segunda-feira, abril 21, 2008

A floresta

Na floresta por onde caminho há muitas árvores. No meio, um lago maravilhosamente azul-brilhante. Mergulho e encontro uma orquestra de seres aquáticos. Entregam-me um trombone e com a multidão começo a tocar. Tam-tam-tam-tam – Fom-fom-fom-fom-fom. Em seguida, deixo-os maravilhosamente azul-brilhante. Ando mais um pouco e encontro um peixe fora d’água. Então, colhemos algumas ameixas e sentamos para conversar. Ele reclama de suas escamas e diz sentir falta do brilho que tinham. Conto que em algum lugar perdi alguma coisa da qual não me lembro mais. Ao nos despedirmos, ele me aponta o Norte e eu indico o Sul. Sigo andando por entre árvores que sussurram segredos de cores diversas. A noite chega e eu preciso descansar. Escolho dormir aos pés de uma árvore que conta segredos de cor azul. Adormeço ouvindo-a falar e sonho com um lugar todo formado por “as”. Então, pulo de “a” em “a” e chego a uma grande porta “A”. Dou um salto e entro por seu buraco. Sou recebido por um “a” vestido com um casaco elegante. Ele gentilmente me pergunta se tenho alguma preferência quanto ao tipo de fonte. Respondo que não. Escolho arial e logo me vejo dançando num ambiente bonito e alegre, cheio de “as” de todos os tipos e tamanhos, que dançam levemente ao som da mesma música. Depois de dançar todas as coreografias com cada um, explico que preciso ir, pois devo continuar minha viagem para a “Terra dos sem nome”. Eles nada entendem e, aos gritos, pedem para eu ficar, dizendo-me que já sou um deles e me chamo “a”. Respondo que sim, agora sou como um deles e que, por isso mesmo, não posso ficar. Desta vez eles entendem tudo e deixam-me partir.
Novesfora

quinta-feira, abril 03, 2008

Medo e vergonha, limite de vida

Hoje recebi uma notícia triste e inesperada, uma pessoa que eu conhecia faleceu de repente, não estava doente, nem nada, fazia coisas corriqueiras, quando morreu de um mal súbito. Ela era absolutamente cheia de vida, alegre e exuberante e tinha sede, sede de viver e aproveitar essa vida com tudo que houvesse para aprender e viver, eu não a conhecia bem e nossa convivência foi curtíssima, mas ela transpirava tudo isso com suas histórias e brincadeiras.
Sua rápida partida me faz pensar no não vivido, não pra ela, que, claro, devia ter seus arrependimentos, mas dava pra perceber que ela vivia, com todas as letras da palavra, mas pra mim que raramente penso na efemeridade da vida e deixo de fazer tanta coisa em nome dos meus limites.
Esses limites, posso resumir em dois sentimentos: medo e vergonha: tenho vergonha de querer, tenho vergonha de precisar, tenho medo de dizer que quero e que preciso, tenho medo de pedir, tenho vergonha de chamar, tenho medo de amar, tenho vergonha de amar sozinha, medo e vergonha, medo e vergonha, medo e vergonha de falhar, de tentar, de me expor, de me machucar, isso me limita muito.
Vivo como frágil porcelana e vivo pouco e vivo mal, vivo com ansiedade, pelo sofrimento de fazer alguma coisa, vivo com a tristeza de nada fazer, mas todos esses são limites criados e inventados por mim, só eu os vejo e só me amarram porque eu deixo, eu sei disso...e só eu posso mudar.

Fica a minha homenagem a essa pessoa que VIVIA e exalava vida a quem estivesse próximo, que todos possamos aprender com o seu exemplo.

Mavie.

terça-feira, abril 01, 2008

Pequenas alegrias

Estou descobrindo as pequenas alegrias, aquelas do dia-a-dia, que não precisam que nada bombástico aconteça, você simplesmente sente e elas tornam mais leve o seu semblante, o seu dia, a sua energia, a sua vida enfim.

Para as pequenas alegrias, não precisa muito, basta sentir, uma música que toca e você ama, um dia de chuva, um dia de sol, uma florzinha que nasceu na plantinha que você mesmo plantou, um banho de mar durante a semana, após um duríssimo dia de trabalho, jogar conversa fora com um amigo querido ou preparar uma comidinha gostosa, uma receita nova e outras tantas.

São alegrias pequeninas que enchem a vida de satisfação, dos prazeres diários de que, afinal, a vida é feita, você lembra como é bom estar vivo nesse mundo, com cheiros, sabores e cores e vive, simplesmente.

É importante lembrar que as pequenas alegrias são um exercício diário, porém prazeroso, mas que é bom praticar para não esquecer, pois, pelo menos pra mim, parece mais fácil reclamar da falta de grandes acontecimentos ou mudanças na vida, que vivê-la e fazê-la bela com a parte de que me é possível dispor, e é uma parte grande dela, pois a vida é minha e sou eu quem decide como vivê-la.

Além disso, é bom observar aos interessados nas pequenas alegrias, que elas não te impedem de sentir dor. Ao contrário, elas colocam os curiosos em contato com o que são, pois descobrir pequenos prazeres é, também, descobrir quem se é, o que se ama, e esse processo pode ser doloroso. Mas compensa, garanto. Porém, o preço de sentir é também sentir dor e eu, pelo menos, decidi pagar esse preço.

Bem, resolvi escrever sobre as pequenas alegrias hoje, porque, justamente hoje, eu não consegui vivê-las e me vi, paralizada, esperando grandes acontecimentos, que, obviamente, não acontecem quando a gente quer, preferem momentos distraídos e se é para se distrair, é delicioso que seja com as alegrias do dia-a-dia...

Mas devo me perdoar por este dia, afinal o perdão de si próprio também é uma alegria que somente nós mesmos podemos nos proporcionar! Devo me perdoar por ter vivido esse dia sem as minhas tão queridas alegrias e reconhecer que ainda sou uma aprendiz nessa prática de dia-a-dia de estar feliz por poder fazer algumas coisas que amo...

Muita luz. Morgana.
P.S: É bom voltar.