terça-feira, outubro 03, 2006

E então resolvo escrever um pouco...

Assisti este domingo, na rede globo de televisão a um filme, que por costume, não gravei o nome. Costume este que se atrela a nomes de pessoas, atores, livros, revistas e qualquer outro título que deva ser gravado.

O filme era sobre a humanidade vivendo em algum ano 2000 e alguma coisa, onde tinham carros, robôs e tudo mais desenvolviderrimos tecnologicamente.
Porém gostaria de chamar atenção para os robôs. Os robôs eram construídos de tal maneira a se assemelharem com humanos e animais. Programados para andar, falar, pegar, sentir.

No filme eles fazem referencia a “inteligência emocional”, que pelo que entendi tem a ver com uma gama de informações, sentimentos e ações gravadas e associadas que eram devidamente aplicadas de acordo com a situação que o robô estivesse vivendo, se é que posso usar esta palavra.

No filme, um dos robôs foi construído a imagem de uma criança por um pai que havia perdido seu filho chamado David. E assim o robô ganha o mesmo nome. No entanto quem compra o robô é uma outra família que, praticamente, o adota. E pelo que mostra o filme, o “menino” vem para preencher o vazio do filho verdadeiro que está internado e inconsciente.

David passa a ter toda a atenção da “mãe” e em varias cenas demonstra carinho e cuidado por ela. Esta por sua vez passa a tratá-lo como se fosse um filho e ele a chamá-la de mãe. Até que o filho verdadeiro volta pra casa e passa a tormenta à vida do pobre robô. Dizendo-lhe inclusive que ele era um robô, o que David até então não sabia.

O verdadeiro filho pede para sua mãe ler a historia do pinoquio e desde então David não tira da cabeça a poderosa fada azul que o transformaria em menino.

Depois de varias trapalhadas fatais entre elas: corta o cabelo da mãe enquanto dormia machucando seu olho e cair na piscina com seu “irmão” e quase matá-lo. Seus “pais” decidem que ele deve ir embora.

Durante o filme este robô passa a dar sinais de que não é um simples robô. E depois de ser abandonado no meio de um daqueles parques americanos persegue seu objetivo de encontrar a tal fada azul.

Enfim, depois do fim do mundo é encontrado por extraterrestres no fundo do oceano. Eles conseguem ver a historia dos humanos através de imagens guardadas dentro do David. Ficam maravilhados e conversam com david que lhes diz que queria ser humano. Os ets dizem que não podem fazer isso, mas dizem a ele que de todos os robôs ele foi o que mais se aproximou da espécie humana. Pois foi capaz de persegui um sonho, o de encontrar a fadinha azul. E a encontrou, mas não passava de uma boneca de parque de diversões.

A pedido de David os etes ressuscitam a sua mãe, por apenas um dia. Até que ao fim do dia a mãe diz que sempre o amou.

Vocês devem se perguntar por que escrevi tudo isso. Bom, é que estava pensando no que poderia ter de bom num filme que termina com extraterrestres. Confesso que até a chegada dos ets, estava achando o filme ótimo. Depois deles só conseguia pensar que o autor não tinha nada melhor pra finalizar sua obra.

Mas em si o filme mostra o desenvolvimento de maquinas que já construímos e estamos construindo para desempenhar atividade. Robôs que servem para cuidar da casa, do jardim, digitar por nós. No filme, tem ate um garoto de programa procuradissimo. Este possuía uma mini-caixa de som nos dedos que ligava com um estalar de pescoço quando a ocasião pedia romantismo.

Essa busca do homem em criar, reconstruir a própria imagem foi uma coisa que me chamou atenção. E o fato de também não conseguirmos isso. A forma como a personagem se envolve emocionalmente com o robô me intrigou. Afinal, como um momento de dor pode nos tirar a esperança e o discernimento e levar-nos a amar coisas que não são pessoas. A nos envolver com algo que amenize nossas angustias.

E como o fim do filme foi capaz de propiciar um happy end para um robô que queria ser gente. Como se isso fosse capaz de acontecer. E vocês podem até pensar: “nossa como Ana é insensível, (ou quadrada ou sei lá o quê)...meu deus ele já era quase uma pessoa”. Quase viu, mas entre esse quase e ser gente tem uma distância grande e bote grande nisso.

