido um exercício diário. Lógico, que eu não tenho saído por aí xingando todo mundo que me aborrece (apesar de muitas vezes dar vontade) e muito menos tenho beijado todos os cara que me atraem... rsrsrsrs. Mas tenho gostado de ser gente! Tenho gostado de sentir.

Percebi o valor do meu coração, dos meus sentimentos e de minhas emoções. Pode ter certeza que enquanto escrevo, escrevo com muita alegria. Pois sei que estou dizendo o que estou vivendo. Caramba!!!!

Não existem regras para sermos quem somos. Existem princípios que nos norteiam, como a Carlota falou. Não somos robôs programados. Isso por que existe um coração que também está no controle. E que tem que ser ouvido e guardado.

Cris viva a vida!!!! Viva a Cris como ela é!!! Viva a Cris, que pensou que tinha que morrer da forma que nasceu, pois um dia aprendeu que pessoas não mudam, mas que agora percebe que mudar é viver!!!! E quem não muda não vive. Pois a vida é feita de um dia após o outro. E de dias diferente e relacionamentos diferentes.

Viva a Cris que abriu seu coração, pois sabe que “ninguém pode ser feliz sozinho”!


Ana

Cris,

teu texto não oferece muitos dados; fica um pouco difícil dizer alguma coisa a respeito. E me expor na condição de potencial conselheira não é uma idéia que me agrada muito. Mas, como disse em meu primeiro texto, antes de me corromper ao escrever o segundo, não estou interessada em palestrar com o vento. Com certeza, todos vocês tem muito mais a oferecer a mim do que eu mesma. Decido, pois, arriscar dizer algo que seja conveniente ao que foi descrito e torço por um acerto meu.
Assim, assumindo licitamente a posição de conselheira e não usurpando-a, já que nos foi aberto a possibilidade de atuação, digo que cada vez mais entendo que a felicidade não se resume a uma busca medíocre de se evitar erros ou dores. Se felicidade for só isso, não controlo a minha curiosidade colérica de saber quem foi que a inventou, a fim de fazer o devido acerto de contas.
Erros, dores, decepções, tragédias e todos os demais males que nos alcançam, quer ajamos ou deixemos de agir são, por assim dizer, invitáveis. Pensar nisso como uma realidade implacável diante de todos os nossos esforços despendidos na busca por uma vida "politicamente correta" não nos surge, por óbvio, como manifestação justa do acaso. Mas o acaso afeta a todos, embora, quando assim argumente, não esteja eu a querer negar a existência de uma responsabilidade indiscutível por nossas atitudes e pelo rumo que optamos dar a nossas vidas. Uma coisa não anula a outra, embora assim possa ter involuntariamente parecido.
Mas, viver fugindo de erros (me refiro aqui aos inevitáveis, por excelência) e todas as outras espécies de ocorrências não alcançadas por nosso controle, não é viver, é fugir e você não deve nada a mim e nem eu a você. Erros se consertam com perdões, liberados para o outro e, ressalto, para si mesmo.
A vida é bela e ainda mais bela se torna quando vivida sem medo, com uma postura desbravante e humilde, sabedora dos erros que inevitavelmente irá cometer e que invitavelmente requererão perdões e mais perdões. Tenho meus princípios e também não abro mão dos mesmos. São parte de mim, do que sou. Mas, aprendi, e ainda bem que não muito tarde, que a decisão racionalmente mais lógica nem sempre significa, necessariamente, a fidelidade a princípios.
Há uma mania de supervalorizar a razão, deixando que a mesma sufoque o coração. Então, opta-se por amputar o coração e depois disso sobram auto-congratulações por ter decidido pelo caminho racionalmente mais "correto". O que quase sempre não nos damos conta é que deixa-se, com isso, de liberar o que há de mais fresco, de mais novo, de mais genuíno e, consequentemente, de mais bonito dentro de nós mesmos. A razão não consegue explicar todas as coisas e a mente humana ainda não conseguiu solucionar todos os problemas.
Meu conselho: viva as intenções do teu coração usando como filtro teus bons princípios. Quanto a razão, esta faz parte de você, assim como o teu coração; não deixe nenhum dos dois em desuso. Simplesmente viva.
Espero ter ajudado de alguma forma.
Carlota Joaquina

Dúvida...

Durante a semana passada, ouvi de um grande amigo verdades que nunca sonhara ouvir. Eram coisas que me permitia apenas sussurar em meus próprios pensamentos, porque até neles eu tinha medo e vergonha de que alguém as ouvisse.
Todas essas coisas martelam-se em meu pensamento dia e noite desde então, me deixando perdida em mim mesma e pressionada por meus próprios princípios e por princípios que nem sempre são meus.
E agora eu vos pergunto será justo mater-me assim, reprimida pela terrível dúvida entre o que é prazeroso e que é racionalmente coerente?
Até agora optei pelo racionalmente coerente, depois de muitas operações matemáticas feitas anteriormente à conversa que tive com meu amigo (ressalto o antes para que vcs não pensei q a opção pelo mais racional fora apenas por mera influência). Sim, retomando meu raciocínio, que hoje está completamente disperso e desordenado - Depois de somar, dividir, multiplicar e subtrair alegrias e dores, acabei optando pelo lógico, o que me traria menos dores, mas não necessariamente mais alegrias.
Neste momento de completa loucura e indecisão eu vos pergunto novamente: será que fiz a escolha certa? Sei que será difícil dar-me uma resposta precisa diante de tão poucos dados, mas peço-lhes qualquer coisa: um tapa, um beijo, um sim, um não, "qualquer coisa que sinta...têm tantos sentimentos deve ter algum que sirva"... e que sirva melhor que tanta indecisão...
Não tenho mais forças para escrever, muito menos ordenar palavras a ponto de dar-lhes sentido. Por hoje, fico por aqui... Estou muito cansada...
Um beijo a todos
Cris Moreto

domingo, julho 30, 2006

Dois temas

Vaidade: subtamente me dei conta que sem ela não fazemos nada além do simples existir. Um curso, um trabalho, um salário, um filho, um livro.... tudo é, no fundo, movido por essa idéia de auto-importância. Não posso dizer que seja ruim ser vaidoso. Acho que, no fundo, no fundo, sem vaidade não se anda.

