Não sei se meu primeiro beijo foi aos 12 ou 15 anos. Sim, foram dois beijos diferentes, por isso a dúvida. O primeiro sem nenhuma emoção, o segundo, um beijo realizador. Entendo, assim, que com 12 anos encostei no lábio de outra pessoa, e troquei algumas salivas; não via a hora de terminar aquilo tudo. Foi tenso, cansativo, e nada prazeroso. Pelo menos depois eu disse a todos que beijei, aí estava o prazer, um prazer idiota, típico dos púberes.
Depois do meu primeiro beijo vieram outros, sempre vazios. Tão vazios que eu podia até sentir o germe da boca alheia. Não sei se garotas sabem beijar, digo por experiência própria; e eu, um garoto, até então virgem, sabia muito menos. Assim, sucederam-se vários beijos. Já tinha 15 anos, ano que viria o grande acontecimento, mas de nada eu sabia. Será?
Quieto, inibido, eu não dizia o que sentia ou achava. Sem pensar, sem ter opinião sobre nada, só podendo gostar de beijar garotas e achando bom não sentir nada, que é uma maneira cômoda de viver, mas dificilmente dura. Meu primeiro beijo foi aos 15, com um garoto de 17 anos que conheci numa troca de olhares, em algum lugar perdido por aí na hora certa. Não deu outra: Hoje, sou um garoto que só beija garotos.
Bel Ami
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