Trouxeram até os ets para ajudar o robô. Mas o que achei lindo foi o et falar para david que não poderia transformá-lo em gente pois ainda não tinha conseguido recriar o espírito. Puxa vida, pelo menos não roubaram a gloria de Deus.

E ainda que você pense que é algo contra os ets, conscientemente não admitiria, pois de fato não foi isso que me incomodou. Mas o que me chateou foram esses tais extraterrestres chegarem no fim do filme sem mais nem menos. Ora faça-me o favor, meu povo. Não gostei e pronto.

E pra finalizar, a mais profunda das reflexões foi pensar que hoje vivemos como robôs. Com ações programadas, sentimentos limitados e emoções recalcadas ou descontroladas demais. Perseguindo sonhos não para nos transformarmos cada vez mais em gente, mas sim em pessoas bem sucedidas, bonitas, viajadas e muito inteligentes se isto for necessário. Pois se não for necessário, nos tornamos só bonitos mesmo. E ainda, podemos ser grandes armários cheios de informações e de pouco conhecimento, como se uma coisa anulasse a outra. Somos verdadeiros homens vivendo como maquinas, com soluções prévias para cada momento da vida. Com o momento certo para chorar, “afinal aqui não é lugar”. Ou com o local certo para rir, “afinal não posso perder a compostura, sou fulano de tal”. Ou ainda, com pessoas certas para dizermos: “sim fiquei triste, não esperava ou esperava demais”. Cheios de coisas para fazer, onde um minuto a mais para contemplar o sorriso de uma criança é perda de tempo.

Coitados dos homens perderam o sentido, perderam a essência.

Ana

7 comentários:

Anônimo disse...

Ana, eu assisti a esse filme há muito tempo e gostei muito, paesar dos seres estranhos que aparecem ao seu final. E é exatamente sobre essas criaturas que gostaria de falar. Na realidade, até hoje eu acreditava que não eram extraterrestres, e sim terrestres que com o desenvolvimento da espécie passaram a assumir aquela forma, ou seja, seríamos nós, homo sapiens, em nossa forma mais desenvolvida até aquele momento que se passa em um futuro muito distante. Esles seriam uma seqüencia que se desenrola desde os macacos, passando por todas aquelas denominações que estudamos ao analisar a evolução da espécie humana. Será que eu sou a única a ter essa idéia?? Ou será mesmo que eles seriam ets, que com todo o progresso da tecnologia teríamos àquela época atingido o espaço de tal maneira a ponto de encontrar vida em outros planetas e deixar que elas ocupassem e dominassem nosso território?? O que vcs acham?? De repente, fiquei na dúvida...
Frida

Anônimo disse...

Senhoras, aqueles seres que vocês julgam "ETs" na verdade são robôs evoluídos. Eles desconhecem a existência ou comportamento humano justamente por terem sido construídos por outros robôs. Uma das três leis da robótica estipuladas por Isaac Azimov diz que um robô deve garantir a existência de outro robô, desde que isso não comprometa a vida de um humano, por isso eles deram continuidade à sua própria evolução no decorrer dos anos, tendo em vista que os homens ocasionaram sua auto-destruição. As três leis da robótica estão aí pra garantir a soberania do homem sobre as máquinas, quando isso não acontece o resultado pode ser visto nas sequências de animatrix.


Bom te ver, Ana!


Adagga

..::CONFESSIONÁRIO DAS LETRAS::.. disse...

Noooooossa...
os estraninhos se destacaram mesmo.
Bom vê-los também.
Ana

..::CONFESSIONÁRIO DAS LETRAS::.. disse...
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..::CONFESSIONÁRIO DAS LETRAS::.. disse...

Ana, não assisti ao filme, mas gostei muito das reflexões que você fez. Quase não tive paciência para ler um texto tão grande, mas garanto que valeu a pena.
Um grande beijo
Julianna

..::CONFESSIONÁRIO DAS LETRAS::.. disse...

E acabamos voltando quase juntas!! Coincidência!!
Beijos
Billie Jean

Anônimo disse...

Adagga, muito obrigada pelo fundamentado esclarecimento sobre aquelas estranhas criaturas!
Um beijo

Frida