Ignorância: li recentemente um livro muito bom sobre o tema
http://www.rocco.com.br/shopping/exibirlivro.asp?Livro_ID=85-3251837-0. Mas, como o lance aqui é falar sem copiar (graças!), compartilho com vocês a angústia que sinto a cada "Caros Amigos" que leio, a cada prova que a humaniundade nos dá de que não vivemos em um estado, país ou mundo sérios. Como diria Agostinho Ramalho: "paga-se um preço de angústia por conhecer". Agora vou indo, que tenho que matar um grilo (mesmo).

Seth
Miriam me emociona, com sua dor aparentemente tranquila, não resignada, mas mansa, sem revolta ou amargura (pelo menos é o que sinto) e isso me faz admirá-la. Pois ela vive a sua dor, coisa que muitos de nós não conseguimos fazer.
Vejo a força em suas palavras e a capacidade de criar e transformar que a dor e o conflito nos conferem e o quanto pode ser bela uma pessoa com tudo o que carrega em si de vivido e sofrido e até de não vivido, pois as faltas também parecem nos definir.
Brindo às vivências que nos definem e fazem ser quem somos, como sujeitos de nossa própria vida.
E quando digo sujeitos, quero dizer isso mesmo: submetidos, por vezes subjugados, mas transformados e adaptados, crescentes na magnitude de viver e como isso é admirável!

Um grande beijo, Miriam e muita luz.

Morgana.

Simples

Às vezes, queria saber: pra que servem tantos questionamentos? Por que simplesmente não me sento e aproveito o que a vida me dá, o que eu conquistei? Por que questionar se cada momento é um instante de felicidade real ou só mais uma ilusão criada para passar o tempo?
Não sei quando comecei a ser assim, sempre me distanciei um pouco do que vivi e me perguntei: sou feliz? estou acomodada? e se tivesse feito esta ou aquela opção? se tivesse ficado com esta ou aquela pessoa, como seria a minha vida? Sempre o eterno dilema: caso ou compro uma bicicleta?
Daí acho que raramente tive um momento de simples não pensar. Isso cansa às vezes, queria simplesmente viver, sem pensar, sem questionar. Até tentei passar um tempo assim, mas foi só uma parada momentânea, que acumulou mais e mais questionamentos que agora despencam em mim como uma avalanche...
Mas será saudável isso? Não seria mais fácil, mais simples e mais próximo da felicidade viver calma e simplesmente, cada dia com a sua alegria? Porque acho que esse eterno questionar nunca me deixou viver um momento completamente, me deixou sempre em uma posição cética de quem não acredita muito na genuinidade de um instante.
Sei que pareço amarga e insuportável. Aviso que não sou assim sempre, mas dentro das minhas inúmeras perguntas não posso deixar de pensar como seria se eu simplesmente vivesse, sem complexidades ridículas que tiram a espontaneidade da vida, mas me deixasse levar pelos acontecimentos:
S I M P L E S M E N T E.
Busco a simplicadade da ignorância, não no sentido pejorativo da palavra, mas no sentido de não saber e nem querer saber. Esse eterno confronto comigo mesma e com meus desejos às vezes pesam e me fazem sentir pesada na minha relação com os outros, sempre analisando e questionando tudo... Ser leve seria delicioso... Será que eu posso?

Mavie

Censo 01

Vamos ao primeiro censo do Confessionário das Letras.

Aparentemente, temos:

15 pessoas;
6 mulheres;
9 homens;
1 ser de sexualidade não identificada (K. Bukowski)

Certamente, temos:

24 postagens;
16 (contando Silvio e Vesgo separadamente) personagens;
7 nomes compostos;
O Pânico não está aqui!

Listagem:
Miriam Todda
Dolores Trinidad
Sílvio
Maria Maria
Billie Jean
Ana
Valério Beltta
Carlota Joaquina
Lord Strangford
Mavie
Silvio e Vesgo
Morgana
K. Bukowski


Dr. Fritz

Aos avarentos como eu

Coisas aparentemente sem sentido me proporcionam um prazer que se exprime na idéia de que tudo que é mais difícil é mais valioso. Há horas em que me pressiono pensando, outras que penso relaxando, tudo se juntando ao final para resultar na delícia de ainda não ter conseguido entender, como o manjar calmamente desfrutado ou a pachorra indispensável aos que sabem identificar o bom vinho.
Fico assim, a gastar minutos aqui e acolá, tentando decifrar algo intrigante que me encanta, querendo e não querendo que o mistério se acabe, como quem quando criança aprendeu a retirar o recheio do biscoito e reduzi-lo a uma massa, consumida de modo admiravelmente avarento.
A mesquinhez sempre fez parte de mim e acabo de inventar um porquê digno que explica sua existência - Ó, grande método de interpretação teleológica, que consegue justificar o que para muitos é anomalia!- Assim, sem dor ou drama: o que se aprecia de modo avarento é muito mais prazeroso. Enjoy!
Carlota Joaquina

sábado, julho 29, 2006

Estou convencida de que faltava em nossas vidas um espaço como este, ainda que fosse uma vitrine para tantas vaidades. Narcisistas ou não, convenhamos, ele tem sido um retiro aos pensamentos presos, dúvidas inquietantes e à solidão nossa de cada dia. Fico feliz pelo nosso progresso.

