Sabe aqueles dias em que a gente só quer chegar em casa e encostar a cabeça em um ombro acolhedor e ficar lá quietinha, sem falar nada, só esperando o tempo passar? Dias em que o cansaço físico é tão grande, que a única vontade que se tem é desse silêncio recheado de compreensão e ligação entre as duas pessoas que dele participam, onde nada precisa ser explicado, mas tudo é imediatamente entendido. Quando o esgotamento chega até o espírito e dá vontade de chorar, quando dá tudo errado e precisamos de alguém que seja nosso repositório de energias e nos encha e preencha de forças novamente, para no dia seguinte continuarmos de novo.
Hoje foi um dia desses para mim e pela primeira vez em muito tempo eu senti realmente falta de alguém ao meu lado, não um amigo apenas, mas alguém que estivesse ligado a mim de forma diferente e que esperasse me ouvir ao fim do dia (ou se o dia for muito difícil no decorrer dele), que precisasse igualmente de mim. Alguém para quem falar comigo seria parte essencial de seu dia e eu poderia encostar minha cabeça e permancer calada ou chorar baixinho se desse vontade, sem que fosse necessário explicar a razão, só de cansaço talvez...
Sei que os mais religiosos argumentarão que essa força pode ser dada por Deus e eu sei disso e concordo plenamente, mas Ele também fez o homem e a mulher (ou duas mulheres ou dois homens, dependendo do gosto da pessoa) para andarem juntos e para se compreenderem e amarem e se ajudarem mutuamente nessa caminhada, que por vezes parece tão difícil e sei, sinto que Ele não me recrimina por essa falta imensa que sinto hoje, pois Ele me fez assim incompleta, para não ser sozinha, para buscar no outro a minha completude, saindo de mim mesma e do meu comodismo e do meu egoísmo. E Ele, como me conhece bem, sabe como isso é difícil para mim, como é difícil dar esse passo em direção ao outro, esse outro que eu nem sei quem é, mas que já sinto falta, como uma saudade do não vivido e uma vontade de que ele chegasse antes do dia em que efetivamente chegará, por isso sei que Ele (Deus) me entende e sabe o que eu estou sentindo agora.
Hoje não me sinto auto-suficiente (é, às vezes me iludo assim), sinto hoje brutal e escancaradamente a falta de alguém, o que passei quase dois anos sem sentir e, apesar de doer, apesar de não saber quem é ou será esse alguém, estou feliz, por simplesmente sentir isso de novo, a falta essencial para qualquer busca e anseio do homem, para mim é um grande passo e um grande dia...
Muita luz. Morgana.
4 comentários:
Morgana, você me poupa... Me poupa de digitar e me ajuda a me entender.
Beijos de luz
Cora
P.S.: Obrigada.
Eu que agradeço palavras tão carinhosas!!! Bjos, Morgana.
Adorei o texto Morgana.
Um bj
Ana
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