Certo, um homem precisa escrever um livro, plantar uma árvore e fazer um filho, como ensina minha querida avó, mas em nenhum momento é dito que preciso fazer tudo isso com e pela mulher que amo. Portanto, hei de cumprir minhas metas ainda no seio da vadiagem que tenho por direito, gozando do vinho, das cantigas e da luxúria que a madrugada de São Luís ainda tem a oferecer (estão transformando a ilha num recinto de bons costumes!), amando todas as noites como se cada uma delas fosse uma linda e carente mulher em busca do príncipe concretizado nos beijos ao relento e nas palavras poéticas de amor.O estado de graça do apaixonado é tão eterno quanto a beleza refletida em seu olhar, seja a beleza do prazer que pode ser tocado pelas mãos ou a essência ainda intacta enxergada pelo seu coração.
Aqui vai um trecho de uma velha música cantada por minha avó. Quem cantava era um corno do seu tempo de infância que calçava sapatos brancos e tocava um pandeiro solitário numa mesa de bar – a esposa do infeliz fugiu com um comerciante que estava de passagem pela cidade:
Não falem dessa mulher perto de mim
Não falem pra não lembrar da minha dor
Já fui moço
Já gozei a mocidaaade
Se me lembro dela
Me faz saudaaaade
Por ela vivo aos trancos e barraaaancos
Respeitem ao menos meus cabelos braaancos!
Ninguém viveu na vida o que eu viviiii
Ninguém sofreu na vida o que eu sofriiii
As lágrimas sentidas
O meu sorriso franco
Refletem hoje em dia
Os meus cabelos braaaancos
E agora em homenagem ao meu fiiiiiim
Não falem dessa mulher perto de mim!
Um viva aos bares, os cornos e mulheres da minha vida!
Adagga
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