Deixemos que as pessoas exponham os seus poemas, suas dores, seus cotidianos e suas intenções ativistas, tudo que lhes convier, pois somos carentes de atenção, de amor, compreensão, justamente por ser muito difícil exprimir, ainda que seja para um irmão de espírito (pois nem sempre os de sangue são tão irmãos assim), tudo aquilo que nos corrói dia após dia sem que possamos ao menos frear os acontecimentos e ser feliz por algum instante. Por conta disso, acho, aliás, tenho certeza, que merecemos ouvir e sermos ouvidos (ou lidos) por quem quer que seja e pelo tempo que for. Se isso se chama vaidade? Não sei. Só sei que está intrínseco ao comportamento das pessoas assim como os órgãos que lhes dão vida e consciência para ser o que bem entenderem.

Adoraria que minha filha tivesse uma oportunidade como esta. Não de ser melancólica e saudosa como a mãe, muito pelo contrário, faço meus sinceros votos para que seja feliz na vida e no amor, mas de ter um espaço para libertar todas as suas vitórias e aflições (que certamente hão de vir, visto que é gente!), conhecer outros aflitos e saber que não é a única neste mundo a desfrutar de uma salada de sentimentos que ora nos destroem, ora nos fazem crescer em mente e espírito. No momento ela tem apenas seis anos.

Meu pai me negava diálogos quando criança, portanto, como tinha só a ele e quase nenhum outro adulto que me ouvisse e risse das minhas aventuras de menina de oito anos, acabei por confiar meus segredos a mim mesma e a mais ninguém por um bom tempo, o que persistiu até a fase adulta para ser mais exata. Por bem vieram as amizades e todas as vantagens que uma boa companhia nos traz. Fora os blogs! ;-)

Tá, mudemos de assunto.

No momento estou me sentindo melhor. Vale a ressalva porque já me acostumei com muitos dias cinzentos, com a rotina do emprego e a sempre companheira solidão. Porém, confesso que se não conhecesse tão bem a tristeza certamente não teria muito que descobrir sobre este maravilhoso mundo de parágrafos e pseudônimos, pois, como já disse, minhas palavras não conhecem muito a felicidade.

Alegra-me ter todos vocês.

Um beijo, boa noite.

Miriam Todda

O amor é uma piscina

O amor é uma piscina
Às vezes mergulhamos de cabeça
E conseqüentemente nos afogamos

Podemos descer as escadas
Calmamente mergulhar a ponta dos dedos
Sentir a temperatura da água

Se a água estiver fria,
Teremos que ter coragem de entrar
Ou esperar o sol esquentar...

Podemos usar bóias
Mas nunca será tão prazeroso
Quanto um bom mergulho...

Mesmo sendo um bom nadador
Não temos idéia de até onde podemos ir,
O raso é tão previsível...O profundo pode ser perigoso.


K. Bukowski

Coisa boa!

Lord, tu não imaginas a doçura que teu comentário passou.
Gostei muito do que li. Puxa como é gostoso ouvir coisas boas!
Tu conseguiste me descrever tão bem, não por completo é claro, mas conseguistes perceber alguma coisa. Gostei da proximidade dos comentários.
Tu tinhas que me colocar dessa forma (interrogação-mor)? Imagina que eu já sou perseguida por isso. Porem, hoje, as interrogações em sua maioria não me fazem parar. Com tudo, não sei onde posso chegar se, também, não parar para respondê-las ou pergunta-las. Não que eu venha a encontrar respostas para todas as perguntas, mas que eu venha a percorrer um caminho de descobertas.
E mesmo que eu encontre algumas delas, percebo que não posso fazer muita coisa Simplesmente aceito. Aceito o bom ou o ruim. Não falaria de certo e errado. Estou quase certa de que isso não existe. Parece loucura, mas sei que é impossível erros não acontecerem, logo não são erros são fatos. Que podem ser bons ou ruins. Mas erros e acertos, isso é terrível. Bom, é o que outro dia eu pensava e ainda não “despensei”.
Quanto a maneira que eu escrevo, de fato não paro muito pra perceber a estruturação ou sei lá o que, como o texto esta escrito. Vou pensando e escrevendo. Quando me preparava para o vestibular, a minha professora de redação falou que eu tinha uma ótima qualidade: escrevia o que vinha a minha mente e escrevia muito. Mas na hora da estruturação, eu não era nem um pouco talentosa. Acho que isso se manteve vivo ate hoje!
Outro beijo.

Ana

Só sei que estou adorando...

Bem, eu só sei que estou adorando tudo isso, vejo que existem pessoas que pensam e sentem e se questionam como eu e não me sinto mais sozinha, nem louca, nem tão especial ou diferente.
Pois me sentia assim meio estranha no meio dos normais. Eu ficava vendo todos à minha volta tão seguros em suas vidas tranqüilas e me perguntava por que só eu não consigo ser assim?
Confesso que essa estranheza sempre me trouxe um pouco de vaidade (ai, ai, ai, é agora que me matam), como se eu visse e questionasse a vida, a felicidade, a dor, tudo enfim e os outros vivessem adormecidos e nem mesmo entendessem a minha ânsia em transcender o simples existir. Era o meu terceiro olho, invisível, mas lá, vendo e anotando tudo.
E as pessoas que já sabiam desse meu lado meio assim, diziam ela é assim mesmo ou "deixa isso pra lá", "isso passa". Mas é lógico que no meu caminho encontrei alguns que entendiam essa agonia e passei a reconhecê-los e identificá-los pelo olhar e guardar minhas inquietações só pra eles, sendo normal para os outros, para aqueles que não entendem. E ampliar esse lugar é muito bom...
Pois hoje estou curtindo esse espaço, não em busca de compreensão ou aceitação, mas de quem se importe, principalmente para criticar, esculachar e chacoalhar, dar um beijo ou um tapa. Estou amando.
Saúdo, assim, Billie, Carlota, Ana, o Lord, Sílvio, Mavie e nas pessoas deles, todos os outros.
Maria Maria
Entrei aqui hoje e percebi que se iniciou um embate contra a vaidade e os vaidosos.
Li, li, reli e não entendi o motivo.
Penso que a expressão do sentimento é algo infinitamente pessoal e vejo explícito em cada texto a individualidade de cada um que está aqui, com suas franquezas, rudezas, questionamentos, dores, sabores e dissabores, da forma tão bonita e complexa como cada um vê e sente (ah, principalmente sente) a vida.
O interessante é ver essas especificidades.
Se é um espaço onde afloram vaidades? É sim, obviamente termina sendo, como qualquer espaço em que se quer ser visto, ainda que anonimamente, pois quem publica aqui quer ter seus escritos lidos e debatidos e isso já não contém um pouco de vaidade, mesmo nos mais despretensiosos?
Mas a vaidade é um sentimento humano e apareceu junto com a ira, com o amor ferido, com a desesperança, a angústia, a inquietude, a vontade de viver, a cólera e tantos outros que já se expuseram aqui, também humanos sentimentos... A questão é: por que a vaidade incomodou mais que qualquer outro???
Se esse é um espaço de liberação, deixemos os vaidosos, os irados, os inquietos, cada um com suas loucuras próprias se exporem e assim poderemos aproveitar um pouco de cada um... e interagir ou não, dependendo do humor do dia. Afinal, penso que mais importante que o estilo é o que cada um quer dizer e transbordar...
E vaidosos, não somos todos? Com nossos questionamentos e textos elaborados para expressar a dor e a alegria de estarmos vivos?
Muita luz.

Morgana

... um beijo apenas

A Ana me confunde... Ela sempre me confunde... Me faz deparar em uma série de coisas nas quais eu prefiro nem pensar de tão circulares que são. Circulares no sentido de que giro em círculos e acabo correndo atrás de mim mesmo...
Mas eu adoro a Ana, já me apeguei a ela. Estava sentindo falta de suas dúvidas e indagações. Sem querer é óbvio, subestimar os restantes. Porém devo confessar que Ana me encanta.
Não sei porque me apeguei tanto a ela. Costumo não ter muita paciência com mulheres confusas e tão sensíveis, mas a Ana realmente me toca. Ela me parece tão sincera, tão franca. Me passa a impressão de tanta verdade, sem a preocupação com a estética ou a sonoridade do texto. Ela simplesmente, pensa e digita. E isso é raro em um meio como este em que todos acabam deixando-se dominar por uma certa vaidade, com já diria um conhecido de nossa amiga Carlota.
Por isso esse beijo vai especialmente à nossa interrogação-mor: Ana, simplesmente Ana.
Lord Strangford

Vida longa ao Lord

é o que desejo.
Carlota

Profundo.

Depois do que li, só tenho a dizer:
"beija, beija, tá calor, tá calor..."

Silvio e Vesgo

Interagindo comigo mesma - só pra cortar a Carlota.

Boa noite queridos,
Volto depois de um dia mais estressante do que cansativo.
Hoje tive que ouvir poucas e boas... Não necessariamente arrogâncias, mas coisas que de fato não queria ouvir. Não me feriram o bastante. O bastante para desistir e o bastante para sofrer. Na verdade nem me feriram. Só me desafiaram. Coisas que antes fariam meus olhos debulharem em lagrimas hoje fazem minha alma buscar explicações. Não sei nem se a palavra seria alma, só sei que diante dessas situações questiono-me. Meu coração se questiona, minha razão se questiona. “Acho” que posso chamar de auto-dialogo. Confesso que tem sido muito gostoso. Há quanto tempo não pensava criticamente... Há quanto tempo não conversava comigo mesma.
E tenho que destacar que (bem que eu não queria destacar isso, queria que parecesse que eu tinha descoberto sozinha, mas...) essa historia de se questionar, aprendi com uma psicóloga recém-formada assim como eu....rsrs... ela não imagina como tem surtido efeito...
Tento me questionar em tudo... Daqui a pouco as pessoas vão falar comigo e eu não vou dar ouvidos, pois já estarei dando atenção a mim mesma... Que doidice. Doidice que nada, eu também preciso de atenção!
Por que minha mãe não me ensinou isso antes? Eu poderia ter evitado tantas coisas. Coisas mal entendidas. Coisas mal ditas. Sonhos mal feitos. O que me conforma é que eu só pude aprender isso depois que percebi que era necessário. E para isso tive que caminhar pra chegar até aqui.
Em fim, boa noite!
Ana

sexta-feira, julho 28, 2006

Convite à realidade

Escrevo e acho que finjo, não é isso que queria dizer, não é isso que sinto, mas descobri que tenho uma dificuldade enorme para entrar em contato com o que realmente sinto e por isso finjo, não por maldade, não para enganar ou ludibriar os outros, mas porque eu não consigo ser real e tomar contato com meus próprios sentimentos...
Criei uma couraça de entorpecimento que me faz seguir assim, ela me foi útil em algum momento da vida, mas agora passou e eu sigo dessa forma sem conseguir me livrar dela, por isso reconheço meu fingimento, mas para mim a busca pela verdade em mim mesma é muito maior e acabou de ser iniciada.
Para mim, tem sido fácil clamar por um beijo ou um tapa, mas sem saber qual é o meu real desejo entre os dois, se é que ele existe, só anseio sair dessa tranquilidade que eu construí, que embora tenha me poupado de dores, me poupou também de alegrias, amores e sabores...
Brigo, grito, me divirto e rio muito e bastante, até choro, mas não entro em contato com o que há em mim, tenho medo dos meus fantasmas e preciso conhecê-lo e ficar amiga deles, para seguir adiante, pois "continuo parada naquela estação" e o pior é que nem quero que o trem volte, nem desejo entrar de novo naquele trem, só não me movo, porque o não sentir assumiu um lugar de segurança e estabilidade a que eu me apeguei e me apego com todas as minhas forças, com medo de me afogar, com medo da dor.
Só que não aguento mais fingir, cheguei a um ponto em que meu corpo tem esperneado por algo real, por refazer, viver novamente, VIVER, com todas as letras maiúsculas e garrafais, mas o caminho de volta tem sido difícil e tortuoso.
Me angustio, sofro e tenho a sensação de tempo perdido, pra que se esquivar tanto do sentir? Pra que se poupar da dor? Se o ser humano não é feito senão de dores e alegrias que carrega consigo, ou seja a pessoa é a sua história, e eu só tenho negado a minha história e me recusado a ser essa pessoa que viveu tudo o que vivi, com as consequências boas e ruins dessa experiência.
Por isso, finjo descaradamente, todos os dias, mas me acostumei tanto a não sentir que sentir de novo tem sido mais difícil do que pensei, é um vício que luto para vencer!
Peço, então, paciência, amigos, pois estou tentando, lutando e brigando para romper o lacre que eu mesma criei, pois sua utilidade já passou e eu quero sentir de novo...
Mavie

O beijo

Filosofar!! Chacoalhar!! Interagir!!
O convite da Carlota de fato me atrai! Interagir, e por que não?!
Obter respostas, novas indagações, um tapa ou até mesmo um beijo!!
Já havia entrado aqui outras vezes, mas senti falta de algo. Agora pude descobrir que este algo era "o tapa", o grito, o sopro real de vida e de pessoalidade!!!
O toque mais humano que faltava. Aliada a sua recalcitrância e seu sentimento niilista, Carlota nos convida a interagir ou seria reagir???
Reagir em relação a nossas próprias confissões e de outros, que de certa forma, passaram a ser nossas também. Toda inquietação de Sílvio, as dores de Valério e Dolores, questionamentos de Maria, a ira de Billie, as dúvidas de Ana e a sobriedade de Mírian. Creio que já conheça um pouco de cada um deles e assim como Ana, percebi como somos ironicamente iguais inseridos em mundinhos tão diferentes.
Por isso não me permitirei apenas palestrar ao vento!! Irei mais adiante e permitirei-me a perguntar a todos vocês!!! Vamos?? Vamos chacoalhar?? Interagir??? Personalizar??? Estariam vocês dispostos?? Encorajados a viver a real sensação do beijo???
Lord Strangford

Dou um tapa porque quero um beijo...

Filosofar fracamente ou chacoalhar? Permitam-me a recalcitrância a tão uniforme tendência, mas eu prefiro interagir. De uma rápida olhada, percebi: o que me resta depois tantos escritos razoáveis buscando seu lugar ao sol senão dar espaço a minha essência niilista? No fundo, "tudo é vaidade", já dizia um conhecido meu. A vontade de expor algumas palavras razoavelmente coesas e coerentes de modo a "fazer o bonitinho" não me atrai mais. Prefiro as pessoas às letras, é o que tenho descoberto. Por isso, enquanto vocês convidam o vento para palestrar, me encanto com vocês ainda que não necessariamente com o modo como as suas indagações são exibidas, todas buscando lugar de destaque nessa vitrine providenciada que só tem lugar para as tendências em moda. Por isso, Maria Maria, concordo com o raciocínio.; alguém que quer virar ecologista, as práticas nojentas também me incomodam e os demais, sejam felizes ainda que eu não leia os seus textos. A todos, a paz.
Carlota Joaquina

Melodia de uma dor

Deveras só se tem motivo
Para um sentimento que se chama amor
À frente de um olhar altivo
Rimar perfeito com a palavra dor.

A tristeza é o tempero do meu verso
Sentimento que rebenta
Dos beijos que te dei, confesso
Outra boca não experimenta.

Sobram-me angústias, fadigas e solidão
Sentar-me à sombra de um passado
A ruminar as dores do meu coração
Deixar que a lágrima me faça nome
E a morte me ofereça a mão.

Não foi pouco achar-me em desespero
Entre dúvidas e labirintos
À vida nem fazia apelo
Aos que ladram a dor do amor
Não há momento que lhe traz sossego.

Ilude-se o poeta que sonha em ser feliz
Pobre fantasia
Se não fosse sua tristeza
O que seria a poesia?
É da mais forte dor
A mais bela melodia.


Valério Beltta

quinta-feira, julho 27, 2006

Sei não, meu filho

Acabei de ler todos os posts. Posso dizer: vocês não estão sós!!!!!!
Engraçado, somos tão iguais e não sei por que nos escondemos uns dos outros.
Sei lá porque fazemos isso... (na verdade acho que sei, mas não tenho muita certeza...rs)
Só sei que me vi em cada postagem e mais uma vez eu penso: porque nos escondemos uns dos outros?
Como seria melhor: além de saber que somos tão iguais, compartilhar o que somos. Penso que na verdade temos medo do que somos.
Bom, não quero tentar (como sempre faço) responder por que fazemos isso, tenho medo de repetir definições de terceiros. Ficaria chato e estou tão cansada... Só queria ficar eu comigo mesma. Navegando na net, sem muitas culpas pelo que tempo que corre... e eu aqui. Vocês já se sentiram assim??? Ufa, se vocês responderam que sim. Se não... Azar o meu...
Vi-me no que quer desisti; no que quer tentar; no quer fugir; no que não quer ficar; no que não deixa de se conformar... E mais uma vez: como somos iguais. Mas ainda saboreamos o desigual. Qual será a reposta para isso??? ( não começa minha filha, não começa)
Boa noite a todos.
Ana

Plano de Fuga II (A dúvida)

O telefone só dá sinal de ocupado.
Eu tento de novo.
E o telefone continua ocupado.
Terceira... Quarta... Quinta tentativa...
Eu desisto.
Será um sinal??
Um sinal de que eu não devo largar tudo??
Um sinal de que ainda vale a pena tentar ou de que é melhor optar pelo conforto e estabilidade de um bom apartamento, um bom salário e os happy hours de sexta à noite regados a um bom scotch e colegas de trabalho que na verdade só querem te ferrar. Também não posso esquecer das viagens de férias... Grécia, Cancún, Austrália... Viagens inesquecíveis!
Como eu vou largar tudo isso???
Vale a pena??
Vale a pena ir morar na África ou na praia e virar ecologista? Trabalhar em uma Ong. e viver com salário mediano, sem direito a luxos e extravagâncias??
Começo a me sentir petrificado. Deitado em minha cama confortável, cercado de controles-remotos que neste momento parecem controlar a minha vida, o meu corpo.
E eu continuo aqui, no "pause". Em stand by esperando que uma bomba estoure meus tímpanos e me faça acordar.
Sílvio

"Um copo de cólera"

Eu estou aqui em casa, louca p/ estudar, corrigir milhares de provas ou até mesmo dormir!! Mas estou no auge da irritação devido às anfetaminas e uma dieta sofrível...rsrrss... Meu Deus, ainda tenho que aturar cantigas de ninar entoadas e bradadas pela vizinha a sua filha que não pára de chorar. É demais p/ mim!!!!
Preciso me mudar!!!rsrsrs.. Tu te sentes irritado assim?? Gente, há dias em que não consigo nem ouvir as vozes de papai e mamãe (que são minhas maiores vítimas). Eu não os trato mal, mas fico a ponto de explodir!!
Arrgggh..papai a toda hora entra no meu quarto, perguntando se eu quero alguma coisa, se quero comer, quer saber cadê o grampeador, quando eu vou gravar os filmes, mil coisas!! Meu Deus, eu só quero sossêgo!!
Mamãe fica o tempo inteiro observando tudo com seus olhares de lince, ávidos por informações e extremamente críticos. Se eu estou ao telefone, ela ouve a conversa; se estou dormindo, ela vem ver; se alguém passa num concurso, eu tenho que saber... Ao contrário de antes, ela agora se mantém em silêncio, afundando-se em angústia diante de tanta indolência.
Que saco!!!! SHIT! LEAVE ME ALONE!!! (Merda!! Deixem-me em paz!!)
Confesso que estou um poço de "intolerância"...rsrs.."um copo de cólera" (ambos são títulos de filmes).
Aliás, durante esses dias, filmes são umas das únicas coisas que não me irritam.
Nem o barulho da porta do quarto abrindo eu posso ouvir. Tudo é motivo para que eu bufe, dê aquele estalo insuportável de lábios e pragueje a vida...rsrsrrs
Sem grana, sem um bom emprego, sem carro, sem paciência e tolerância (que acho que sempre foram algumas das minhas qualidades)... O que me salva é o meu bom humor efusivo, minha família (sobretudo meus pais, que são maravilhosos) e os meus amigos...
E o pior é saber que a virada do jogo só depende de mim!! E eu me vejo aqui!! Com cara de "Nhô Zé, cadê meu fresco??"rsrsrssrrsrsrsrs
Ás vezes tenho medo de entrar em depressão de novo. Preciso mudar minha vida e só tenho vontade de fugir, dar aulas e dormir muito, muito, muito....
Sabe uma coisa que me apavora e sempre me apavorou?? O TEMPO!!! Eu tenho verdadeira fobia ao tempo. Ele cruel, inexorável e muito, muito rápido. Acho que depois dos vinte não consegui mais acompanhá-lo. Na verdade, acho que depois daí quase ninguém mais consegue. Fico aterrorizada ao pensar que já tenho 25, quase trinta e não fiz quase nada do que planejei. Na realidade, não planejei nada, apenas sonhei. E esse foi um dos meus grandes erros!!
Tu podes estar achando que tudo isso é efeito da anfetamina, mas não! Esses são apenas relatos, desabafos de alguém que escreve para não mandar uma PORRA ao primeiro inocente que aparecer.
Alguém que também surta de vez em quando como qualquer um que pode estar lendo este relato agora.
Como eu sou inconstante e muitas vezes imprevisível, este pode ser o primeiro de muitos desabafos ou pode também ser o derradeiro desse gênero.
Tenho uma necessidade incontrolável de escrever o que penso e o que sinto, espero que tu não te incomodes ou te enfades. Ás vezes as letras podem dizer muito mais que a fala, "ou não" (como diria Caê).
Billie Jean (14/07/06)
P.S: A cronologia é importantíssima!!

PERSEGUIÇÃO IMPLACÁVEL

Hoje fiquei sabendo de algo que me deixou deveras aborrecida, triste, angustiada e decepcionada com os seres humanos.
É revoltante como as pessoas podem tirar conclusões precipitadas a respeito das outras, traçando conjecturas errôneas baseadas apenas em uma frase ou trinta minutos de conversa.
Infelizmente isso é fato, fato consumado e irrefutável. Uma característica inerente ao ser humano, inclusive por parte desta própria pessoa que vos tecla. Quantas vezes eu mesma já cometi esse equívoco desgraçadamente humano??? Quantas vezes não julguei ou “preconceituei”as pessoas impunemente???
O preconceito pode ser impune, mas a imagem que deixamos é implacável. Pode nos seguir ou nos perseguir por décadas. E isso de uma maneira tão esdrúxula que chega a me dar náusea só de pensar. Ai..Como meu estômago é frágil...
E o preconceito a que me refiro não é no sentido comum da palavra, mas no sentido de “pré-conceito”, uma concepção formulada previamente fundamentada em alicerces frívolos ou sem sustentáculo algum. Foram aqueles malditos 30 ou 20 minutos. Ou aquela frase infeliz em um momento infeliz, diante de uma pessoa mais infeliz ainda!!!
Mas a culpa é da sociedade??? Da sociedade que se imerge em tanta hipocrisia e maledicência???
É evidente que não, “meu caro Watson”!! A culpa é de quem se deixa expor demais. É de quem perde as rédeas da língua e dos próprios gestos. Daqueles que deixam que as palavras e os atos acompanhem o fluxo desordenado e inconseqüente de seus pensamentos, sejam eles política e socialmente corretos ou não!
Hipócritas. Ignorantes. Frívolos. Tacanhos. Limitados. Morte a todos eles!!!
Mas o que é isso??!! Pára o mundo que eu quero descer!! – como já diria o saudoso Raulzito. Se houver de fato essa chacina, no mundo não restarão mais seres humanos e até eu estarei em uma possível câmara de gás...
Billie Jean

quarta-feira, julho 26, 2006

Anonimato

Por que as pessoas sentem-se mais confortáveis ao serem anônimas??? Por que as pessoas negam sua própria identidade ao revelarem seus mais íntimos pensamentos, mesmo que estes não sejam criminosos ou prejudiciais a outrem??
Ao iniciar esse post me peguei pensando em um peseudônimo e comecei a me questionar a cerca da razão que justificaria o uso do mesmo.
É muito difícil mostrar-se, revelar-se. Revelações podem ser bombásticas e algumas vezes desapontam. Também não seria nem um pouco agradável ter a sensação de que todos estariam lendo meus textos e traçando suas próprias conjecturas sobre a minha personalidade, meu modo de escrever e minha capacidade intelectual.
Pode até parecer complexo ou problemático demais para uns, mas acredito que para muitos isso não se aplica apenas ao ato de escrever, mas também a coisas simples e cotidianas como o mero ato de soltar os cabelos ou usar determinado tipo de roupas ou de cores. Até mesmo sair de casa pode representar um problema indescritivelmente intenso e avalassador, fazendo você passar horas considerando os prós e contras de tal atitude. Tudo isso faz do nosso dia-a-dia um verdadeiro fardo a ser arrastado.
Esse tal fardo acaba sendo refletido em nós mesmos, que acabamos por nos olharmos no espelho e vermos apenas aquela imagem pesada e insuportável para grande parte do mundo, sobretudo a nós mesmos.
Depois de tantas questiúnculas a serem desenvolvidas, optei pelo anonimato sim e pela liberdade de ser quem quer que seja!! Ou quantos quiser!!! Sem me preocupar com nada e ninguém!!
A vida já nos proporciona dilemas demais... Escrever acaba por ser uma fonte de libertação e puro prazer.
Billie Jean

"É impossível ser feliz sozinho"?

Será? Só, sozinho, é possível ser feliz? Ou será apenas uma felicidade pela metade, à espera de que algo maravilhoso aconteça, algo inusitado que nos tome de rompante e sacuda a vida de pernas para o alto: uma paixão arrebatadora, que faça brotar e transbordar dos olhos para todos verem aquele estado inebriante de sentidos vários ou um amor querido e constante que nasça pequeno e de mansinho no contato diário e sem perceber, sem causar maiores estragos já tomou conta do coração, da cabeça e do corpo e cada pedaço da gente anseia por aquele contato de infinito, mas manso prazer, que pode se satisfazer com uma conversa, um telefonema fim de noite, o mero estar presente enfim?
Nesse caso, não seria nem felicidade pela metade na falta do amor, mas satisfação momentânea, como um fim de tarde tranquilo, sem euforia, como uma alegria que toma conta da gente ao ver um gatinho no sol ou uma criança dormindo, um sentimento gostoso e bom, mas que ainda assim não pode ser considerado felicidade? Não naquele sentido em que fomos ensinados a acreditar que existe e que fomos condicionados a perseguir...
A vida seria, então, uma constante espera por momentos para estar junto de alguém, para ser de alguém e para ter alguém para ser seu, todo o resto giraria em torno dessa expectativa... E vem a pergunta: se ele não acontecer? Deve-se contentar e satisfazer com meia vida, meia felicidade, meio momento? Continuando uma busca incessante por esse desejo? Seria realmente se contentar?
Não, prefiro acreditar que não, porque, caso contrário, tenho vivido só meia vida nesses últimos tempos. Prefiro achar, discordando de Vinícius, que existem outras formas de ser feliz ou então me tornarei um poeta às avessas fingindo que é felicidade a felicidade que deveras sinto...Isso, enquanto o amor não vem....

Maria Maria

terça-feira, julho 25, 2006

Plano de fuga

Tenho tantas coisas a fazer. Mas não podia deixar de registrar minha revolta diante de tanta estupidez e arrogância.
Não suporto mais ter que ceder aos interesses vis de toda essa corja nojenta e inexcrupulosa que me cerca e da qual faço parte covardemente.
Quero defender os animais, virar ecologista, largar tudo e morar na praia ou na África. Acho que prefiro a África, é mais longe daqui geográfica e ideologicamente. Não quero nenhuma semelhança com esse lugar.
Mas porque tanta vontade de fugir, de desaparecer. Porque não tenho coragem de ficar e enfrentar tudo e todos!! Como sou medroso e desprezível!!
uma pessoa como eu, sinceramente é dispensável. É melhor me sentir assim do que nocivo. Céus, até para me dar um adjetivo, eu sou um fraco.
E aquela maldita campanha publicitária ridícula que tenho a ignonimía de confessar que fora idealizada por mim. Meu real desejo era destruir tudo!! Pulverizar os outdoors, deletar todos os comerciais e queimar todas as revistas.
Como o ser humano é capaz de se vender dessa forma. Defender coisas nas quais não acredita e até mesmo desmoralizar e destruir pessoas que nunca sequer o conheceram.
Não sei o que é pior. Enganar pobres consumidores e fazê-los imersos em uma ilusão que de tão real acaba sendo eficaz ou submeter tantos outros a difamações infundadas com o objetivo de tirar-lhes popularidade.
Eu queria mesmo era poder nascer de novo... Começar do zero...
Vou ligar para minha agente de viagens...
Sílvio

Noites e noites

Nessas noites, tudo fica turvo e embaçado não só pela escuridão do céu sem estrelas, mas também pelas lágrimas que insistem a todo instante em encher seus olhos. A imagem, os prédios e as luzes vistas da sacada ficam cada vez mais distorcidas.
As gotas da chuva caem impiedosamente na mesma proporção em que as lágrimas tornam-se incessantes e incontíveis.
As nuvens que cobrem o brilho da lua vão deixando sua alma nublada, cansada de tanta espera.
Assim como a alma, seu corpo também encontra-se exausto de tanto esperar pelo corpo de sua amada para aquecê-lo, trazendo um pouco de sol a esta alma tão fria que dantes sonhava com uma noite eterna em que você seu amor, não fosse levado pela luz do dia.
O dia era a inexorável e cruel confirmação do fim de uma terna e ardente noite de amor. Com o despertar dos primeiros raios de sol, levantava-se a amada que fugia da claridade do dia que a faria visível aos olhos de todos e não apenas aos de sua eterna amante.
Hoje, o nascer de um novo dia é apenas mais um recomeço. O recomeço de mais um dia de longa e interminável espera e a certeza de mais uma noite de solidão.
Dolores Trinidad
Penso que gozar da vida consiste em cuidar para que duas metades estejam satisfeitas, formando, juntas, o indivíduo por inteiro. Minha primeira metade é aquela que todos conhecem, tudo o que sou e às vezes aparento ser. A vida propriamente dita. A outra é aquela que só nós conhecemos, o que sentimos e negamos a quem queira saber. Eu não tenho muito o que dizer sobre a metade conhecida, na verdade nada tenho, pois nela eu sou feliz, e minhas palavras desconhecem a felicidade. Na outra, porém, restou um imenso vazio de lágrimas, algumas dores e saudades, solidão – coisas que aprendi a dominar com o tempo, pois nos tornamos inseparáveis.

Foi muito difícil aceitar que outros lábios tocaram aqueles cujo amor que sinto ainda dedica grande devoção, ainda mais sabendo que foi pessoa tão pobre de intenções. E acho que foram tantas... Se fosse pensar em todas, certamente perderia o juízo de tanto ciúme. Mesmo assim, não passa pelas minhas idéias taxa-lo de qualquer adjetivo vulgar que cabe aos homens sem valor. Pelo contrário, todos têm os períodos de descobertas, de viver outros momentos. Infelizmente não tenho o que fazer, não o possuo mais, não tenho poder sobre o seu coração, não sou mais que uma pessoa que passou pelo seu caminho. A mim resta manter a vista baixa e o grito calado.
Miriam Todda